60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 7. Planejamento Urbano e Regional - 4. Fontes de Dados Demográficos

A ECONOMIA POPULAR SOLIDÁRIA: A EXPERIÊNCIA DO CONJUNTO PALMEIRA – FORTALEZA/CE

Anna Katarine Ferreira Lima1
Leila Maria Passos de Sousa Bezerra1, 2

1. Curso de Serviço Social - Centro de Estudos Sociais Aplicados - UECE
2. Profa. Mestre/Orientadora


INTRODUÇÃO:
A proposta da Economia Popular Solidária apresenta-se como uma nova forma de organizar a produção, distribuição e o consumo de bens socialmente produzidos, o que significa redesenhar e exercitar, na prática das experiências alternativas, um projeto de sociedade que rompa com a lógica da competição monopolizadora excludente (Bertucci, 2002). Seus princípios fundamentais são a autogestão, confiança, cooperação, democracia, auto sustentação, desenvolvimento humano, responsabilidade social e controle social, caracterizando um desenvolvimento solidário. Diante do exposto, esta pesquisa tem a intenção de mostrar a experiência na construção e a trajetória da Economia Solidária no bairro Conjunto Palmeira, em Fortaleza/CE, com a criação do Banco Palmas, que é uma experiência de finanças solidárias que fomenta a geração de trabalho e renda, através da utilização de diversos instrumentos de viabilização de microcrédito aos produtores e consumidores, criado e gerenciado pela Associação dos Moradores do Conjunto Palmeira (ASMOCONP). Para tanto, a relevância da presente pesquisa incide em uma maior compreensão dos impactos da implantação de uma experiência de banco comunitário para o desenvolvimento local.

METODOLOGIA:
A pesquisa é de caráter qualitativo e ocorreu da seguinte forma: seleção e exploração de bibliografia que trata diretamente da temática em questão; observação participante realizado no Banco Palmas durante três meses; aplicação de entrevistas semi-estruturadas com os líderes comunitários, funcionários do Banco Palmas e com os prosumidores (produtores-consumidores) do bairro e vistas in loco aos comércios que trabalham com a moeda social Palmas, o que nos permitiu um contato mais direto com a realidade vivida pelos moradores do Conjunto Palmeira. Por fim, também de grande relevância para a obtenção de dados importantes para a pesquisa foi a participação das reuniões da Rede de Bancos Comunitários.

RESULTADOS:
A Economia Solidária vem sendo desenvolvida pelo Banco Palmas há dez anos e nesse desenrolar podemos ver a construção de uma nova sociabilidade pautada nos seus valores. Essa experiência vem propiciando resultados tangíveis que merecem atenção. Em primeiro lugar, tem garantido a sobrevivência imediata e a subsistência de moradores, possibilitando o aprendizado de algum ofício, o domínio de técnicas simples e, portanto, algum crescimento profissional. Segundo, o desenvolvimento solidário a que nos referimos resgata ainda valores e práticas deixadas no esquecimento, dando um novo sentido e amplitude ao propiciar uma reconstrução pessoal aos trabalhadores. Estar incluído em algum projeto tem sido o primeiro passo para a recuperação da autoconfiança, da dignidade e da autonomia. Terceiro, os valores em questão – participação/autogestão, solidariedade/cooperação – são evidenciados no discurso e prática dos atores sociais da localidade. No entanto, há uma limitação de base cultural que a subjetividade impõe ao desenvolvimento de uma atitude cidadã de parte das pessoas envolvidas nessa experiência de economia solidária e a consciência em relação aos direitos civis e o envolvimento ativo na Associação dos Moradores são precários, quando nos referimos à maioria da população.

CONCLUSÕES:
A Economia Solidária ainda é um processo em construção, que já avançou muito no aspecto político, da educação, da formação, da organização, da produção e comercialização, mas há ainda muitas descobertas a serem feitas e longos caminhos a serem percorridos. Nesse caminho, há uma busca constante de resgate de valores e da cidadania, com a tentativa de garantir a participação democrática em todos os espaços, como base da sociedade e da justiça, com princípios associativos e autogestionários. Dessa forma, a experiência de construção da Economia Solidária, no bairro Conjunto Palmeira, em Fortaleza/CE faz dessa afirmativa uma realidade, pois ao trabalhar com desenvolvimento endógeno, promove a partir dos recursos, das potencialidades e dos agentes locais, o fortalecimento da economia e da sociedade local, agregando assim, a inclusão social.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Economia Solidária, Banco Comunitário, Desenvolvimento

E-mail para contato: kainhauece@yahoo.com.br