60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública

HIPERTENSÃO ARTERIAL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES

Aretuza Silva de Figueiredo1
Amanda Bonamichi Franceli1
Silvana Maria Coelho Leite Fava2

1. Graduanda do Departamento de Enfermagem/ UNIFAL-MG
2. Prof. Adjunto do Departamento de Enfermagem/ UNIFAL-MG


INTRODUÇÃO:
A hipertensão arterial é atualmente um sério problema de saúde pública no Brasil, por conta de sua expressiva prevalência e pelas suas graves complicações levando a incapacidades permanentes. Devido ao caráter assintomático, sua detecção é normalmente tardia, o que dificulta aos seus portadores à aderência ao tratamento e controle. Um dos maiores desafios é a aderência ao tratamento da hipertensão arterial, por ser um processo complexo relacionado com fatores comportamentais, como a percepção e a forma de enfrentamento do indivíduo sobre a sua patogenia. A educação em saúde constitui um dos principais facilitadores para melhorar a adesão ao tratamento, pois aborda a hipertensão arterial e suas características, orientações sobre o tratamento medicamentoso e não-medicamentoso, cuidados e atenções individualizadas de acordo com as necessidades. É necessário que o indivíduo participe de seu tratamento e colabore ao interagir junto com os profissionais de saúde na condução do processo saúde-doença. Em face ao exposto, torna-se imprescindível ao enfermeiro conhecer os fatores dificultadores que levam os portadores de hipertensão arterial à não aderência ao tratamento anti-hipertensivo.

METODOLOGIA:
É um estudo de natureza quantitativa e descritiva, realizado em uma amostra populacional de 359 sujeitos portadores de hipertensão arterial, sendo 108 do gênero masculino e 251 feminino, de ambos os sexos com idade igual e superior a 18 anos, que aceitaram participar voluntariamente do estudo após a assinatura do Termo de Consentimento e aprovação pelo Comitê de Ética, de um universo de 476 sujeitos cadastrados no Programa de Saúde da Família do Bairro Santos Reis de Alfenas – MG. Os dados foram coletados em visita domiciliária pré-agendada por meio de um formulário, abordando: gênero, idade, raça, estado civil, ocupação, escolaridade, religião, renda, conhecimento sobre HAS, tratamento medicamentoso e não-medicamentoso, freqüência de consultas médicas, tempo de convivência com a patologia, atividades físicas e de lazer, problemas de saúde, circunferência abdominal, níveis pressóricos e orientações recebidas. Os dados foram analisados percentualmente e testado pelo Qui-quadrado ao nível de significância de 5%.

RESULTADOS:
Os dados revelaram o predomínio da HAS no gênero feminino-69,92%, com tempo de convívio menor que 11 anos-62,67% em ambos os sexos. Isso pode estar relacionado a uma maior demanda por parte das mulheres em procurar o serviço de saúde em todas as faixas etárias. 60,72% eram casados, com renda familiar de até três salários mínimos (87,47%), com baixo nível de escolaridade. O que dificulta a compreensão das informações e à adesão ao tratamento da HAS. 97,21% desconheciam a patologia e 57,10% às conseqüências. A maioria dos homens era aposentado-60,18% e as mulheres do lar-40,24%. Quanto à circunferência abdominal constatou-se que em 82,8% das mulheres e 41,67% dos homens, as medidas superaram as preconizadas considerando um imprescindível indicador de risco cardiovascular. 50,97% disseram ter recebido orientações, principalmente da equipe médica 87,43%. Consumo de mais de 10 gramas de sal foi predominante. 58,5% não praticavam atividade física. Em 62,40% os níveis pressóricos apresentaram elevados, destes 35,71% homens e 64,29% mulheres, com X2= 8,97. O tratamento farmacológico foi predominante (97,21%), sendo que 81,08% informaram uso diário, 21,79% relataram dificuldades diante da prescrição médica, 64,76% dependiam exclusivamente do SUS para a sua aquisição.

CONCLUSÕES:
Os dados nos permitem concluir que a HAS acomete principalmente o gênero feminino, casadas, com renda familiar de até três salários mínimos, baixo grau de escolaridade, com ocupação do lar, apresentavam obesidade centrípeta, submetidas ao tratamento predominantemente farmacológico, dependentes do SUS, demonstraram desconhecimento em relação à patologia e às complicações da HAS. Os desafios apontados neste estudo referem-se à necessidade de mudança de comportamento dos sujeitos incorporando as medidas não farmacológicas no cotidiano de vida, principalmente no que refere a redução do consumo do sal, a redução do peso corporal e conseqüentemente da obesidade centrípeta e a realização de atividades físicas. E dentro das possibilidades como fator facilitador para a adesão ao tratamento, sugere-se a implementação de processos educativos que atendam as necessidades dos sujeitos, que propicie maior conscientização e interesse pelo autocuidado, envolvimento da família para mudanças dos hábitos de vida e para o uso correto da medicação, participação ativa na formulação das políticas públicas favorecendo o acesso e a permanência do portador de hipertensão arterial; comprometimento dos profissionais de saúde no acompanhamento e na implementação dos processos educativos.



Palavras-chave:  Adesão, Hipertensão arterial, Educação em saúde

E-mail para contato: aretuza_figueiredo@yahoo.com.br