60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 5. Zoologia Aplicada

OLIGOQUETOS TERRESTRES NA RESERVA BIOLÓGICA MUNICIPAL POÇO D’ANTA – JUIZ DE FORA – MG

Clésio Castro da Silva2
Gilson Alexandre de Castro1
Thiago Martins da Silva1

1. Departamento de Zoologia, ICB, UFJF
2. Biólogo


INTRODUÇÃO:
Os oligoquetos edáficos são denominados “engenheiros do ecossistema”, já que constituem a maior parte da biomassa de invertebrados do solo nos trópicos úmidos, pois suas atividades levam à criação de estruturas biogênicas (galerias e coprólitos), que modificam as propriedades físicas dos solos onde vivem e disponibilidade de recursos para outros organismos. Ao cavar e ingerir/expelir solo, as minhocas criam uma ampla rede de galerias abertas e/ou fechadas, tanto na direção vertical como na horizontal. A atividade das minhocas no solo pode ter importantes efeitos cumulativos nas populações e na atividade de outros organismos dentro do solo e na serrapilheira, assim como nas propriedades químicas (especialmente o teor de matéria orgânica, a disponibilidade de nutrientes e o pH do solo) e físicas (agregação, porosidade, infiltração e retenção de água no perfil) do solo, e na pedogênese. O presente trabalho teve como objetivo avaliar rapidamente as populações de oligoquetos edáficos na Reserva Biológica Municipal Poço D’Anta, Juiz de Fora (MG).

METODOLOGIA:
A Reserva Biológica Municipal Poço D’Anta (W 43o 18’ 29,28” – S 21o 44’ 23,33” e W 43o 19’ 9,70” – S 21o 45’ 51,78”), possui 2.770.000,00 m2, em área de rochas quartizíticas pertencentes à base da Megassequência Andrelândia. O domínio fitogeográfico é um remanescente da Floresta Estacional Semidecidual substituída nas partes mais baixas por matas higrófilas. Foram amostrados 12 pontos de coletas em março e junho de 2007, pelo método TSBF que consiste na retirada de blocos de solo de 100 x 100 cm de largura e 20 cm de profundidade. Em cada monólito foi mantida a distância de aproximadamente 10 m. Os organismos extraídos por meio de pá e armazenados no interior de sacos plásticos WYDA ZIP, triados e lavados individualmente para retirada de compostos aderidos ao muco, quantificados, anestesiados por congelamento entre 6 a 8 horas e fixados em formalina a 10%. No laboratório do núcleo de estudos de oligoquetos terrestres (ICB, UFJF), com auxílio de uma lupa binocular, procedeu-se à identificação através de chaves dicotômicas. Os dados de densidade populacional de oligoquetos edáficos (x), dada a sua heterogeneidade, foram transformados em log (x+1) e submetidos à análise de variância.

RESULTADOS:
A espécie Pontoscolex corethrurus (Muller, 1857), foi a mais abundante com 628 espécimes (91,68%) enquanto Amynthas hawayanus (Rosa, 1891) esteve representada com 42 espécimes (6,13%) e Amynthas indica (Horst, 1883) com 15 espécimes (2,19%). P. corethrurus é peregrina, circuntropical, em toda a zona tropical e subtropical do mundo é epiendogeica na profundidade. Eurihígrica resiste bem às inundações e à falta de água, no caso extremo de seca entra em estivação. Não tem preferência pelo tipo de solo, vivendo desde os solos predominantemente argilosos até nos depósitos aluvionais de areia e nem pela origem dos detritos orgânicos de que se alimenta, sendo freqüente nos jardins, depósitos de lixo urbano e na mata primária. A. hawayanus e A. indica são mais comuns em jardins e que tiveram a contribuição do homem por meio de transporte passivo em raízes de plantas. As comunidades de minhocas são sensíveis aos fatores climáticos e edáficos, os quais determinam a disponibilidade dos recursos alimentícios e as condições microclimáticas. A atividade das minhocas influencia diretamente a agregação e porosidade na camada superficial do solo, afetando também a dinâmica da matéria orgânica e dos nutrientes, pela mistura de materiais no perfil do solo, inclusive em superfície, a cerca de 70 a 150 cm de profundidade.

CONCLUSÕES:
No presente estudo, a alta densidade e biomassa de P. corethrurus esteve sempre acompanhada por uma alta e diversa população de outros macro-invertebrados. Nesse caso esses organismos poderiam estar trazendo um efeito benéfico ao solo, que precisa ser mais bem estudado. A presença exclusiva de algumas destas espécies sugerem adaptações obtidas no passado, quando a Mata Atlântica foi derrubada para a instalação de monoculturas. Considerando o reduzido número de amostras realizadas e a pequena área estudada, é necessário de um maior esforço de coleta (mais amostras e localidades cobrindo uma maior superfície) para conhecer a diversidade e ecologia das minhocas de terra da Mata Atlântica. A relação entre espécies nativas e exóticas de minhocas em uma determinada área ainda não é totalmente conhecida, havendo dúvidas sobre a existência de possível competição ente as mesmas.



Palavras-chave:  Minhocas, Conservação, Diversidade

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