60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 3. Análise Nutricional de População

ANTROPOMETRIA DE UM GRUPO DE IDOSOS FREQUENTADORES DO CENTRO DE CONVIVÊNCIA DO IDOSO (CCI) LOCALIZADO NO MUNICÍPIO DE ITAPEVI, SP.

Giovana Rita Punaro1
Elizabete Punaro2
Ligiana Corona3
Melissa Lippe de Oliveira4

1. Uniban
2. Unicamp
3. Usp
4. Uniban


INTRODUÇÃO:
O envelhecimento mundial gera a necessidade de compreender sobre o papel da nutrição na promoção e manutenção da independência e autonomia dos idosos. As principais funções, nesse contexto, são: a identificação de indivíduos em risco de desenvolver doenças crônicas não-transmissíveis (diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemias, osteoporose, demências, obesidade e desnutrição) e a intervenção alimentar para a prevenção e controle de enfermidades, visto que, a prevalência dessas doenças é alta entre os idosos, necessitando de diagnóstico precoce (SAMPAIO, 2004). Os indicadores nutricionais podem ser antropométricos, dietéticos, bioquímicos e físicos, os quais em conjunto podem revelar alterações nutricionais, permitindo um bom monitoramento do estado nutricional do idoso (NAJAS; PEREIRA, 2002). Em virtude do aumento da população idosa no Brasil, tornaram-se necessários vários estudos, para se identificar as alterações causadas pelo envelhecimento e suas conseqüências nessa fase da vida, visando contribuir para uma melhor qualidade de vida e saúde. O presente estudo teve como objetivo fornecer informações antropométricas e de composição corporal de um grupo de idosos freqüentadores do Centro de Convivência do Idoso (CCI) localizado no município de Itapevi, em São Paulo.

METODOLOGIA:
A amostra foi composta por 93 idosos, sendo 70 do sexo feminino e 23 do masculino, com idades entre 60 e 79 anos, praticantes de atividades físicas oferecidas pelo CCI, duas vezes por semana, 60 minutos por sessão, com prática de 1 a 8 anos. As variáveis avaliadas foram: Índice de Massa Corporal (IMC) – dividindo-se o peso em quilogramas pela estatura em metro elevada ao quadrado (kg/m2). O peso foi obtido em balança portátil nacional e para a estatura utilizou-se fita métrica inelástica fixada à parede sem desnível; Circunferências: do Braço (CB) – usou-se fita métrica inelástica; Muscular do Braço (CMB) – obtida por: CMB = CB – (DCT x π) Jelliffe (1989); e Abdominal (CA) – usou-se fita métrica inelástica medida sobre a cicatriz umbilical; Dobra Cutânea do Tríceps (DCT) - usou-se o compasso Cescorf®. Todas as medidas, exceto para o IMC e CA, tiveram como referência os valores de Barbosa et al (2005), de acordo com a pesquisa SABE (Saúde Bem-Estar e Envelhecimento). Para a classificação do IMC foram utilizados os valores da Organização Pan-Americana de Saúde (2001) e para a CA utilizaram-se os da Organização Mundial de Saúde (1997). Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, de acordo com a Resolução nº 196/96/CONEP.

RESULTADOS:
Obteve-se maior média (28,7kg/m2±5,5) de IMC no sexo feminino, comprovando tendência de maiores depósitos de gordura nas mulheres (MENEZES; MARUCCI, 2005), sendo verificado 34% de obesidade entre as mulheres. Observaram-se menores valores de IMC no grupo masculino (média 27,9kg/m2 ±3,1), talvez pela pequena amostra. O IMC acima da normalidade (23-28kg/m2) está relacionado à mortalidade por doença cardiovascular enquanto que, valores abaixo, com aumento de câncer, doenças respiratórias e infecciosas (MATSUDO; BARROS NETO, 2000). Ambos os sexos apresentaram média 31,2cm±3,1 na CB enquanto que, na CMB, 26,4cm±2,4 para homens e 24,3cm±3,1 entre as mulheres. Outros estudos encontraram o mesmo resultado (MENEZES; MARUCCI, 2005). Segundo Sampaio e Figueiredo (2005), o IMC e a DCT podem indicar obesidade, verificado apenas no sexo masculino com 26% de sobrepeso; talvez pelo compasso Cescorf ser menos preciso e ter reduzido esses valores (SANTOS; SICHIERI, 2005). Segundo Cabrera e Jacob (2001), a CA associa-se ao IMC, refletindo a gordura total e a abdominal. Nas mulheres, a média de CA foi de 97,3cm±12,7, com 77% de risco muito elevado para doença cardiovascular; a dos homens foi de 97,5cm±9,0, com 35% de risco elevado para doença cardiovascular.

CONCLUSÕES:
Houve prevalência de eutrofia em ambos os sexos nas variáveis IMC, CB, CMB e DCT. Verificando-se maiores médias de IMC e de DCT entre as mulheres. Observando-se maior acúmulo de gordura nesse sexo.Entretanto, verificou-se maior percentual de sobrepeso entre os homens nas variáveis: IMC, CB e DCT. Em relação à CA, a qual é uma ferramenta que avalia o risco de doenças cardiovasculares, obteve-se maior risco no sexo feminino. Concluindo-se que a avaliação nutricional do idoso necessita ser realizada a partir de uma associação de indicadores, os quais devem ser complementados, tendo em vista que cada um apresenta limitações. Há a necessidade de mais estudos antropométricos em idosos, especialmente no Brasil, onde os dados ainda são escassos. Sugerindo-se um padrão de referência que forneça dados, não somente da cidade de São Paulo, mas também de outras regiões do país, contribuindo para informações mais adequadas devido à grande heterogeneidade da população brasileira.



Palavras-chave:  Avaliação antropométrica, Nutrição, Idosos

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