60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 1. Anatomia Patológica e Patologia Clínica

FIBROSE MIOCÁRDICA EM HOMENS IDOSOS COM CARDIOPATIA CHAGÁSICA CRÔNICA

Larissa Olveira de Queiroz1
Liliana Borges de Menezes1
Ruy de Souza Lino Junior1
Vicente de Paula Antunes Teixeira2
Marlene Antônia dos Reis2
Flávia Aparecida de Oliveira1

1. Setor de Patologia Geral do IPTSP/UFG, Goiânia/GO
2. Patologia Geral da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Uberaba/MG


INTRODUÇÃO:
Atualmente, o maior número de pessoas infectadas por Trypanosoma cruzi no Brasil é referente a indivíduos idosos. A população, que adquiriu a doença quando ainda jovem está no momento em processo de envelhecimento, o que tem contribuído para o aumento da prevalência da doença de Chagas nas pessoas idosas (Lima e Costa et al, 2001). A cardiopatia crônica é a mais devastadora das manifestações da doença de Chagas e afeta cerca de um terço das pessoas infectadas (Higuchi et al., 2003). A fibrose altera a estrutura e função do miocárdio sendo o principal fator responsável por danos na função contrátil (Rossi, 1991; Rossi 1998). A fibrose pode, ainda, ser um dos fatores mais importantes na patogênse da doença de Chagas (Caliari et al., 2002). Dessa forma, baseado no aumento progressivo do número de indivíduos portadores de doença de Chagas que estão envelhecendo, na importância da cardiopatia chagásica como forma evolutiva que gera agravos à saúde dessas pessoas, e ainda, ao fato de haver poucos estudos morfológicos da cardiopatia chagásica crônica no idoso descritos na literatura, o objetivo do presente estudo foi correlacionar as alterações celulares e a inflamação com a fibrose miocárdica da cardiopatia chagásica crônica de homens idosos.

METODOLOGIA:
Foram selecionados idosos do gênero masculino com idade maior ou igual 60 anos. Para a análise foram formados dois grupos, um de idosos considerados sem cardiopatias (idosos SC), 7 casos, e o outro de idosos portadores de cardiopatia chagásica crônica (idosos CC), 16 casos. As densidades de miocardiócitos com lipofucsina, de núcleos de miocardiócitos e de infiltrado inflamatório mononuclear foram analisadas nas lâminas coradas por HE. As imagens foram digitalizadas, utilizando objetiva de 40x e a quantificação dessas densidades foi realizada com o programa "Axion Vision 3.1 - Carl Zeiss". Para a quantificação da densidade de mastócitos a lâmina foi corada por vermelho congo e azul de toluidina acidificado e utilizou-se objetiva de 40x. A quantificação da fibrose miocárdica foi realizada na lâmina corada pelo picrosírius examinada sob luz polarizada, com objetiva de 10x e o programa "KS 300 - Carl Zeiss". A fibrose foi quantificada nas áreas intersticial, peri-vascular e total. A análise estatística foi realizada por meio do programa SigmaStat 2.03. Aplicou-se os seguintes testes: Kolmogorov-Smirnov, Mann Whitney (T), Spearman (rS). Os resultados foram considerados estatisticamente significativos quando p<0,05.

RESULTADOS:
As porcentagens de colágeno intersticial (2,1 vs. 0,14%) e perivascular (8,07 vs. 1,74%) foram significativamente maiores no grupo de idosos CC quando comparado ao grupo de idosos SC (p<0,05). Nos idosos CC foi observada correlação positiva e significativa entre a fibrose intersticial e o peso cardíaco (rS= 0,104 p<0,05), a densidade de infiltrado mononuclear (rS= 0,267 p<0,05) e a densidade de mastócitos (rS= 0,142 p<0,05). Nesse mesmo grupo foi observada correlação negativa e significativa entre a fibrose intersticial e a idade (rS= -0,301 p<0,05), a densidade de núcleos de miocardiócitos (rS= -0,141 p<0,05) e a densidade de miocardiócitos com lipofucsina (rS= -0,258 p<0,05). Nos idosos estudados foi observado associação da ocorrência de fibrose com a densidade de mastócitos e o infiltrado inflamatório, como já descrito na literatura em indivíduos não-idosos. Estas células participam da estimulação da síntese de colágeno por meio da liberação de citocinas fibrogênicas. Além disso, a fibrose e o infiltrado inflamatório podem contribuir para o aumento do peso cardíaco, assim como descrito em indivíduos não-idosos.

CONCLUSÕES:
O aumento do colágeno miocárdico da região intersticial verificado nos idosos CC foi influenciado pela densidade de infiltrado inflamatório, pela densidade de mastócitos e pela idade. Além disso, contribuiu com o aumento do peso cardíaco e a diminuição densidade de núcleos de miocardiócitos.

Instituição de fomento: CNPq, CAPES, FAPEMIG, FUNEPU, FUNAPE, IPTSP/UFG.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Cardiopatia Chagásica, Fibrose Miocárdica, Idoso

E-mail para contato: larissaqueiros@hotmail.com