60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

A construção da tradição em uma Comunidade Alternativa, localizada nos arredores da cidade de Londrina-PR, formou-se a partir de jovens que abandonaram os centros urbanos, para conceber uma nova possibilidade de relação com o outro e a natureza. Tendo como base os princípios da tradição bíblico-cristã, se propõe uma “nova ordem social”. Perceber os mecanismos que influenciaram esta construção e de que maneira essa tradição e os costumes são sustentados são os objetivos desta pesquisa.

METODOLOGIA:

A primeira etapa do projeto, consistiu em apreender os conceitos de tradição e costume, que Giddens e Hobsbawn utilizam para compreender a nova realidade das relações que são inventadas pela modernidade, aliando essa discussão conceitual a uma pesquisa bibliográfica sobre o universo alternativo, que eclode com maior intensidade no final dos anos 60, sendo uma explosão do movimento de Contra-Cultura, as pessoas queriam não apenas reformular suas vidas, mas mudar a noção de trabalho, de produção cultural, do uso da técnica entre outros elementos que perderam seu significado na lógica do capital.

RESULTADOS:

A comunidade é uma forma de unir desejos comuns e a vontade de fugir da sociedade de consumo, porém a constituição de um local que acolhe diferentes indivíduos em um mesmo objetivo, requer uma estrutura que organize as relações sociais e estabeleça parâmetros de convivência, para essa efetivação a base é a tradição, um conjunto de práticas, crenças e técnicas que são propriedades da comunidade e não de indivíduos e possui como características primordiais, o ritual e a repetição. O ritual é o meio prático que garante a preservação da tradição, pois separa essa atividade das tarefas cotidianas, porque contem significação, possui uma força que combina moral e emocional. A repetição dos rituais é uma ação que se origina pela emoção contida no ritual, é devido a isto que em grande parte, repetir esses cerimoniais, são ações inconscientes e pouco compreendidas pelos indivíduos, que acreditam na importância do ritual, mas não sabem porque acreditam, ou mesmo porque são realizados desta forma e não de outra. Uma maneira de fixar os indivíduos em um único mundo, um meio de evitar a exposição a valores que são estranhos e podem quebrar a dinâmica interna da comunidade.

CONCLUSÕES:

Pensar que as tradições são um conjunto de símbolos e práticas seculares, é uma maneira simplificadora de compreender a complexidade da formação de comunidades. As tradições são inventadas com objetivos pré-determinados, não se desenvolvem espontaneamente, são suscetíveis a mudanças, podem evoluir ou extinguir-se ao longo do tempo. Assim todo o aparato existente na Comunidade foi pensado antecipadamente, desde a forma como constroem suas casas, como educam seus filhos entre outros, foi concebido de maneira a instrumentalizar o pensamento dos indivíduos. Podemos pensar, até que ponto o movimento alternativo está propondo a emancipação do homem, e em que medida o discurso condiz com a prática, se ao tentar fugir de uma prisão, não está se construindo uma outra, mais forte e que incapacita o homem de compreender seu próprio lugar nesta realidade.

Instituição de fomento: Programa de Educação Tutorial

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: Tradição, Comunidade alternativa, Consumo

E-mail para contato: chiquinho_pa_pj@yahoo.com.br