60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 10. Educação Rural

A EVASÃO ESCOLAR NA EDUCAÇÃO DO CAMPO: UMA ANÁLISE DO PROJETO SAÚDE EM MOVIMENTO/PRONERA EM ASSENTAMENTOS DA REFORMA AGRÁRIA NA REGIÃO DA TRANSAMAZÔNICA E XINGU.

Sidneia Santos de Sousa1
Marla Cristina de Lima Costa1
Juscelino Silva Brito1
Gabriela Lima Sampaio1
Lair da Silva Freitas Filho2

1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ-UFPA/ CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA
2. Prof.Msc.-UFPA-Orientador


INTRODUÇÃO:
A presente pesquisa é resultante de uma análise crítica sobre a evasão de educandos/as no Projeto Saúde em Movimento. O referido projeto visa formar técnicos em agentes comunitários de saúde, que atuam nos assentamentos da reforma agrária localizados na região da Transamazônica e Xingu, tais profissionais realizam atividades de prevenção de doenças por meio de ações educativas em acordo com as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). Vale ressaltar que este projeto se constitui como uma conquista dos movimentos sociais da região que lutam por terra e educação, mas não uma educação qualquer e sim uma que atenda seus anseios e respeite a realidade do campo. Nessa perspectiva as atividades do projeto são baseadas na Pedagogia da Alternância, se adequando à vida dos/as educandos/as, o que o diferencia da dinâmica da escola urbana. A evasão escolar é um dos obstáculos enfrentados nas escolas urbanas e também nos projetos de educação do campo e não tem sido diferente nesse projeto, sendo preocupante o número de educandos/as evadidos/as nas cinco das vinte alternâncias previstas pelo projeto pesquisado. Pretende-se com esta pesquisa analisar os fatores que contribuem para o índice de evasão no Projeto Saúde em Movimento do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA).

METODOLOGIA:
A presente pesquisa apoiou-se no enfoque de análise qualitativa para desenvolver os conceitos e entendimentos desse estudo e também na análise quantitativa para verificação dos dados estatísticos. Inicialmente realizou-se uma revisão bibliográfica sobre as temáticas abordadas para referenciar teoricamente a empreitada do estudo. No segundo momento analisou-se os itinerários formativos do Projeto Saúde em Movimento, focalizando o índice de evasão de educandos/as por alternância. A coleta de dados apoiou-se ainda, em entrevistas com educandos/as e bolsistas do referido projeto. Por fim, deu-se a sistematização e interpretação dos dados coletados mediante a utilização do software BIOESTAT 4.0, o qual possibilita a elaboração de gráficos e tabelas e a produção do presente estudo.

RESULTADOS:
Os/as educandos/as do Projeto Saúde em Movimento já atuam como agentes comunitários de saúde e por meio deste projeto terão uma qualificação em nível médio e técnico-profissional, eles/elas apresentam algumas características similares, tais como: são agricultores/as, são ou já foram casados/as; têm filhos; ocupam-se do serviço doméstico e do trabalho no roçado. A pesquisa possibilitou identificar que a cada alternância há um significativo índice de evasão, sendo que a maioria dos/as que evadem são mulheres, os motivos não diferem muito: ciúmes por parte dos maridos e a preocupação com os filhos pelo fato de precisarem se ausentar durante algumas semanas de casa. Independente do sexo há ainda motivos como a dificuldade em acompanhar o processo ensino-aprendizagem, tendo em vista que a maioria dos/as educandos/as estavam há muito tempo sem freqüentar a sala de aula, além disso, a demora entre uma alternância e outra por motivos econômicos e políticos acabou desestimulando alguns educandos/as.

CONCLUSÕES:
A análise dos resultados revelou que a permanência dos/as educandos/as no projeto depende do apoio familiar, da relação que os mesmos mantêm entre si, bem como com os coordenadores, bolsistas e demais envolvidos, assim como a superação de dificuldades relacionadas ao processo ensino-aprendizagem. Nas entrevistas os/as educandos/as dizem está satisfeitos/as com a metodologia aplicada pelos professores, com o material didático e com a dinâmica geral do Projeto, estando o problema da evasão estritamente vinculado a questões sócio-afetivas, culturais, políticas e econômicas, muitas vezes ligadas a questões extraclasse. O fato de o projeto ser pautado na Pedagogia da Alternância, onde os períodos de aula variam entre 15 a 25 dias, contribui para um maior índice de evasão entre as mulheres, uma vez que elas sentem mais dificuldade em afastar-se dos filhos, da casa e dos maridos e esses por sua vez ficam enciumados com a distância das esposas. É preciso analisar com muita precisão todos os fatores envolvidos nesse processo de evasão, entendendo que todos/as os educandos/as lutaram e ainda lutam por uma educação do campo voltada à realidade e, no caso dos agentes comunitários uma educação que lhes garanta uma formação integral e a qualificação profissional.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  evasão escolar, educação do campo

E-mail para contato: sidsuanam@yahoo.com.br