60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia

ENTEROBACTÉRIAS: ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO EM ALFACES (LACTUCA SATIVA L.) HIDROPONICAS COMERCIALIZADOS EM SUPERMERCADOS DE SÃO LUÍS/MA.

Josilene Lima Serra1
Adenilde Ribeiro Nascimento1
André Gustavo Lima de Almeida Martins2
João Elias Mouchrek Filho1
Francisca das Chagas Costa Oliveira1
Max Mauro Garreto Rodrigues Ribeiro1

1. Universidade Federal do Maranhão
2. Universidade Federal da Paraíba


INTRODUÇÃO:
Enterobactérias são grupos de bactérias originárias do trato gastrintestinal de animais e humano, das quais muitas são patogênicas. A microbiota de vegetais é basicamente constituída por patógenos pertencentes a esta família, tendo como principais fontes o solo, água, ar, insetos e animais (MURRAY et al, 1999). As folhosas, especialmente as alfaces, são geralmente consumidas cruas, sem nenhum procedimento que reduza ou elimine microrganismos patogênicos. No sistema de hidropônia, o solo é substituído por uma solução aquosa contendo apenas os elementos minerais indispensáveis aos vegetais. Esse sistema oferece muitas vantagens, como, menor risco de contaminação. No entanto, há uma tendência de ocorrer contaminação, devido ao manuseio, condição de transporte, armazenamento e distribuição inadequados do produto (MOGHARBEL, 2007). A alface é um produto que está entre as dez hortaliças mais apreciadas para consumo in natura no Brasil. No entanto, a ingestão de hortaliças cruas contaminadas têm sido frequentemente associada a surtos de infecções alimentares (NASCIMENTO et al, 2007; MOGHARBEL, 2007). Esse fato é preocupante para a saúde pública, pois a presença de bactérias patogênicas entéricas nesse alimento pode causar gastrenterits dentre outras doenças.

METODOLOGIA:
Cinqüenta amostras de alface hidropônica “in natura” foram analisadas durante os meses de janeiro e fevereiro de 2008. A metodologia empregada foi a preconizada pelo Compendium of Methods for the Microbiological Examination of Foods (APHA, 2001). Após as coletas, as amostras foram encaminhadas ao laboratório de Microbiologia de Alimentos do Programa de Controle de Qualidade de Alimentos da Universidade Federal do Maranhão (PCQA/UFMA), as quais previamente foram lavadas com água potável. Inicialmente realizou-se um pré-enriquecimento em Caldo Infusão Cérebro e Coração (BHI) (37ºC/3h), adicionando-se ao inóculo o Caldo E.C., com incubação a 37ºC/24h. Para o plaqueamento seletivo, utilizaram-se os meios sólidos Ágar Eosina Azul de Metileno e Ágar MacConKey Sorbitol, nos quais foram inoculadas as subculturas positivas no caldo EC com auxílio da alça de platina com incubação a 37°C por 24 horas. Após esse período, as colônias características foram isoladas e transferidas para o Ágar Tripticase de Soja e identificadas bioquimicamente pelo método rápido do sistema API-20E e provas bioquímicas convencionais (BIOMÉRIUX, 1997).

RESULTADOS:
Os resultados revelaram a identificação de 212 cepas de bactérias pertencentes à família Enterobacteriaceae, dentre as quais estão as seguintes espécies: 56 (26,41%) Escherichia coli, 15 (7,07%) Enterobacter gergoviae, 6 (2,83%) Enterobacter cloacae, 65 (30,67%) Enterobacter aerogenes, 9 (4,24%) Enterobacter asburiae, 12 (5,66%) Citrobacter freundii, 4 (1,90%) Citrobacter diversus, 6 (2,83%) Citrobacter amalonaticus, 29 (13,68%) Klebsiella oxytoca, 7 (3,30%) Klebsiella pneumoniae e 3 (1,41%) Kluyvera cryocrescens. A alta incidência dessas bactérias pode estar associada à contaminação da água utilizada na produção da hortaliça, manipulação, transporte e armazenamento nos pontos de venda. A presença de bactérias entéricas patogênicas para humanos nas amostras torna-as impróprias para o consumo, uma vez que são geralmente consumidas in natura, abrindo precedentes para prováveis surtos de toxinfecções alimentares, particularmente, em indivíduos de faixas etárias extremas e imunodeprimidos (GUARINO et al, 2006).

CONCLUSÕES:
Considerando os resultados obtidos, torna-se necessária à implantação e intensificação de medidas preventivas da contaminação das hortaliças durante o sistema de cultivo, tais como: controle microbiológico da água de abastecimento do sistema de hidropônia, nutrientes, manipulação, transporte e armazenamento da alface, além da orientação quanto aos riscos do consumo desse alimento in natura.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Alface, enterobactérias, toxinfecções

E-mail para contato: ls_josy@yahoo.com.br