G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica
A APRENDIZAGEM DO DESENHO COMO EXPERIÊNCIA DO OUTRO
Sabrina da Rosa1 Sandra Richter1, 2
1. Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC 2. Dra.
INTRODUÇÃO:Como aluna do curso de Pedagogia e bolsista CNPq, desde agosto de 2007, participo do projeto Experiência poética e aprendizagem na infância desenvolvido pelo grupo de pesquisa Estudos Poéticos da UNISC/CNPq. Entre as diversas tarefas semanais, tenho acompanhado o processo de inserção escolar de um grupo de crianças que freqüentam o 1º ano (2007) e o 2º ano (2008) do Ensino Fundamental de uma escola da rede pública estadual no município de Santa Cruz do Sul. A pesquisa, que acontece desde 2006, tem por objetivo investigar a relação entre a imaginação criadora e processos de aprender a significar a convivência através da Literatura e Artes Plásticas, com a interface do projeto de extensão Atividades lúdico-pedagógicos com anos iniciais do Ensino Fundamental, parceria entre a universidade e o projeto CONVIVER enquanto ação social da empresa Pionner.METODOLOGIA:Na sede dos funcionários da Pioneer desenvolvemos todas as terças-feiras várias atividades que buscam instigar o grupo de crianças a partir de propostas em diferentes linguagens. Para tanto, contribuo com o planejamento e a organização das materialidades e recursos necessários para a exploração do desenho, da pintura, da modelagem, da poesia e da narrativa, vivenciando com elas os desafios encontrados, observando e registrando com fotos e relatos semanais como nossas ações são acolhidas. Iniciamos as manhãs com a roda para oralizar poemas, da qual as crianças sempre participam trazendo alguma música ou fato que querem contar. Após desenhamos e pintamos com diferentes materiais (lápis de cor, canetinha, giz pastel, tinta têmpera) e em diferentes tamanhos e tipos de papéis, jogamos e brincamos na pracinha da empresa.RESULTADOS:Nesses encontros, passei a interessar-me pelas crianças que copiam as figuras umas das outras ou fazem juntas o desenho. A partir dos estudos teóricos, venho compreendendo a aprendizagem como processo que ocorre durante o pensar e o fazer juntos, pois o tempo acontece no corpo e o modifica, significando nossa existência coletiva. A aprendizagem está intimamente ligada ao movimento uma vez que “mexer-se para criança, é pensar. Fazer é já pensar” (FRONCKOWIAK; RICHTER, 2005). Observando um grupo desenhar, percebi que a maioria estava fazendo castelos. Sentei perto de um menino que iria começar seu desenho. Logo me perguntou se queria desenhar com ele. Perguntei o que desenharíamos e respondeu que seria um castelo.
Respondi que não sabia como fazer e ele me disse, já desenhando, para ir copiando o dele. Começou a desenhar parte por parte do castelo. Fazia um risco e esperava que fizesse o meu, sempre dizendo que deveria ser igual ao dele, inclusive as cores. Ao final, sugeriu fazermos um dragão. Esperei o menino desenhar e, nesse momento, ele me comunicou que o dragão seria feito do meu jeito, já que ele não sabia explicar como fazer. Então, fiz o meu dragão, mas a cor foi ele quem escolheu. Assim que terminei, olhei para nossos desenhos e percebi que ele tinha copiado meu dragão.
CONCLUSÕES:Como resultado parcial de meus estudos, posso afirmar que a imagem – desenhada ou sonhada – ao mesmo tempo realiza uma aproximação com a realidade e afasta-se dela. Quanto mais distante dessa realidade, mais intenso seu poder poético. Para Bachelard (1989, p.20), “é preciso ter algo mais que imagens reais diante dos olhos. É preciso seguir imagens que nascem em nós mesmos, que vivem em nossos sonhos”. Dessa forma, considero importante proporcionar, em nossos encontros com as crianças, ocasiões que possam olhar o mundo com mais beleza, favorecendo opções que permitam “criar outras realidades além das existentes, com esperança de rupturas com realidades anteriores” (LAROSSA, 2002).
Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave: criança, desenho, aprendizagem
E-mail para contato: binareichert@yahoo.com.br
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