60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação

TRAJETÓRIAS IDENTITÁRIAS DE FORMAÇÃO DE ALUNOS DO NÍVEL FUNDAMENTAL DA ESCOLA PÚBLICA, CONSTRUÍDAS A PARTIR DA CATEGORIA TRABALHO

Kércia Rocha Andrade1
Aline Cristina Cardoso Fraga1
Maria Helena Santana Cruz3

1. Bolsista / estudante do curso de Serviço Social - DSS/UFS
3. Profª. Dra. - Departamento de Serviço Social / UFS - Orientadora


INTRODUÇÃO:
A presente pesquisa tem como objetivo conhecer as trajetórias diferenciadas dos alunos que trabalham e integram à Escola Municipal de Ensino Fundamental Gal. Freitas Brandão em Aracaju/SE. O estudo aborda algumas categorias teóricas consideradas fundamentais para a análise do objeto: educação/formação, trabalho entre outras. Na atual conjuntura, a juventude mostra-se fortemente afetada pelas mudanças ocorridas no sistema produtivo, no mercado de trabalho e pela crise das instituições públicas e sociais que tradicionalmente mediatizavam seus mecanismos de integração na vida adulta. Estas restrições do contexto sócio-econômico atual impactam nos projetos de vida e de carreira dos jovens da escola pública. Particularmente para os jovens sergipanos, o trabalho é a chave de uma boa vida ou, pelo menos, de uma vida “normal”. O “problema é que é muito difícil conseguir um emprego, e mais ainda um emprego estável, bem pago e de que gosta...” (CHARLOT, 2006. p. 66).

METODOLOGIA:
Adotando uma perspectiva histórica e a abordagem de gênero como metodologia de interpretação e instrumento de análise da realidade o estudo com características qualitativas, focaliza a valorização diferenciada do trabalho, formação, competências, de discentes mulheres e homens da escola pública. O estudo de caso realizou-se na Escola Municipal do Ensino Fundamental General Freitas Brandão, instituição composta por turnos de aulas noturnos, integrados por jovens e adultos que conciliam a escola e o trabalho. Os resultados obtidos apóiam-se em diversas fontes: bibliografias, dados de institutos de pesquisa (IBGE, IPEA, DIEESE) que informam sobre o mercado de trabalho, o nível de escolaridade de jovens e adultos; documentos fornecidos pela escola (histórico, dados do Censo Escolar) e entrevistas semi-estruturadas. Os contatos informais iniciais permitiram identificar as singularidades de cada trajetória e obter maior aproximação e compreensão do modo de configuração das atividades dos alunos/trabalhadores. O método de análise de conteúdo ofereceu subsídios para a interpretação das dimensões quantitativas (organizados através da tabulação e imagens gráficas) e das dimensões qualitativas obtidas por depoimentos.

RESULTADOS:
Com base em dados do Censo Escolar 2006 da E.M.E.F. General Freitas Brandão nota-se um predomínio do número de turmas e de alunos na modalidade do Ensino Fundamental, dividida nos projetos: PAEJA e Aceleração. A grande demanda pelo ensino noturno evidência que na escola estudada a maioria dos alunos trabalham durante o dia e estudam à noite. O baixo rendimento escolar, a inserção precoce no mercado de trabalho, a distorção idade/série são alguns dos aspectos que demarcam a difícil realidade vivenciada pelos alunos da escola pública, que ainda tem que enfrentar as exigências de “qualificação profissional” postas pela esfera do trabalho. Grande grupo de alunos apresenta idade acima de 15 (quinze) anos, indicando não correspondência entre a idade cronológica e a série cursada, refletindo uma das problemáticas do desenvolvimento educacional brasileiro. No PAEJA é interessante observar que uma parcela expressiva dos alunos tem mais de 30 (trinta) anos. Apesar de haver um público de adultos que estudam e trabalham, a escola não dispõe de projetos específicos para resgatar as múltiplas experiências sociais, de vida e de trabalho que envolvem esses jovens e adultos.

CONCLUSÕES:
Entende-se que a relação educação/trabalho, principalmente na esfera municipal, tem perpassado por diversas dificuldades, como; a falta de projetos que estimulem a educação profissional. Há também a defasagem do ensino fundamental que dificulta o acesso dos jovens ao mercado de trabalho, mas vale destacar que este fato não é condicionante. Mesmo enfrentando muitos desafios e grandes problemas, o mercado de trabalho exige dos jovens um perfil profissional qualificado delineado por competências que contraditoriamente não são desenvolvidas nas escolas públicas. A distorção idade/série também é um fator preocupante para o desenvolvimento da relação educação e inserção no mercado de trabalho. Grande parte dos alunos do ensino fundamental que estudam à noite valoriza-se primeiro, o trabalho para o atendimento das necessidades básicas e só depois o estudo. A partir do levantamento do perfil sócio-econômico dos alunos do turno noturno da Escola Freitas Brandão, foi possível fazer uma análise qualitativa aprofundada dos dados obtidos, abordando-se as diferenças de gênero, não contempladas e subestimadas nos dados estatísticos do Censo Escolar de 2006.

Instituição de fomento: CNPq/PIBIC

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Formação profissional, trabalho, relações de gênero

E-mail para contato: kerciarocha@hotmail.com