60ª Reunião Anual da SBPC




A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física

ESTIMATIVA DA PERDA DE SOLO POR EROSÃO LAMINAR NA BACIA DO ALTO RIO PARAGUAI- BHARP/MT- BRASIL

Sandra Mara Alves da Silva Neves1
Ronaldo José Neves1
Rosalia Casarin1
Leonardo Franklin Fornelos2
Eliezer Rangel Soares3
Jakeline dos Santos Cochev4

1. Departamento de Geografia - Campus de Cáceres/MT - UNEMAT
2. Curso de Engenharia Civil - Escola Politécnica - UFRJ
3. Curso de Agronomia - Campus de Cáceres/MT - UNEMAT
4. Curso de Geografia - Campus de Cáceres/MT - UNEMAT


INTRODUÇÃO:
A avaliação da distribuição espacial da perda de solo por erosão laminar pode ser realizada através da operacionalização da Universal Soil Loss Equation – USLE em ambiente SIG. Segundo Larson et. al. (1991) o plano básico da USLE “é prever a médio e longo prazo a erosão do solo, com base em séries de longos períodos de coleta de dados, e a partir daí promover o planejamento de práticas conservacionistas para reduzir as perdas de solos a níveis aceitáveis”. A bacia hidrográfica do Alto Rio Paraguai – BHARP situa-se no Mato Grosso, entre as coordenadas 14º 08’ e 17º 30’ S e 56º 12’ e 59 14’ W, com área de 79.847,99 km2, abrangendo partes da Província Serrana, da Depressão do rio Paraguai e dos Pantanais de Cáceres e Poconé. Na avaliação do Programa de Ações estratégicas para o Gerenciamento do Pantanal e Bacia do Alto Paraguai (2004) foi identificado que um dos riscos que o Pantanal corre é decorrente do processo de sedimentação, considerado muito crítico em alguns pontos da BAP, proveniente do uso do solo nas áreas de planalto. Em face da contextualização apresentada, esta pesquisa objetivou estimar a perda de solo da BHARP avaliando os efeitos da erosão laminar sobre os cursos fluviais.

METODOLOGIA:
Para a estimativa perda de solo foi utilizada a USLE, composta pelos parâmetros: A= R.K.LS.CP, onde: A= Perda de solo em unidade de massa por unidade de área e unidade de tempo, mensurada em t ha-1 ano-1; R = Fator relativo à erosividade das chuvas em Mj mm ha-1 h-1 ano-1; K = Fator de erodibilidade do solo, t h Mj-1 mm-1; LS = Fator topográfico da USLE, adimensional; C = Fator de uso/manejo do solo, adimensional; P = Fator de práticas conservacionistas de solo, adimensional. Para operacionalização dos fatores foram utilizadas técnicas de Geoprocessamento no Arcgis. A fórmula EI=6,866*(p2/P)0,86 foi utilizada para cálculo da erosividade média mensal das chuvas. Para a avaliação da erodibilidade dos solos partiu-se do levantamento de solos da SEPLAN/MT, onde foi associado para cada tipo de solo o valor de K. Relativo ao fator LS foi utilizado o Modelo Digital de Elevação gerado a partir das cenas do SRTM. Os valores para o fator P foi igual a 0.5 para as áreas agrícolas e de 1 para as demais áreas da BHARP. O mapa do fator C foi obtido a partir do mapeamento de uso e cobertura da Terra do Estado junto a SEPLAN. Os fatores foram processados separadamente e depois integrados, gerando o mapa de perda de solos da BHARP, que foi dividida para quantificação em sub-bacias e municípios.

RESULTADOS:
A estimativa de perda de solo ocorreu via investigação dos fatores relacionados à chuva, tipos de solos, comprimento e declividade de rampa, uso e manejo de solo e cobertura vegetal. Verificou-se que a erosividade média anual na BHARP no período de 1994 a 2003 foi de 4.891,15, com diminuição da erosividade no sentido Norte-Sul, decorrente da geomorfologia da área, Província Serrana (formas de denudação) - Pantanal (formas de acumulação). A maior erodibilidade incidiu nos solos Podzólicos Vermelhos (30,32%), Plintossolo (15,80%), Areias Quartzosas (13,73%), Solos Litólicos (8,46%) e Latossolo Vermelho-Amarelo (8,09%). Os solos Podzólicos Vermelhos, com maior índice de erodibilidade, ocorrem em toda a bacia, e na sub-bacia Santa Rita/Paraguai ocupam 65,77%. Com referência aos municípios, em Indiavaí e Figueirópolis D’Oeste estes solos ocupam respectivamente 86,06% e 94,63% de área territorial. As rampas de maior extensão estão expostas na sub-bacia do Cabaçal e de maior declividade na sub-bacia do Paraguai/Jauquara. Os municípios de Glória D’Oeste e Figueirópolis D’Oeste apresentaram, respectivamente, os maiores índices de uso agropecuário: 73,36% e 65,20%; e das sub-bacias foi a Paraguai/Jauquara com 30,36%, que apresentou a maior perda média de solo, 124,77 t.ha-1ano-1.

CONCLUSÕES:
Os valores obtidos na BHARP a partir da execução da USLE, realizada por técnicas de geoprocessamento, não devem ser considerados como absolutos, haja vista a necessidade de melhoria na determinação de parâmetros da equação, associados à realização de trabalhos de campo para calibração do modelo. Mas, a contribuição da realização da espacialização da perda de solo, no contexto da pesquisa, foi de mostrar os locais com alto índices relativos a perda, permitindo identificar áreas que necessitam de monitoramento inerentes ao controle dos processos erosivos, que implicam na qualidade das águas, e medidas referentes à adoção de práticas conservacionistas, que contribuem para atenuar a perda de solo. O estudo mostrou diferentes níveis de perda de solo na BHARP, com destaque para a porção nordeste da área, onde se encontra a Província Serrana. Essa área apresentou alto potencial de erosão laminar, decorrente do relevo movimentado e da realização de atividades agrícolas e extrativas do solo. Ao se propor a utilização do SRTM na operacionalização de um dos fatores da USLE, é devido somente 69,9% do território brasileiro ser recoberto por mapeamentos sistemáticos (cartas topográficas) na escala de 1:100.000, escala esta máxima compatível com os produtos obtidos a partir do SRTM.

Instituição de fomento: Fundação de Apoio à Pesquisa de Mato Grosso – FAPEMAT; Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq



Palavras-chave:  Universal Soil Loss Equation – USLE, Geotecnologias, Bacia Alto Paraguai/MT

E-mail para contato: ssneves@terra.com.br