60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva

O PRECONCEITO ENTRE ADOLESCENTES NO AMBIENTE ESCOLAR: UMA ABORDAGEM DA SAÚDE.

Aline Cássia Tadini1
José Roberto da Silva Brêtas2

1. Dep. Enf. - UNIFESP - autora
2. Prof. Dr. - Dep. Enf. - UNIFESP - orientador


INTRODUÇÃO:
A escola é um espaço marcante para a vida de crianças e adolescentes independente de concepções político-educacionais. Nela ocorrem diversos tipos de aprendizagens e relacionamentos entre pessoas. O espaço da escola passa a ser entendida como um espaço de relações dentro de um contexto sócio-econômico-cultural. Um espaço privilegiado para a promoção de saúde, na perspectiva de construção da cidadania. Neste contexto, o adolescente entra em contato com preconceitos e discriminações, dos quais podem ser geradores de violência. Contudo, este estudo visa identificar: como ocorrem os comportamentos e atitudes preconceituosas e discriminatórias entre os adolescentes. Dessa forma, o presente projeto se orienta respeitando a adolescência como fase da vida que o indivíduo está em constantes modificações e uma delas é baseada em sua construção social. Assim, a escola caracteriza-se como uma instituição de microrrelações, onde necessita ser estudada, principalmente a respeito da construção de estigmas, preconceitos e discriminações dentro das relações entre os adolescentes dos diversos tipos culturais.

METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo quantitativo do tipo Survey, que se utiliza de análises explicativas que visam desenvolver proposições gerais sobre comportamentos humanos. As obrigatoriedades para a inclusão da população estudada foram adolescentes: matriculados em uma das quatro escolas públicas de ensino fundamental e médio da região de Santo Eduardo município de Embu, São Paulo; participantes das atividades didáticas oferecidas pelo projeto de extensão universitária “Corporalidade e Promoção da Saúde” da Universidade Federal de São Paulo. O instrumento de pesquisa é um questionário do tipo semi-estruturado, contendo 19 questões que enfocam as variáveis sócio-demográficas (idade, sexo, escolaridade, religião, cor de pele, cidade/Estado onde nasceu, bairro onde mora, tipo de moradia, limitações físicas e uso de artes-corporais); perguntas referentes à percepção do corpo (gosta ou não de partes do corpo, como você se vê? (peso e altura)); histórias contendo variáveis correspondentes à temática estudada (preconceito gênero, social, auto-denominação da cor da pele (racial/etnia), religioso, sexual e físico).

RESULTADOS:
Até o momento foram coletados 379 questionários e obtivemos os seguintes dados parciais: 320(84,0%) consideraram-se heterossexuais, 49(13,0%) não responderam e 7(2,0%) bissexuais e apenas 3(1,0%) homossexuais; a faixa etária prevalente encontra-se entre 14 e 16 anos (224/59,0%). Com base nos dados referentes à questão sócio-demográfica, observamos que: 192(51,0%) são católicos, 66(17,0%) referem não ter religião e 60(16,0%) são evangélicos. O tipo de moradia que prevaleceu foi alvenaria. A autodenominação da cor da pele 197(52,0%) parda, 112(29,5%) branca e 65(17,0%) preta. Segundo o tipo de limitação física 49(13,0%) usam óculos e 3(1,0%) prótese auditiva. Observamos que 195(51,0%) já sofreram algum tipo de preconceito na escola, sendo 98(26,0%) do sexo masculino e 95(25,0%) do sexo feminino. Por meio de histórias fictícias contidas no instrumento de coleta de dados, observamos que os adolescentes do sexo masculino 42(75%) sofreram por preconceito de gênero, 22(68,7%) por preconceito social e 17(60,7%) por preconceito sexual; já os adolescentes do sexo feminino 17(60,7%) sofrem por preconceito religioso e 15(53,6%) por preconceito da cor da pele. Desta forma, os sentimentos desvelados pelas vivências do preconceito na escola foram: ofensa, tristeza frente aos acontecimentos, raiva, o preconceito com fato natural, pensamento de abandono escolar, perda de interesse pela escola, vingança e reação preconceituosa (apelidos).

CONCLUSÕES:
Os dados obtidos até o momento mostram que o ambiente escolar proporciona ao adolescente o contato com os preconceitos e discriminações. Sendo o preconceito como uma das formas emergente das atitudes já adquiridas, aprendidas e vividas por estes adolescentes. Esses tipos de atitudes podem ser geradores de violência. Os dados parciais encontrados demonstraram que existem adolescentes sofrendo com situações permeadas por preconceitos, em que 195(51,0%) já sofreram por este tipo de violência, corroborando com as pesquisas realizadas sobre esta temática. Este estudo parcial mostra que os adolescentes sofreram algum tipo de preconceito no ambiente escolar, sendo que adolescentes do sexo feminino sofreram preconceitos dos tipos: religioso e gênero; do sexo masculino os tipos: social e gênero. Resultando em sentimentos como: insegurança, vontade de sair da escola, tristeza, vontade de matar a outra pessoa, inventar apelidos, fazer a outra pessoa passar vergonha, ofender de vários tipos, dentre outros. Este estudo está demonstrando a importância da temática como forma de contribuição à intervenção nas formas de violências em âmbito da escola.

Instituição de fomento: FAPESP- Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Preconceito, Adolescente, Escola

E-mail para contato: tadini_ac@yahoo.com.br