60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 3. Fitossanidade

OCORRÊNCIA DE PESTALOTIOPSIS SP. CAUSANDO MANCHAS FOLIARES EM MANGOSTÃO (GARCINIA MANGOSTANA L.) NA MESORREGIÃO DO NORDESTE PARAENSE

Fabrício Evangelista Correa1
Paulo Cézar das Mercês Santos1
Iolanda Maria Soares Reis1
Thyago Magnun Amorim Monteiro1
Danielly Borges da Silva1
Diene Elen Miranda da Silva1

1. Universidade Federal Rural da Amazônia-UFRA.


INTRODUÇÃO:
O mangostão (Garcinia mangostana L.) é uma espécie botânica que pertence à família Clusiaceae e entre os inúmeros frutos tropicais, é considerado o principal do continente asiático, devido ao sabor e aroma agradáveis de sua polpa. Por isso, é tido como a mais saborosa fruta do mundo, "o manjar dos deuses", com alto valor no mercado. O mangostanzeiro apresenta folhas simples, verde-escuras, coriáceas, opostas, com ápice acuminado, 15 a 25 cm de comprimento e 6 a 12 cm de largura. As flores são unissexuais e dióicas, mas somente plantas fêmeas são encontradas, com estaminóides. O fruto é uma baga subglobosa, normalmente patenocárpico, com 4 a 7 cm de diâmetro, cálice persistente, estigma lobado, pericarpo purpúreo, duro e grosso, com resina amarela. O mangostanzeiro, assim como outras espécies frutíferas e florestais encontradas na Amazônia ou adaptadas às condições de trópicos estão sujeitas ao ataque de fitopatógenos, em função das condições ambientais favoráveis encontradas na região durante a maior parte do ano. No Brasil, para esta frutífera, observam-se as seguintes doenças, como a murcha do mangostanzeiro, onde foram encontrados diversos fungos associados às raízes: Mycoleptodiscus sp., Lasiodiplodia theobromae, Ganoderma philippi, Fusarium solani, Phytophthora sp., Beltrania sp., Cilindocladium sp., Xylaria sp., Cytospora sp., Rosellinia sp. e a queima-do-fio (Koleroga noxia). O objetivo deste trabalho foi diagnosticar o agente causal de manchas foliares em folhas de mangostão na mesorregião do nordeste paraense.

METODOLOGIA:
Em janeiro de 2008, nos municípios de Castanhal e Capanema (PA), foram encontradas plantas de mangostão apresentando manchas nas folhas. Nestas, os sintomas apresentavam manchas necróticas bastante definidas, de coloração marrom, delimitada por uma distinta margem de cor mais enegrecida. O coalescimento das lesões resultava na formação de grandes lesões negras e necrose foliar, provocando a queda prematura das folhas. O isolamento do fungo deu-se no Laboratório de Fitopatologia da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Belém-PA. Fragmentos de tecido foliar, retirados da região de transição entre a parte necrosada e sadia, foram lavados por 2 minutos em álcool 70% e, posteriormente, desinfestados com hipoclorito de sódio a 2%, durante um minuto. Os fragmentos foram lavados duas vezes em água destilada esterilizada (ADE) e plaqueados em meio de cultura Batata-Dextrose-Ágar (BDA) + estreptomicina. Em seguida, incubados a 25 ± 2 ºC, sob alternância luminosa fornecida por lâmpadas fluorescentes (12h de claro/12h de escuro). Para o procedimento do teste de patogenicidade, folhas sadias foram inoculadas com estruturas do patógeno cultivado por sete dias em meio BDA, com a deposição de disco de micélio de 5 mm na face abaxial e adaxial das folhas, que foram mantidas sob condições de umidade saturada por 48 horas. Após este período, foram deixadas nas condições ambientais de laboratório.

RESULTADOS:
Nos isolamentos realizados a partir dos fragmentos de tecido infectado foram obtidas culturas de uma única espécie fúngica. As colônias caracterizaram-se por apresentar coloração branca, micélio vigoroso, algodonoso e esporulação abundante, em massas negras de conídios. Considerando a morfologia exibida no cultivo, o referido fungo pertence ao gênero Pestalotiopsis. O fungo apresentava micélio imerso, com massa gelatinosa negra, formada pelos conídios do fungo, septado, ramificado, hialino tornando-se castanho claro; acérvulo anfígeno, epidérmico a subepidérmico, punctiforme, tornando-se erumpente, 200-250 µm de diâmetro, parede fina composta de textura angular; conidióforos hialinos, conídios fusiformes, retos a levemente curvados, medindo 20,0-26,5 x 6,0-8,5µm, com células intermediárias coloridas e célula central mais escura com uma a quatro sétulas de 10-20 μm de comprimento. com cinco células, sendo as três medianas marrons e as apicais hialinas sem constrição nos septos; célula apical com três a cinco apêndices filiformes com 8-15 x 1,0 µm; pedicelo basal curto, medindo 5,0 x 1,0 µm. As folhas inoculadas artificialmente com a deposição de disco de micélio apresentaram os primeiros sintomas cinco dias após a inoculação do patógeno. As folhas inoculadas manifestaram sintomas semelhantes àqueles observados nos tecidos infectados naturalmente. O reisolamento do patógeno dos tecidos infectados, resultantes da inoculação artificial e o aparecimento dos sintomas, confirmaram ser Pestalotiopsis sp. o agente causal da doença no mangostanzeiro, confirmando-se, dessa forma, os princípios dos postulados de Koch.

CONCLUSÕES:
O fungo Pestalotiopsis sp. é o agente etiológico das manchas foliares em mangostão. Este trabalho constitui o primeiro relato de Pestalotiopsis sp. na mesorregião do nordeste paraense (municípios de Capanema e Castanhal).



Palavras-chave:  mangostão, Pestalotiopsis sp., mancha foliar

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