60ª Reunião Anual da SBPC




A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física

VETORES DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E QUALIDADE DA ÁGUA NA BACIA HIDROGRÁFICA PARAGUAI/JAUQUARA-MT

Rosalia Casarin1
Sandra Mara Alves da Silva Neves1
Ronaldo José Neves1
Sebastião dos Santos2
Jesã Pereira kreitlow1
Josê Magno Gualberto Delmon3

1. Unemat / Campus de Cáceres-MT / Departamento Geografia
2. Seduc / Escola Estadual Onze de Março / Cáceres/MT
3. Unemat / Campus de Cáceres-MT / Departamento Agronomia


INTRODUÇÃO:
A proposição desta pesquisa foi avaliar a qualidade da água decorrente das atividades antrópicas na Bacia Hidrográfica Paraguai/Jauquara - BHPJ, cujos resultados possam subsidiar ações de mitigação dos impactos ambientais. A região do alto rio Paraguai, onde está inserida BHPJ, começou ser ocupada há mais de dois séculos, desde 1728, através da exploração de ouro e diamante, principalmente nas bacias dos rios: Diamantino, Santana e na área de nascentes do rio Paraguai. Esta atividade perdura até os dias de hoje e contínua sendo praticada de forma inadequada, provocando degradação ambiental. A partir de meados do século XX, houve desmatamentos de vastas áreas contínuas e a implantação de cultivos de cana-de-açúcar, soja, milho, algodão, etc. de forma desordenada. A conseqüência destas atividades pode ser observada pela pouca mata ciliar existente atualmente, e a formação de processos de assoreamentos ao longo dos canais. A Bacia Hidrográfica Paraguai/Jauquara - BHPJ localiza-se no sudoeste mato-grossense, entre as coordenadas geográficas de 14º30’ e 16º S, e 57º e 58º W, com área de 16.193,74 Km2, contida no quadrante nordeste da bacia do alto rio Paraguai. Sendo uma área vital para a conservação da bacia hidrográfica do rio Paraguai, portanto, do Pantanal mato-grossense.

METODOLOGIA:
A metodologia se constitui na geração de carta-imagem e mapas com a rede hidrográfica da BHPJ, trabalhos de campo, análises físico-químico da água do sedimento de fundo e contextualização dos dados. As cartas-imagens e os mapas, com os locais das estações alternativas foram gerados na escala de 1:100.000, utilizando as bases da hidrografia das cartas cartográfica do DSG e IBGE, processadas no SIG ArcGis. Durante os trabalhos de campo foram registradas as coordenadas geográficas com GPS, fotografadas as 21 estações fluviométricas, cujos dados e informações alimentaram o banco de dados geográfico utilizados na elaboração de mapas temáticos e na descrição da área de estudo. As amostras de água foram coletadas em recipientes de polietileno de capacidade de 1 litro e, as de sedimentos de fundo foram coletadas, nos pequenos cursos com pá e nos rios mais profundos com Van Vem, com aproximadamente 1 kg por amostras. Estas foram analisadas através do métodos Standard for the Examination of Water and Wastewater 20º edition, APHA, WEF, AWWA E ICR Microbial Laboratory Manual, U.S EPA, 1996. Os resultados das análises físico-químicos da água foram comparados aos parâmetros da Conama.

RESULTADOS:
A área de pesquisa foi dividida em nove unidades, compreendendo a interbacia do rio Paraguai Médio (1), de superfície plana onde grande parte de área pantanosa e a cobertura de pastagens; bacias do córrego Cachoeirinha (2) e do córrego Salobra (3) se estendem, principalmente, em áreas acidentadas da Província Serrana e o uso da terra predominante é de pastagens; bacias dos rios Branco (4) e do Bugres (5) são formadas por extensas planícies ocupadas por lavouras, principalmente, de cana-de-açúcar. Os rios Pari (6) e o Jauquara (7) nascem na Província Serrana, e se espraiam pelas planícies da Depressão do rio Paraguai com terras ocupadas por lavouras, pastagens e exploração de calcário. A bacia do Santana (8) se estende pelo Planalto do Parecis e a Depressão do rio Paraguai, com lavouras de cana-de-açúcar, soja, pastagens, avicultura e mineração. A bacia Paraguai/Diamantino (9) ocupa áreas da Província Serrana, onde emerge as nascentes do rio Paraguai e abrange o Planalto dos Parecis e da Depressão. As terras são ocupadas por lavouras de cana-de-açúcar, soja, pastagens, criação de bovino, suíno, aves e mineração. Os principais vetores de degradação são: a mineração que propicia o assoreamento e polui os rios com mercúrio e o desmatamento desordenado, principalmente das matas ciliares.

CONCLUSÕES:
Conclui-se que os principais vetores de degradação ambiental da BHPJ são: a mineração, o desmatamento, essencialmente das matas ciliares, e o esgoto jogado in natura nos rios. Nas bacias Paraguai/Diamantino e rio Santana, localizados na área de montante da BHPJ encontra-se amontoados de cascalho provenientes da atividade de mineração. Estes sedimentos e os produzidos pela erosão laminar do solo são carreados pelas águas das chuvas para os rios, assoreando-os. Ao longo do curso do rio Paraguai, da desembocadura do rio Diamantino até a foz do rio do Bugres, pode ser observado mais de uma centena barras, são assoreamentos em processos. As análises físico-químicas da água demonstraram alta concentração de mercúrio (Hg) e de coliformes fecais e totais. O Hg apresentou valores <0,001 mg/L na água e até 0,09 mkg no sedimento de fundo. Quanto aos coliformes fecais e totais, algumas amostras atingiram entre 50.000 e 60.000 NMP/100mL. A Resolução nº 357/2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente – Comana estabelece a concentração máxima de 1.000 e 4.000 NMP/100mL de coliformes fecais e totais, respectivamente e a concentração de Hg não pode ser superior a 0,0002 mg/L. Portanto, as águas estão poluídas, e somente podem ser enquadradas nas classes II e III.

Instituição de fomento: Fundação de Apoio à Pesquisa de Mato Grosso – FAPEMAT; Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq



Palavras-chave:  Bacia Alto Paraguai, Qualidade da água, Degradação ambiental

E-mail para contato: rosarin@terra.com.br