60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

O trabalho estuda o turismo na comunidade da Valéria que fica aproximadamente 26 km de distância em linha reta da cidade de Parintins-AM, buscando perceber o desenvolvimento dessa atividade a partir da percepção dos mais antigos moradores da região. O turismo de natureza tem crescido na região estimulado pelas peculiaridades naturais do local e o artesanato. As comunidades locais têm sido afetadas por essa atividade, mas poucas referências se têm sobre os processos que levaram a atual situação do turismo na área de estudo. Nesse sentido, a pesquisa busca através da verbalização da memória recompor o processo histórico que culmina com a situação atual.

METODOLOGIA:

O método utilizado na pesquisa foi o fenomenológico, com vista a desvendar o fenômeno além da aparência onde o resultado é a interpretação entre o que o sujeito observa e o sentido que ele oferece ao objeto apropriado. Para a realização do trabalho foram realizadas visitas aos moradores das comunidades envolvidas, buscando captar informações através de entrevistas utilizando-se da técnica da memória oral de vida dos moradores mais antigos do local visando reconstruir através do processo de lembranças e da oralidade a história da atividade turística a fim de articular as experiências passadas formulando uma narrativa histórica acerca da atividade turística praticada no decorrer do tempo.

RESULTADOS:

A região da Valéria é formada pelos lagos Murituba, Lago Grande e Lago Pequeno, composta por pequenas comunidades: São Paulo, Samaria, Lago do Barro, Betel, Bete Semes, Santa Rita de Cássia, Recordação e Colônia Fé em Deus. Sendo que se destacam as comunidades São Paulo e Santa Rita, por serem as de maior densidade populacional e possuírem atrativos turísticos em virtude de suas características naturais e culturais. A região é famosa pelos sítios arqueológicos e pela serra que atinge cerca de 152 m de altitude coberta por vegetação espessa e rica em espécies da flora e fauna. Foi comentado que os primeiros navios aportaram na região aproximadamente em 1979, há cerca de trinta anos, trazendo poucos turistas. A experiência mostra que o turismo é uma atividade que se desenvolve rapidamente, dada algumas condições. No caso da região da Valéria esse processo foi se desenvolvendo a base de improviso, onde os moradores de modo artesanal construíram algumas barracas cobertas de palha na comunidade São Paulo para que os moradores nos dias de visita dos turistas pudessem reunir seus artesanatos e vendê-los, contribuindo assim para o complemento da renda de cada família envolvida no processo. Em se tratando da percepção da atividade turística desenvolvida pela população local, observou-se que os comunitários levam em consideração apenas o aspecto econômico, como um impacto positivo, pois, o turismo é uma fonte de renda para a comunidade, ficando para segundo plano o desenvolvimento estrutural da localidade e a conscientização dos moradores com vistas a prever os impactos ambientais.

CONCLUSÕES:

Desse modo, a população local tem percebido, ao longo da história da comunidade, que o desenvolvimento previsto pela atividade turística não tem refletido na vida da comunidade que na sua maioria, não se propõe a valorizar-se como produto de consumo, mas se concentram em captar o que os turistas têm para oferecer durante as visitas. Portanto, não se pode negar que a atividade turística praticada na região gere renda para as comunidades, porém, ainda precisa ser planejada, organizada para que alcance um grau de desenvolvimento que reflita nas comunidades de forma sustentável e eficaz.

Instituição de fomento: Fundação de Amparo a Pesquisa do Amazonas - FAPEAM

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: Turismo, História oral, Parintins

E-mail para contato: jdazevedo@uea.edu.br