60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 6. Farmácia

ESTUDO DA UTILIZAÇÃO DE PSICOFÁRMACOS EM UMA COMUNIDADE ACADÊMICA

Fernanda Granja da Silva Oliveira1
Lázaro Robson de Araújo Brito Pereira1
Maria Glauciene Félix de Oliveira1
Jahamunna Abrantes Andrade Barbosa1
Ana Cláudia Dantas de Medeiros3
Mônica Oliveira da Silva Simões2

1. Departamento de Farmácia/UEPB
2. Prof. Dr. / Orientador - UEPB
3. Prof. Dr. - Departamento de Farmácia/UEPB


INTRODUÇÃO:
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, os estudos de utilização de medicamentos atendem importantes fins, dependendo da metodologia empregada. O surgimento da psicofarmacoterapia nos anos 50 do século passado representou verdadeira revolução na assistência àqueles que padecem de transtornos mentais. A utilização de psicofármacos tem crescido nas últimas décadas em vários países ocidentais e, até mesmo, em alguns países orientais. Esse crescimento tem sido atribuído ao aumento da freqüência de diagnósticos de transtornos psiquiátricos na população, à introdução de novos medicamentos no mercado farmacêutico e às novas indicações terapêuticas já existentes. O elevado consumo desta classe terapêutica é relevante, considerando-se os graves efeitos colaterais que ela pode ocasionar, assim como o seu vínculo com importantes problemas sociais. São medicamentos necessários e seguros, mas podem causar dependência física e/ou psíquica, que favorece o desenvolvimento da procura compulsiva do fármaco. Diante deste contexto, a pesquisa teve como objetivo conhecer a utilização de psicofármacos em uma comunidade acadêmica, localizada no município de Campina Grande – PB.

METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), no Campus I, no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), localizado no município de Campina Grande – PB, no período de Outubro de 2007 a Janeiro de 2008, através de um estudo transversal, com abordagem quantitativa, através de pesquisas descritiva, participativa e exploratória, o qual focalizou o uso de psicofármacos pela comunidade acadêmica submetidos a tratamento farmacológico. A amostra pesquisada foi constituída por professores, funcionários e alunos, da comunidade acadêmica do CCBS, que foram entrevistados, focalizando o consumo de psicofármacos. Foi utilizado como instrumento de coleta de dados, um questionário padrão, elaborado especificamente para a realização do estudo, com perguntas simples e objetivas. Os dados foram analisados utilizando os programas estatísticos EPI INFO, versão 3.3 e Microsoft Excel 2003. Os dados coletados foram inseridos em tabelas e figuras, de modo a facilitarem a visualização dos resultados. O projeto foi encaminhado ao comitê de ética da UEPB, e foi aprovado, seguindo a Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, sob o protocolo numero 0222.0.133.000-07. Todos assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, no ato da pesquisa.

RESULTADOS:
Durante o período de estudo foram entrevistados 105 indivíduos, entre estudantes, professores e funcionários. Observou-se a predominância do gênero masculino e a média de idade foi de 25,71 anos. Houve a predominância de estudantes, a maior parte declarou procedência da cidade de Campina Grande e a maioria dos entrevistados declarou possuir renda mensal de até um salário mínimo. Em relação à utilização de psicofármacos, 10 (9,52%) dos entrevistados declararam o seu uso. Dentre os usuários desta classe de medicamentos, a faixa etária com maior percentual situou - se entre 17 a 30 anos. Houve maior incidência de estudantes e nenhum funcionário declarou a utilização da classe de medicamentos em estudo. A maior parte dos entrevistados era do no curso de Farmácia. Observou-se que, dentre as patologias declaradas, a ansiedade obteve maior percentual, seguido pela depressão. Em relação aos psicofármacos utilizados, o cloxazolam obteve maior percentual e metade dos usuários desta classe de medicamentos apresentou queixas durante o tratamento, das quais sonolência e enjôo obtiveram maior percentual. Dos medicamentos concomitantemente utilizados, omeprazol e antibióticos obtiveram maior percentual. Nenhuma possível interação medicamentosa foi encontrada.

CONCLUSÕES:
Os resultados desta pesquisa mostram que a porcentagem dos entrevistados que declararam o uso de psicofármacos está de acordo com a literatura consultada, pois foi semelhante ao encontrado em outros estudos. Tendo em vista que a população estudada encontra-se em um centro universitário da área de saúde, e que a maioria dos estudantes pertencia ao curso de Farmácia, é de grande importância o estímulo ao conhecimento acerca da temática de psicofármacos, pois no futuro, eles serão responsáveis por transmitir à população seus conhecimentos sobre medicamentos e saúde. A ansiedade obteve percentual prevalente entre as demais patologias, sendo apontada em outros estudos como o motivo mais referido para o uso freqüente de drogas lícitas ou ilícitas. O alto percentual de benzodiazepínicos dentre os usuários de psicofármacos pode ser relacionado com a patologia mais encontrada, a ansiedade, porém a prescrição excessiva de benzodiazepínicos, associado ao risco de dependência e seus efeitos colaterais, torna-se uma preocupação em saúde pública. Desta forma, os dados desta pesquisa evidenciam a necessidade de estudos mais aprofundados que obtenham mais informações sobre eficácia e segurança desta classe de medicamentos, visando o seu uso racional.

Instituição de fomento: PIBIC/CNPQ

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Medicamentos, Psicofármacos, Estudos de Utilização

E-mail para contato: fernanda_uepb@yahoo.com.br