60ª Reunião Anual da SBPC




H. Artes, Letras e Lingüística - 2. Letras - 4. Línguas Indígenas

COMPARAÇÃO FONOLÓGICA E LEXICAL PRELIMINAR ENTRE O MUNDURUKÚ FALADO NO RIO MADEIRA (AM) E O MUNDURUKÚ FALADO NO RIO TAPAJÓS (PA)

Marina Vieira Marinho2
Dioney Moreira Gomes3

2. Departamento de Lingüística, Português e Línguas Clássicas – LIP/UnB
3. Prof. Dr. - Departamento de Lingüística - UnB - Orientador


INTRODUÇÃO:
Os índios Mundurukú habitantes da região próxima ao Rio Tapajós (PA) contam com vasta bibliografia, em que se encontram estudos lingüísticos descritivos, sendo um deles uma recente e completa obra de descrição morfossintática (Gomes, 2006). A língua da comunidade Mundurukú do Rio Madeira (AM), entretanto, nunca foi documentada. De acordo com informações não oficiais, constatou-se que essa última comunidade vem, paulatinamente, abandonando sua língua materna, em favor do Prtuguês, contando hoje com pouquíssimos falantes de Mundurukú. Caso não se documente, urgentemente, a língua dessa região, corre-se o risco de não se conhecer um possível dialeto ou até mesmo uma língua diferente daquela falada às margens do Tapajós. Por esses motivos, um estudo fonológico e lexical preliminar (comparativo entre as duas comunidades) teve início. Em um futuro próximo, espera-se abranger também os níveis morfológicos e sintáticos. Um outro objetivo é instaurar, se possível, um processo de revitalização lingüística.

METODOLOGIA:
Este trabalho tem, na comparação lexical e fonético-fonológica, seu fundamento. A base para essa comparação será a descrição gramatical do Mundurukú do Tapajós elaborada por Gomes (2007a-e, 2006, 2005, 2003, 2002a, 2002b, 2001, 2000), entre outros trabalhos já publicados sobre essa variedade da língua (Picanço 2005, Nunes 2000, Angotti 1998, Crofts 1985, 1984, 1973, 1971, Gonçalves 1987, Braun & Crofts 1965). Utiliza-se um referencial teórico funcional-tipológico, como Givón (1995, 2001), Comrie (1981), DeLancey (2000), Mithun (1999) e outros. Funcionalistas buscam explicações nas funções e nos processos diacrônicos recorrentes, os quais são em grande parte dirigidos por funções. Este estudo seguirá princípios e métodos básicos de descrição e análise fonética/fonológica presentes em Pike (1947) e Weiss (1980). Outra etapa crucial da metodologia é a coleta de dados (Crowley 2007, Payne 1997), que será feita neste mês de abril, para servir de base para as análises lingüísticas propostas.

RESULTADOS:
Até então, foi realizado um estudo da bibliografia existente sobre a língua Mundurukú e da bibliografia teórica, o qual proporcionou a preparação de uma lista de palavras (para investigação fonológica e lexical) e de um questionário de avaliação sociolingüística, para o trabalho de campo. Até a data da realização do congresso, será possível a conclusão da comparação fonológica e lexical entre o Mundurukú do Madeira e o do Tapajós, a qual depende dos dados a serem coletados no trabalho de campo.

CONCLUSÕES:
Esta pesquisa inicia o processo de descrição da língua Mundurukú da comunidade habitante da região do Rio Madeira (AM), apresentando análise fonológica e lexical comparada à da língua falada no Rio Tapajós, com o intuito de preservar e revitalizar a língua que está, hoje, cedendo seu espaço para o Português. Considera-se necessidade urgente essa prática, visto que, caso uma comunidade perca sua língua materna, ela também perde parte crucial de sua cultura, de sua história e de sua identidade. Ressalta-se que esta pesquisa está em andamento e depende da viagem de campo para ser concluída. Reitera-se que, até a data do evento de apresentação deste trabalho, essa fase estará concluída, de acordo com o cronograma proposto no projeto de iniciação científica do qual faz parte.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Língua Mundurukú do Rio Madeira, Comparação fonológica e lexical, Línguas Indígenas

E-mail para contato: dioney98@unb.br