60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 24. Economia Regional e Urbana

ASPECTOS DO TRABALHO NA PRINCIPAL FEIRA LIVRE DE JUIZ DE FORA-MG

EDUARDO MARTINS BRANDÃO1
FÁBIO STIGERT1
CLAITON BEGHINE SONCIN1
MARCELO CRISTIANO VIEIRA1
SÍLVIO REIS DE ALMEIDA MAGALHÃES1

1. FACULDADES INTEGRADAS VIANNA JÚNIOR / FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS


INTRODUÇÃO:
Freqüentes inovações tecnológicas e seus efeitos a curto prazo estão exigindo dos trabalhadores perfis com maior qualificação profissional para suprir a demanda por novos postos de trabalho. Com o mercado cada vez mais dinâmico e competitivo, muitos trabalhadores são excluídos do mercado formal, devido aos seus baixos níveis de instrução e especialização ou até mesmo pela idade avançada. Em meio a tal situação, observa-se que uma parcela da população encontra na informalidade a oportunidade de retornarem a suas atividades econômicas. Nesse caso, as feiras livres possuem o papel no processo de inserção e assume o caráter de fonte de trabalho e renda. Essa pesquisa tem o intuito de observar, captar e catalogar dados sócio-econômicos, para descrever e explicar esse papel, bem como o perfil do trabalhador das feiras livres quanto a suas necessidades, satisfações, visões e perspectivas quanto à economia.

METODOLOGIA:
Pesquisa de campo realizada em 25 de novembro de 2007 na principal feira livre de Juiz de Fora, evento que acontece tradicionalmente aos domingos pela manhã, na Avenida Brasil. Para o levantamento dos dados, foi utilizada uma abordagem direta junto aos feirantes, por meio de entrevistas com o uso de um questionário composto por trinta e cinco perguntas. De caráter quantitativo e descritivo, a pesquisa levantou dados sócio-econômicos dos participantes, bem como seus respectivos ramos de atividades.

RESULTADOS:
Do total de feirantes que se dispôs a responder o questionário, verificou-se que 79% são do sexo masculino, 63% são casados e 65% têm mais de 41 anos. Quanto ao nível de instrução, foi levantado que 64% deles só têm até o primeiro grau completo. O número de horas médias dedicadas ao trabalho está compreendido entre oito e doze horas. Porém 74% disseram que ainda sobra tempo para o lazer. Em relação ao tempo que trabalham em feiras, 62% responderam que estão nesse ramo de atividade há mais de 12 anos. Outro dado observado é que 65% dos entrevistados já trabalharam de carteira assinada, contudo apenas 33% gostariam de retornar a tê-la, pois acreditam que a remuneração obtida na feira é melhor. Apesar de seus rendimentos mensais médios serem relativamente baixos, em que quase 60% disseram estar entre 1 e 2 salários mínimos, 77% dos feirantes possuem domicilio próprio. Um aspecto importante verificado foi que 42%, estão desamparados quanto aos benefícios da previdência, tanto ela pública ou privada. 37% disseram trabalhar sozinhos e o mesmo número optaram pela atual atividade por herança de família. Apesar de alguns dados apontarem para uma defasagem econômica, como baixa escolaridade e renda, 97% dos feirantes responderam estar felizes com seu trabalho atual.

CONCLUSÕES:
O propósito das feiras livres é a venda direta do produtor ao consumidor. Mas o que observamos é que a maioria dos feirantes são apenas revendedores. Assim, mais postos de trabalho foram criados e cidadãos que estavam economicamente inativos foram reinseridos em uma atividade econômica. Por ser uma atividade que demanda jornada de trabalho extensa, cansativa e requer certo esforço físico, detectamos que a grande maioria são homens e que apesar do baixo grau de instrução, encontram na feira uma saída para o problema do desemprego. Muitos destes já estão neste ramo há bastante tempo, o que explica o alto grau de satisfação com a atividade e remuneração, que os possibilita ter uma vida digna. Como pagam taxas e possuem alvará, sentem a necessidade de um maior apoio das autoridades, seja para sanar problemas de infra-estrutura como a falta de banheiros, água potável e policiamento efetivo, bem como na divulgação da feira, que é considerada a mais importante da região. Concluímos que o grande desafio é a criação de uma cooperativa para que tenham maior representatividade junto à prefeitura, bem como a organização e profissionalização do ramo de atividade ocupado e que viabilize o acesso aos índices de justiça social.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  FEIRA LIVRE, TRABALHO INFORMAL, DESEMPREGO

E-mail para contato: embrandao10@yahoo.com.br