60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 7. Fisiologia - 5. Fisiologia

ENVOLVIMENTO DO DOMÍNIO LECTÍNICO NO EFEITO ANTINOCICEPTIVO DA LECTINA DE CANAVALIA BRASILIENSIS MART NO TESTE DAS CONTORÇÕES ABDOMINAIS

PALOMA LEÃO SOUSA1
ALANA DE FREITAS PIRES1
ÉRIKA AUGUSTA BATISTA LOPES1
ANDRELINA NORONHA COELHO-DE-SOUZA2
ANA MARIA SAMPAIO ASSREUY1
CLÁUDIA FERREIRA SANTOS2

1. Laboratório de Fisio-Farmacologia da Inflamação - ISCB - UECE
2. Laboratório de Fisiologia Experimental - ISCB - UECE


INTRODUÇÃO:
Lectinas são proteínas que apresentam pelo menos um sítio de ligação não catalítico, domínio lectínico, pelo qual se ligam de forma reversível e específica a mono ou oligossacarídeos. A comprovação da participação do domínio lectínico nos diferentes processos de reconhecimento celular é possível pela adição de seu açúcar/glicoconjugado específico. Baseado na ação antinociceptiva da lectina de sementes de Canavalia brasiliensis (ConBr) por via oral no teste da formalina, avaliou-se a esta atividade no teste das contorções abdominais induzidas por ácido acético, bem como a participação do domínio lectínico.

METODOLOGIA:
O isolamento e purificação da ConBr foi feito por cromatografia de afinidade em coluna de Sephadex- G50. A avaliação da atividade antinociceptiva foi realizada em camundongos Swiss albinos machos (25 e 35g), manipulados de acordo com os princípios estabelecidos pelo Comitê de Ética da UECE. O teste das contorções abdominais induzidas por ácido acético consiste na administração intraperitoneal (i.p.) de ácido acético 0,6% (v/v; 0,1ml/10g peso corporal). O comportamento nociceptivo do animal é caracterizado pelo número de contorções abdominais observadas, 10 minutos após a injeção de ácido acético, por um período de 20 minutos. Para avaliar o efeito da lectina neste teste, os camundongos foram tratados com a ConBr, nas doses de 10, 30, 100 e 300 mg/Kg por via oral (v.o.), 60 minutos antes da injeção de ácido acético. O envolvimento do domínio lectínico na atividade antinociceptiva da lectina foi investigado pelo tratamento dos animais com a ConBr (100 mg/Kg; v.o.) isoladamente ou em associação a seu açúcar ligante, α-metil-manosídeo (0,1M), 60 minutos antes da injeção do ácido acético. Para permitir a ocupação do sítio lectínico, a ConBr foi pré-incubada com o α-metil-manosídeo a 37°C por 30min antes da administração. O grupo controle recebeu apenas ácido acético (i.p.). Os resultados foram expressos como média ± E.P.M. (n: 7-10) e analisados pela Análise de Variância ANOVA. Foram considerados significativos valores de p<0,05.

RESULTADOS:
A lectina, administrada nas doses de 30, 100 e 300 mg/Kg inibiu a nocicepção em 56,7%, 70,3% e 55%, respectivamente. O número de contorções abdominais induzidas pelo ácido acético foi reduzido de 72,37 ± 2,12 (controle) para 31,33 ± 4,31 (30 mg/Kg), 21,53 ± 3,08 (100 mg/Kg) e 32,6 ± 1,6 (300 mg/Kg). O efeito observado com a dose de 10mg/Kg não se mostrou significativamente diferente do controle. O efeito antinociceptivo da lectina na dose de 100 mg/Kg (37,85 ± 0,96) foi revertido pela associação da ConBr com seu açúcar ligante (59,66 ± 1,05).

CONCLUSÕES:
A lectina de sementes de Canavalia brasiliensis apresenta efeito antinociceptivo por via oral no teste das contorções abdominais induzidas pelo ácido acético. Este efeito é dependente da ligação da lectina a carboidratos.

Instituição de fomento: CAPES

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  lectina, Canavalia brasiliensis, nocicepção

E-mail para contato: palomasousa@gmail.com