60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 5. História - 2. História do Brasil

CIDADE SEGREGADA: A FACE DO CRIME E A CULTURA DA VIOLÊNCIA NA ARACAJU OITOCENTISTA (1855 – 1889)

MATEUS ANTONIO DE ALMEIDA NETO1
SHEYLA FARIAS SILVA2

1. Graduando - História - UNIT
2. Prof. Ms.C. - Departamento de História - UNIT


INTRODUÇÃO:
A sociedade oitocentista foi marcada pela cultura da violência, onde a escravidão e a ação repressiva do Estado com seu repertório de execuções e castigos se aliavam a brutalidade num teatro hostil entre homens e mulheres; a agressividade era a moeda rolante atravessando as relações sociais, fossem verticais ou horizontais, entre amantes, parentes ou inimigos, fossem no trato com as crianças como recurso pedagógico ou até mesmo entre estranhos ou próximos. Neste sentido, objetivamos discutir a face da criminalidade envolvendo as mulheres no Aracaju oitocentista, posto que, a segunda metade do século XIX foi marcada por intensas transformações sociais, políticas e econômicas no cotidiano da Província de Sergipe, entre elas podemos citar o 17 de março de 1855, dia em que por ato da Assembléia Provincial foi transferida a capital da Província, de São Cristóvão para Aracaju; fato ímpeto e modernizador, começando a nova capital o seu processo urbanístico e recebendo uma grande massa migrante, tornando um foco dos comerciantes e dos que almejavam uma chance de fazer fortuna, contribuindo para questões sociais como: pobreza e a crescente desigualdade social, ou seja, problemas como habitações, dentre outros fatores, como a crescente criminalidade.

METODOLOGIA:
O trabalho remonta-se sob um conjunto documental formado pela literatura referente à época estudada, os processos crimes - AJU/1ª V. CRI. CXs. 01/2579; 02/2580 a 84; 01/2637; 02/2638 e 03/2639 - contidos no Arquivo Geral do Judiciário de Sergipe – AGJ e as novas pesquisas atreladas ao Núcleo de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Sergipe – UFS. A partir da transcrição documental, diálogo com a literatura clássica, quantificação e análise do conjunto de fontes, escrita de relatórios por temas: crimes sofridos e praticados por mulheres; usaremos o aporte teórico o paradigma indiciário de Ginzbueg e o tático de Certeau. Ambos os autores entendidos como operações minúsculas que existem dentro da estrutura de funcionamento e leis do cotidiano a partir das táticas e estratégias empreendidas pelos atores sociais que fazem bricolagem para gerir o dia-dia.

RESULTADOS:
A transcrição dos documentos coligidos, diálogo com a literatura clássica, quantificação e análise do conjunto de fontes, escrita de relatórios por temas dentro da pesquisa facilitaram a esquematização dos capítulos e escrita do relatório final. As análises documentais: os processos crimes referentes à Aracaju do século XIX (1855-1889) contidos no Arquivo Geral do Judiciário de Sergipe – AGJ, as notícias de jornais depositados no Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe – IHGSe, no Arquivo do Tesouro do Estado - ASB e as novas pesquisas atreladas ao Núcleo de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Sergipe – UFS nos possibilitou uma gama de informações de importância ímpar para o entendimento e o avanço acerca de algumas questões que contribuiu para problemas sociais como: pobreza e a crescente desigualdade social, ou seja, problemas como habitações, dentre outros fatores, como a crescente criminalidade na Aracaju oitocentista.

CONCLUSÕES:
Seguindo os dados coligidos e entrecruzando-os com os estudos de Vellasco acerca da violência no universo oitocentista, percebemos que a violência salientava-se como uma dimensão inseparável do cotidiano dos homens, eclodindo nas mais diversas situações de convivência, seja nas relações de trabalho e lazer, os vínculos de parentesco e os de vizinhança. Por tanto, a violência não se constituía apenas como um atributo das relações estabelecidas entre os pobres e o seu mundo de cultura, mas era um dado manifesto em todas as camadas sociais. Contudo, é fácil perceber o papel da mulher nessa sociedade, entretanto, é de práxis encontrar no AGJ processos crimes que referenciam que tanto as mulheres como os homens lutaram pela sua sobrevivência no espaço geográfico da capital. Elas empulharam paus, pedras e navalhas para transgredirem as leis, no entanto, foram vítimas de uma sociedade patriarcal, onde os homens são estimulados a desenvolver condutas agressivas que revelam a força e a coragem num profundo sentimento de impotência. Por fim, os dados obtidos demonstram a disseminação da violência como um padrão que regia esta sociedade, seja na defesa da honra ou como resposta aos desafios e aos conflitos que emergia em situações diversas do cotidiano.



Palavras-chave:  Sociedade oitocentista, Cultura da violência, Arcaju/Se

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