60ª Reunião Anual da SBPC




H. Artes, Letras e Lingüística - 2. Letras - 1. Língua Portuguesa

O ENSINO DA PRODUÇÃO TEXTUAL NAS 8ªS SÉRIES DE ESCOLAS PÚBLICAS DA ZONA CENTRO-SUL DA CIDADE DE MANAUS

Luciana dos Anjos Braga1

1. Universidade do Estado do Amazonas/Escola Normal Superior


INTRODUÇÃO:
A produção textual dos estudantes da rede básica de ensino é motivo de abordagens constantes nos trabalhos dos estudiosos da área, uma vez que a capacitação lingüística dos educandos parece estar sendo pouco desenvolvida, pois ao terminarem o Ensino Fundamental apresentam dificuldades para desenvolver tais atividades. Outro fator implicador é que os docentes ministrantes das aulas de Língua Portuguesa, em sua maioria, não têm uma formação pedagógica apropriada às novas concepções de ensino ou, quando conhecedores, tem-se intimidados a colocá-las em prática, em decorrência, muitas vezes, da estrutura do sistema educacional. A preocupação com formação e a capacitação dos profissionais de Língua Portuguesa é basilar, porque ao serem inseridos no mercado de trabalho, é necessário que sejam competentes, a fim de que possam ganhar liberdade e serem capazes de constituírem-se seres criativos, reflexivos e autônomos, ao mesmo tempo em que auxiliarão a formação de seus alunos. Este projeto tem o objetivo de implantar uma pesquisa que envolve as reais situações, atendendo ao interesse de professores comprometidos com o processo ensino/aprendizagem de Língua Portuguesa.

METODOLOGIA:
Para alcançar os objetivos propostos, foram feitas observações com intuito de obter informações necessárias para a efetivação do projeto, buscando-se conhecer as práticas pedagógicas relacionadas à produção textual que os professores utilizam em aulas de 8ªséries do Ensino Fundamental. Num primeiro momento foram selecionadas oito escolas da zona centro-sul de Manaus; em seguida optou-se por professores cuja formação seja em Letras com experiência de, no mínimo, três anos de magistério. A pesquisa abrangeu sete docentes e apenas cinco escolas. Aplicou-se como técnica a observação participante, onde o pesquisador vivenciou a realidade do ambiente do professor. Caracterizou-se, pois, pelo aspecto quantitativo, para em seguida, apresentar uma abordagem qualitativa; contou com a presença de duas bolsistas do curso de Letras da Instituição e duas orientadoras do respectivo curso. Por razões metodológicas, as atividades foram realizadas em (4) etapas: levantamento bibliográfico, leitura, fichamento e discussão teórica; observação da prática pedagógica, análise dos dados e avaliação dos dados obtidos.

RESULTADOS:
Segundo a análise de dados coletados, pode-se verificar que a maioria dos docentes afirmou ter conhecimentos ainda que superficiais acerca das modernas teorias lingüísticas e afirmaram trabalharem com o texto em suas aulas, contudo, os questionários revelaram um constante interesse pelo ensino da norma culta (gramática normativa) nas aulas de Língua Portuguesa. A concepção de linguagem por trás das aulas de Língua Portuguesa observadas não é aquela que sugerem os lingüistas e os PCNs, que vêem na língua uma forma de interação. Durante a observação, foram poucas as atividades que contemplaram a produção de textos e os alunos ficaram apenas na oralidade, enquanto voltavam-se para o exercício contínuo da gramática normativa. Outro fator verificado foi a falta de material didático em mais de 50% das escolas visitadas.Segundo o referencial teórico, as novas tendências lingüísticas focalizam um trabalho que dê ao aluno condições de ampliar o domínio da língua para o exercício da sua cidadania e que ele possa ser capaz de ler e escrever conforme seus propósitos e demandas sociais. Do que foi observado, ainda não se trabalha de forma a ampliar esse domínio no aluno, uma vez que se encontra uma prática pedagógica descontextualizada e estagnada na tradição normativa.

CONCLUSÕES:
As atividades de produção escrita, leitura e análise lingüística, como destaca Geraldi (op.cit, p.66) “não podem ser tomadas como atividades estanques, mesmo porque se interligam precisamente, na unidade textual, ora objeto de leitura, ora resultado da atividade produtiva do estudante” . Mas a verdadeira realidade do ensino da Língua Portuguesa não permite ao aluno trabalhar com esses enfoques. Constatou-se nessa pesquisa que a conduta dos professores mostra o despreparo de sua formação, por isso atuam como meros repetidores, contribuindo assim com o fracasso escolar no desenvolvimento de leitores e escritores críticos. Durante as observações viu-se que a prática dos professores das escolas inquiridas aponta para a pouca importância do ensino da leitura e da produção escrita, em um Estado que está classificado em último lugar na Prova Brasil. E, se a escola é o espaço privilegiado para se desenvolver as habilidades dos indivíduos que ali chegam, os professores devem auxiliar seus alunos a serem ativos no desenvolvimento da capacidade lingüística do educando.

Instituição de fomento: FAPEAM

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Lingüística, Ensino, Texto

E-mail para contato: anjos_2@hotmail.com