60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 17. Planejamento e Avaliação Educacional

AVALIAÇÃO PARA A AÇÃO: NORTE PARA A QUALIDADE DO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO.

Nelma Maria Nascimento de Oliveira1
Rosane Rodrigues da Silva1
Rita de Cássia Batista da Silva1
Maria de Fátima Almeida1

1. Secretaria Executiva de Educação do Cabo de Santo Agostinho


INTRODUÇÃO:
Em defesa da melhoria da qualidade da escola pública e da democratização do ensino, a Secretaria de Educação do Cabo de Santo Agostinho implantou em 2006 o Programa Tempo de Alfabetizar, destinado ao público de 6 e 7 anos que visa garantir o direito ao processo de alfabetização numa perspectiva de letramento, construindo os saberes lingüísticos necessários ao exercício da cidadania. Neste sentido, ações foram implantadas como a seleção e formação permanente dos educadores, dedicação exclusiva e acompanhamento sistemático aos alunos. Para refletir sobre o êxito do programa foi realizada uma avaliação de larga escala que se antepôs a Provinha Brasil, realizada em dezembro de 2007. Avaliação esta, vista como “ato de reconstrução que se constitui em processo formativo para os professores, articulando dialeticamente reflexão e ação; teoria e prática; contexto escolar e contexto social; ensino e aprendizagem; processo e produto; singularidade e multiplicidade; saber e não-saber; dilemas e perspectivas”(ESTEBAN,2001). Os dados da avaliação servem de referencial para articular as políticas de formação continuada e para ampliar reflexões nas escolas, uma vez que avaliar significa “identificar prioridades, situar o professor e o aluno no percurso escolar”, como defende Souza in Bicudo(1999).

METODOLOGIA:
O instrumento avaliativo foi construído pela equipe do Núcleo de Avaliação Educacional do Cabo – NAEC, cujos membros são associados da ABAVE – Associação Brasileira de Avaliação Educacional e participaram da Comissão Executiva do SAEPE (Sistema de Avaliação Educacional de Pernambuco). A construção do teste alicerçou-se nas habilidades e competências elencadas no Marco Referencial do Programa, fundamentadas em autores diversos como Kleiman, Cagliari, Ferreiro, Teberosky entre outros. O foco dos itens elaborados foi a leitura, compreensão e produção textual além de conhecimentos lógico-matemáticos traduzidos em situações contextuais problematizadoras. O teste foi composto de 20 itens integrando diversos gêneros textuais como rótulo, classificados, convite, tirinha, cartaz entre outros além de uma produção textual. Os itens contemplaram múltipla escolha, questões abertas, resposta curta, de complementação, pictórico, de interpretação e de lacuna. A aplicação foi realizada em toda a Rede Municipal por amostragem em turmas de 1ªsérie não incluídas no programa e de forma censitária em todas as outras do 2º ano. No total, foram testados 1552 alunos distribuídos em 81 turmas de 39 escolas. Os testes foram aplicados por supervisores pedagógicos previamente capacitados para este fim.

RESULTADOS:
Foi possível constatar que a maioria dos alunos ampliou a competência leitora. Boa parte das crianças apresentou um bom desempenho, ao descrever, num pequeno texto a seqüência lógica de uma tirinha de Eva Furnari. Revelando, dessa forma, que se apropriaram do sistema de escrita alfabética ao se utilizar das instâncias reais do uso da língua. Em relação à compreensão textual os alunos localizaram informações do texto, identificaram autor, resgataram informações e interpretaram expressões lingüísticas. No entanto, não houve índices satisfatórios quanto à realização de inferência, reconstrução de informações e identificação dos gêneros textuais. Quanto aos conhecimentos lógico-matemáticos as crianças apresentaram autonomia na resolução de questões que exigiam habilidades de análise numérica comparativa, relação entre quantia e moeda corrente, noção de lateralidade e identificação de figura plana. Já as habilidades de inferência e resolução de problema envolvendo estrutura aditiva e medida de tempo obteve resultados fragilizados. Dessa forma, faz-se necessário ampliar reflexões com todos os atores envolvidos no programa, com vistas para o desenvolvimento de ações que desencadeiem práticas exitosas para a efetiva aprendizagem das crianças em relação às competências não apreendidas.

CONCLUSÕES:
Somos colocados frente a novos desafios a partir da análise dos resultados obtidos na avaliação, pois “avalia-se para agir”, como defende Perrenoud (1999). E as propostas de ação se pautam na leitura desses resultados, por isso a Secretaria Executiva de Educação se propõe a ampliar essas ações e atuações em favor do sucesso do programa. Compreende-se que é função primordial da avaliação “estabelecer práticas dialógicas por meio das quais as diversas esferas escolares possam dialogar entre elas e dentro delas, e que essa prática dialógica se torne prática que vá alimentando a reflexão sobre o processo educacional”(ESTEBAN, 2001). Por esta razão, os resultados são socializados nas diversas instâncias educacionais e em especial nas escolas para que se possa redirecionar o Projeto Político Pedagógico com vistas para a melhoria da qualidade do ensino, através da“(...)observação e interpretação dos efeitos do ensino, visando orientar as decisões necessárias ao bom funcionamento da escola” (CARDINET in Barlow, 2006). A proposta de formação continuada é também repensada e formatada considerando a análise dos dados oriundos da avaliação. Nesta perspectiva, a avaliação serve como pano de fundo para nortear as políticas públicas que viabilizem a concretização das metas traçadas no programa.

Instituição de fomento: Prefeitura Municipal do Cabo de Santo Agostinho

Trabalho de Professor do Ensino Básico ou Técnico

Palavras-chave:  Alfabetização, Avaliação, Ação

E-mail para contato: nelma_nascimento@hotmail.com