60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

A família Orchidaceae apresenta mais de 25.000 espécies e muitos híbridos, estando distribuída por quase todo o mundo. Destaca-se o potencial ornamental de suas flores dispostas isoladas ou em grandes inflorescências coloridas que variam em tamanho e cor nas diferentes espécies. Além do aspecto ornamental, alguns gêneros fornecem produtos alimentícios, como a baunilha, (Vanilla), medicinais e outros produtos utilizados na indústria (Hoehne, 1949). As flores das orquídeas, elementos naturais para a reprodução das espécies, são polinizadas principalmente por insetos. Existe uma grande variação na morfologia dos frutos nestas plantas, bem como um tempo distinto de maturação, em geral a cápsula demora, de 6 a 12 meses até a maturação e iniciar a liberação das sementes, que são levadas pelo vento até encontrarem um local apropriado para a germinação. Considerando a atividade predatória para a obtenção de substrato adequado para o cultivo de orquídeas, fazem-se necessários estudos que proponham substratos alternativos. O presente trabalho teve como objetivo levantar dados biométricos de frutos e testar o uso de resíduo de serraria (maravalha) para o cultivo de orquídeas nativas.

METODOLOGIA:

O trabalho foi realizado no viveiro de mudas da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul/Dourados, com plantas adquiridas através do Resgate de Flora no município de Sonora/MS devido à construção de usina hidrelétrica naquele local. As plantas foram mantidas em estufa coberta com sombrite 70%. Inicialmente, 6 espécies com frutos foram envolvidos por sacos plásticos e obteve–se medidas de diâmetro e comprimento das cápsulas semanalmente, com ajuda de um paquímetro Starret, até a deiscência. Para a avaliação dos substratos, utilizaram-se 7Kg de pó-de-xaxim comercial, e 30kg de maravalha através de doações feitas por serrarias de Dourados/MS, destas cerca de 1.230g de maravalha foram fervidas em 30lt de água. Foram usados ramos com 2 nós da espécie Epidendrum sp. Os testes consistiram em 5 tratamentos em vasos plásticos de 250ml com trinta mudas em cada um dos tratamentos: Controle: Mudas fixadas em substrato pó-de-xaxim; T1: Mudas fixadas em maravalha pura; T2: Mudas fixadas em maravalha fervida por 1h; T3: Mudas fixadas em maravalha fervida por 1h com 100ml de detergente neutro; T4: Mudas fixadas em maravalha fervida por 2h. Observou-se o desenvolvimento, mortalidade e brotamentos, durante um período de 60 dias.

RESULTADOS:

Verificou-se que o maior percentual médio de crescimento em largura foi de 62,3% e comprimento 80,1%. Existe uma co-relação entre o crescimento geral das cápsulas e a temperatura, com redução da taxa de crescimento no verão, para todas as espécies. Observou-se maior valor percentual para comprimento e largura de quatro espécies de Orchidacea: (Cattleya nobiliar, Notylia logispicata, Oeceodades maculata, Epidendrum sp) Quanto aos tratamentos com substrato alternativos, de modo geral, na primeira semana, não foi constatada diferenças aparentes no vigor das plantas. Já na segunda semana foi constatado uma média de 2 a 4 indivíduos com clorose nas folhas adultas nos lotes com maravalha e um no lote controle, e mesmo com as adubações não obteve-se melhores resultados. Concluiu-se também que as plantas nas quais o meristema apical não foi danificado pela repicagem a clorose foi menos evidente. Não foi observada morte de nenhuma muda no controle e 9 brotamentos, já nos tratamentos com maravalha o Trat1 apresentou o melhor resultado com 5 brotamentos e 4 mudas mortas, sendo o pior resultado observado no tratamento 4 com 10 mortes e 4 brotamentos.

CONCLUSÕES:

A manutenção de bancos de germoplasma representa uma maneira de garantir o patrimônio genético de populações provenientes de áreas alteradas. Desta forma o estudo de dados morfológicos de plantas nativas são importantes para o melhor entendimento das características de cada espécie permitindo assim um melhor conhecimento de sua biologia O uso do xaxim superou em qualidade os demais tratamentos utilizados, no entanto, o uso da maravalha é positivo como substrato alternativo, sendo necessários maiores estudos que tornem esta prática de baixo custo e alta eficiência. Cabe destacar que a busca de substratos alternativos para a repicagem de orquídeas nativas contribui também para a diminuição da pressão sobre espécies muito exploradas como a samambaiaçu (Dicksonia sp). O trabalho de biometria de frutos de orquídeas demonstrou a diferenciação na morfologia dos mesmos, nos estádios de maturação e deiscência para cada espécie observada, distinção que também foi observada com relação à temperatura ao longo dos meses.

Instituição de fomento: Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: orquídeas, frutos, substrato

E-mail para contato: jaquecat@gmail.com