60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública

AUTO CUIDADO ENTRE MULHERES COM FATOR FAMILIAR DE CÂNCER DE MAMA

Maraísa Pimenta VILELA1
Carolina Werner de Souza VIANNA1
Ana Maria de ALMEIDA2, 4
Clícia Valim Côrtes GRADIM3, 4

1. Discente do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Alfenas-MG
2. Prof. Associada do Dep. de Saúde Pública e Materno-Infantil da EERP-USP
3. Enfermeira. Orientadora. Prof. Associada do Dep. de Enfermagem da UNIFAL-MG
4. Dra.


INTRODUÇÃO:
O câncer de mama é a segunda causa de morbi-mortalidade entre as mulheres brasileiras e constitui problema de saúde pública, visto que os fatores pré-disponentes não são trabalhados para a prevenção e promoção à saúde e o diagnóstico tardio leva a um tratamento agressivo como a mastectomia. Além da extirpação da mama, que por si só leva a uma alteração da auto-imagem, o tratamento adjuvante, que são a quimioterapia e radioterapia, compromete mais o organismo e a auto-imagem desta mulher, pois a alopecia mostra aos demais o quanto ela está doente e a radioterapia queima a região deformada pela extirpação da mama. Entretanto, apesar de termos conhecimento de que o câncer tem uma predisposição familiar, a atuação na prevenção e promoção à saúde com filhas e irmãs destas mulheres é tímida, quando não inexistente. Elas raramente são abordadas pelo profissional de saúde para diminuírem os fatores de risco, como tabagismo, uso de álcool, anticoncepcionais por longo tempo e estimuladas a realizar exercícios, ter dieta saudável, diminuir estresse e realizar exames periodicamente. Objetivo: Identificar entre filhas e irmãs de mulheres que tiveram câncer de mama o seu conhecimento acerca do risco para esta neoplasia e quais práticas de auto-cuidado adotaram para si para prevenção da mesma.

METODOLOGIA:
O estudo é do tipo descritivo prospectivo. Após a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da UNIFAL-MG iniciou-se a coleta de dados, os quais foram apresentados em gráficos e tabelas. A amostra foi constituída por 20 mulheres que concordaram em participar do estudo, cujas mães ou irmãs freqüentam o Projeto Mulher com Câncer de Mama (MUCAMA) da UNIFAL-MG. Este projeto oferece atendimento de enfermagem e de fisioterapia a mulheres que tiveram o diagnóstico de câncer de mama ajudando-as a entenderem o seu tratamento e reabilitá-las as atividades cotidianas. Após a concordância da participação foi marcado local e horário prévio para a entrevista, sendo que 9 foram realizadas nas dependências do projeto MUCAMA e 11 no domicílio. Seguiu-se um formulário, o qual possui dados de identificação e variáveis sócio-econômicas como informações acerca da idade, raça, escolaridade, estado civil, grau de parentesco, religião, ocupação, renda familiar. Possui questões sobre o conhecimento do câncer de mama, se recebeu alguma orientação sobre prevenção e quem as forneceu. Em um terceiro momento são questionados sobre práticas de auto-cuidado relacionadas ao programa de controle de câncer de mama como a realização de auto exame, exame clínico, ultrasonografia e mamografia de base e de seguimento.

RESULTADOS:
Das 20 mulheres entrevistadas 15 eram filhas, 6 irmãs e uma é filha e irmã, a faixa etária variou entre os 18 a 52 anos com predominância entre 28 e 42 anos (50%). Quanto a escolaridade todas são alfabetizadas, 80% se declaram católicas, 60% trabalham fora do lar, com renda média de 6 salários mínimos. São ou foram casadas 65% e 35% (7) são nulíparas. Quanto a orientações sobre prevenção 75% relataram ter recebido, sendo o médico apontado como responsável pelas mesmas. Quanto ao fato de virem a desenvolver o câncer de mama 80% declaram ter um risco maior se comparado a outras mulheres sem histórico familiar e 50% destas acreditam que o câncer tem fator genético. Quanto aos aspectos preventivos 65% realizam o auto-exame das mamas regularmente, 65% submetem-se ao exame clínico, 25% fizeram mamografia e ultrasssonografia de base. Verifica-se neste grupo de mulheres que a maioria tem conhecimento do aspecto familiar ser favorável ao desenvolvimento do câncer de mama. Nem todas realizam os exames de prevenção, mas estes são realizados por mais de 50% da amostra. Os exames de base como o ultrassom que pode ser utilizado precocemente só foi utilizado em pacientes que tiveram alguma alteração na mama, como a doença fibrocística e a mamografia em mulheres acima dos 40 anos.

CONCLUSÕES:
Conhecer fatores de risco em mulheres com histórico de câncer de mama, facilita os profissionais de saúde e a enfermagem a trabalhar com orientações que estimulem a mudança de hábitos de vida das mesmas. Os profissionais devem se conscientizar que estas mulheres conhecem o seu risco e não perder a oportunidade de esclarecê-las quanto ao auto-cuidado de realizar o exame de suas mamas mensalmente, assim como de diminuir os fatores de risco. Os profissionais devem também se conscientizar da importância do exame clínico das mamas, sendo este realizado em todas as consultas e não somente quando a mulher apresenta uma queixa. Que os exames de base são hoje um instrumento que nos orienta a melhorar a condição de saúde e a descoberta de alterações mamárias em fase precoce, diminuindo os tratamentos mutilantes e invasivos. Estimular as mulheres a desenvolverem o auto-cuidado é trabalhar em prevenção e promoção para saúde.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  câncer de mama, auto-cuidado, prevenção

E-mail para contato: maraisa_vilela@yahoo.com.br