60ª Reunião Anual da SBPC




A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física

GEOTECNOLOGIAS APLICADAS À CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO-BIÓTICO DO PANTANAL DE CÁCERES-MT PARA FINS TURÍSTICOS

Sandra Mara Alves da Silva Neve1
Ronaldo José Neves1
Carla Bernadete Madureira Cruz2
Leonardo Franklin Fornelos3

1. Departamento de Geografia - Campus de Cáceres/MT - UNEMAT
2. Departamento de Geografia - Instituto de Geociências - UFRJ
3. Curso de Engenharia Civil - Escola Politécnica - UFRJ


INTRODUÇÃO:
Atualmente o turismo vem se destacando no contexto econômico regional, através da divulgação dos atributos naturais, passando a impressão de que essa atividade no Pantanal Matogrossense, especificamente na região de Cáceres, é desenvolvida sob bases ecológicas, respeitando o meio ambiente. Esse fato é preocupante, pois a realidade mostra que as visitas, passeios ou participação em eventos pontuais, intitulados como turísticos, vêm colocando em risco esse sistema. A área do Pantanal de Cáceres, situado na zona rural do município de Cáceres-MT, totaliza 12.412,56 km2, correspondendo a 9,01% da área do Pantanal Matogrossense e 50,87% da área do município. No contexto apresentado, foram caracterizados os componentes do meio físico-biótico (geologia, geomorfologia, pedologia, hidrografia, clima e vegetação) desse espaço geográfico através do uso das geotecnologias (sensoriamento remoto, SIG, GPS, banco de dados geográficos - BDG, etc.), com vista à geração de subsídios para o planejamento e a gestão da atividade turística local.

METODOLOGIA:
A metodologia utilizada iniciou com a modelagem lógica e física do Banco de Dados Geográficos - BDG, operacionalizada no ArcGis. A produção de dados primários e atualização/compatibilização de dados secundários para alimentação do BDG, foi realizada através de diferentes tipos de entradas: imagens, base cartográfica, levantamento de campo, dados alfanuméricos e mapeamentos temáticos. Para a integração dos dados produzidos, a técnica utilizada envolveu a combinação dos mapas temáticos gerados por meio de operações booleanas (união ou soma matricial) utilizadas em análise espacial qualitativa, e os produtos resultantes foram novos mapas temáticos. A integração das informações na base de dados do SIG possibilitou a definição das unidades ambientais, que foram definidas a partir da estruturação em quatro níveis taxonômicos das informações cartografadas dos temas: geomorfologia, geologia, pedologia, uso e cobertura da terra e clima (temperatura e precipitação). A caracterização quanto à fragilidade das unidades considerou o potencial de erosão e acumulação, a susceptibilidade à erosão dos tipos de solo, o grau de proteção dos solos pela vegetação e comportamento pluviométrico. Essa caracterização possibilitou a aplicação de três propostas de zoneamento para fins turísticos, elaboradas por BOUND-BOVY (1977), ROA (1986) e BENI (2003).

RESULTADOS:
Como subsistema do Pantanal Matogrossense, a área de estudo corresponde a uma superfície de acumulação sujeita a inundações periódicas, com presença de formas de denudação. Embora possa ser considerada uma unidade geomorfológica homogênea, essa área apresenta uma variedade de oito tipos de solo, com dezoito classes, distribuídas em vinte e três unidades (mapeamento em 1:250.000). Tem como rio principal o Paraguai, cujos afluentes da margem direita são: o córrego Alegre e os rios Sepotuba, Cabaçal, Padre Inácio e Jauru, apresentando padrão meândrico. O clima é tropical de altitude, com inverno seco (maio - outubro) e chuvas no verão (novembro - abril), influenciando diretamente na disponibilidade/acesso dos potenciais naturais. No mapeamento de uso e cobertura da terra, de 2001, foram identificadas 11 classes, das quais 8 são de vegetação natural, 3 de uso (pastagem, praias e solo exposto) e 1 de corpos d’água (rios, córregos, corixos, lagoas e baías). Em relação à água, o percentual de 9,4% no período de seca se eleva para 62% no úmido, dificultando e/ou impedindo o uso de aproximadamente 7.694 km2 da área do Pantanal de Cáceres. Nesta área, foram identificadas 33 unidades, assim distribuídas: 16 em áreas não inundáveis, 9 em inundáveis e 8 em inundadas, cujas fragilidades foram caracterizadas conforme proposta de Ross (1990).

CONCLUSÕES:
Através da caracterização das unidades ambientais do Pantanal de Cáceres verificou-se que para o planejamento e desenvolvimento da atividade turística local deve-se considerar as duas realidades do espaço, a cheia e a vazante. As variáveis temáticas utilizadas para a caracterização da fragilidade das unidades dos ambientes naturais e antropizados apresentaram correspondência com as indicadas pela bibliografia, para avaliação dos recursos naturais para fins turísticos. Sugere-se incorporação no estudo da fragilidade das unidades a investigação da relação uso/impacto, através do monitoramento da readaptação dos sistemas. A espacialização e a caracterização das informações da área investigada podem ser utilizadas também na realização de inventário e na avaliação de possíveis conflitos entre uso atual e legislação, facilitando a tomada de decisão por parte do poder público. Enfim, a base de dados geográfica do Pantanal de Cáceres, gerada a partir do uso das geotecnologias, possibilitou estimar percentuais, gerar informações, produzir diversos mapas e realizar análises espaciais, neste caso específico voltada ao turismo.

Instituição de fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES



Palavras-chave:  Geotecnologias, Turismo, Pantanal Matogrossense

E-mail para contato: ssneves@terra.com.br