60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 6. Psicologia do Desenvolvimento Humano

COMPARAÇÃO ENTRE PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO INTERNALIZANTES E EXTERNALIZANTES EM CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA MENTAL

Lucas Cordeiro Freitas1
Zilda Aparecida Pereira Del Prette1

1. Departamento de Psicologia - Universidade Federal de São Carlos


INTRODUÇÃO:
Em uma perspectiva funcional, os problemas de comportamento são entendidos como déficits e/ou excessos comportamentais que dificultam o acesso da criança a novas contingências de reforçamento, podendo ser caracterizados como internalizantes (pouca interação social, ansiedade, retraimento e depressão) ou externalizantes (agressividade física e verbal, comportamentos opositores e anti-sociais). Estudos têm demonstrado que crianças com deficiência mental são menos aceitas e mais frequentemente rejeitadas do que seus pares sem deficiência e apresentam, paralelamente, déficits em habilidades sociais e excessos de problemas de comportamento interferentes. Os objetivos do presente estudo foram: (a) investigar a freqüência de ocorrência de problemas de comportamento internalizantes e externalizantes em crianças com deficiência mental e (b) verificar se há diferenças significativas entre esses dois tipos de padrões comportamentais disfuncionais.

METODOLOGIA:
Participaram do estudo 84 crianças com deficiência mental leve, moderada ou inespecificada, estudantes de uma escola especial do interior de São Paulo, com idades entre oito e 14 anos (Média=11,64; d.p.=1,47). O repertório de problemas de comportamento dos participantes foi avaliado por seus professores por meio do Sistema de Avaliação de Habilidades Sociais (SSRS-BR), validado para o Brasil para crianças com desenvolvimento típico e com deficiência mental. Os problemas de comportamento, divididos nos fatores de problemas internalizantes e problemas externalizantes, são avaliados por meio de escala Likert de freqüência de três pontos, variando de zero a dois.

RESULTADOS:
Os resultados apontaram que as crianças com deficiência mental apresentaram uma freqüência significativamente maior de problemas de comportamento externalizantes (média=9,72, d.p.=7,19), comparado aos problemas de comportamento internalizantes (média=3,73, d.p.=2,67) (p<0,001). Os comportamentos Distrai-se facilmente (média=0,95, d.p.=0,76), Briga com os outros (média=0,93, d.p.=0,67) e Discute com os outros (média=0,83, d.p.=0,71) foram os mais frequentemente relatados pelas professoras, enquanto os itens Gosta de ficar sozinho (média=0,55, d.p.=0,61), Tem ataques de birra (média=0,57, d.p.=0,73) e Demonstra ansiedade quanto a estar com um grupo de crianças (média=0,58, d.p.=0,64), apresentaram as menores freqüências de ocorrência.

CONCLUSÕES:
Pode-se concluir que os comportamentos opositores, agressivos e anti-sociais aparecem com mais freqüência no repertório das crianças com deficiência mental do que aqueles indicativos de isolamento social, ansiedade e depressão, segundo a avaliação das professoras. Os resultados trazem implicações para o planejamento de programas de prevenção e intervenção que visem à diminuição da ocorrência de problemas de comportamento em crianças com deficiência mental.



Palavras-chave:  deficiência mental, problemas de comportamento, crianças

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