60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

A busca por novos agentes antimicrobianos naturais capazes de controlar o crescimento de microrganismos patogênicos é crucial, uma vez que muitos destes podem apresentar resistência aos antibióticos atualmente utilizados no tratamento de infecções patogênicas. Estudos recentes do nosso grupo de trabalho demonstram que produtos naturais oriundos de macro e microrganismos marinhos apresentam significativa atividade antimicrobiana contra microrganismos patogênicos resistentes a antibióticos. O presente trabalho propõe-se a analisar a atividade antimicrobiana de extratos e produtos naturais puros, obtidos a partir de invertebrados e microrganismos marinhos, sobre microrganismos de importância médica e odontológica, resistentes a antibióticos comerciais. A avaliação foi realizada utilizando-se o método de microdiluição e determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM).

METODOLOGIA:

Microrganismos: Para os testes foram selecionadas 8 cepas padrões: Escherichia coli NTCC 861, Staphylococcus aureus ATCC 6538, Enterococcus faecalis ATCC 14506, Streptococcus sanguinis ATCC 15300, Streptococcus sobrinus ATCC 27607, Streptococcus mutans UA 159, Isolado clínico de S. mutans, Candida albicans ATCC. Antibiograma (Método de Kirk Bauer): Realizado segundo normas do CSLI. Cada microrganismo foi inoculado em placas de Mueller Hinton, e foram adicionados discos de antibióticos comerciais. A leitura dos resultados foi indicada pela presença de halo de inibição do crescimento bacteriano ao redor do disco. Obtenção de extratos/frações: Extratos foram obtidos como descrito anteriormente (SELEGHIM, et al., 2007). Foram empregados 347 extratos de invertebrados marinhos (ascídias, briozoários, esponjas e octocorais) e microrganismos marinhos, bem como 11 metabólitos secundários puros. Concentração Inibitória Mínima (CIM): Realizado segundo normas do CSLI. Os extratos e compostos puros foram preparados na concentração de 500 ug/mL. Em seguida as amostras foram diluídas serialmente em DMSO (1%) na razão 2. Os testes foram realizados em microplacas estéreis com 96 poços, contendo em cada poço um volume total de 100 uL (40 uL de meio de cultura + 20 uL de inóculo bacteriano + 40 uL da substância diluída em água). Após 24 h de incubação em microaerofilia (10% CO₂) o crescimento microbiano foi medido em leitor automático de microplacas (Abs 550-560 nm).

RESULTADOS:

Nos testes de antibiograma, os estreptococos orais (S. sobrinus ATCC 27607, S. mutans UA 159, isolado clínico de S. mutans) apresentaram resistência à estreptomicina em dose de 10 ug/mL. Com exceção de C. albicans naturalmente resistente aos antibióticos testados. Os demais microrganismos de importância médica apresentaram resistência aos seguintes antibióticos: penicilina 10 ug, ampicilina 10 ug, amoxacilina 10 ug, vancomicina 30 ug, azitromicina 15 ug, estreptomicina 10 ug e tetraciclina 30 ug e apresentaram sensibilidade ao antibiótico imipinem 10 ug. Nos testes de CIM, a fração Dr-MSP-10d-P3 isolada da ascídia Didemnum sp apresentou CIM de 125 ug/mL contra todos os microrganismos testados. O extrato DR(M3)6, obtido a partir do meio de cultura de um fungo isolado da esponja Dragmacidon reticulata, apresentou CIM de 62,5 ug/mL em todos os microrganismos testados, com exceção de E. coli. Dentre os demais extratos e compostos puros testados, cerca de 64 amostras inibiram 50% ou 100% do crescimento de uma ou mais cepas testadas, principalmente estreptococos orais. Dentre eles, 32 extratos extratos/frações apresentaram CIM de aproximadamente 125 ug/mL.

CONCLUSÕES:

Diante dos resultados obtidos, concluímos que produtos naturais de origem marinha apresentam significativa atividade antimicrobiana com potencial a futuras aplicações nas áreas médica e biotecnológica, inclusive como anticariogênicos.

Instituição de fomento: FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de SP

Palavras-chave: Antimicrobianos, Produtos Naturais

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