60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 10. Educação Rural

O PAPEL DAS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS NA CADEIA PRODUTIVA DO BABAÇU

Flávia Danielle Simas Costa1
Terezinha Moreira Lima1

1. Universidade Estadual do Maranhão(UEMA)


INTRODUÇÃO:
Este trabalho faz parte da pesquisa “Construção de redes de solidariedades face aos processos de reestruturação produtiva e de desenvolvimento regional no Maranhão: geração de trabalho e renda através dos empreendimentos de economia solidária”, onde se procurou identificar o papel e atuação das organizações não governamentais nas áreas onde se desenvolvem as atividades das mulheres quebradeiras de coco babaçu. O Maranhão possui uma significativa área de babaçuais, onde muitas famílias retiram da quebra do coco babaçu o seu sustento, daí a importância de investigar o papel das ONG’s no contexto da cadeia produtiva do babaçu com o objetivo de analisar se a sua presença é negativa ou positiva. As mulheres participam de várias entidades, dentre elas o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR’s) e de cooperativas utilizando estratégias e formas de mobilização expressas no MIQCB e na realização de eventos e encontros do movimento. Ressalta-se que em todo esse processo as Organizações Não Governamentais aparecem prestando assessoria e apoio às trabalhadoras rurais. As ONG’s surgem devido a omissão ou incapacidade do Estado frente as necessidades da sociedade, existindo diversos tipos de organizações que atuam de forma desenvolvendo diversas atividades junto a esses segmentos.

METODOLOGIA:
A pesquisa foi desenvolvida através de levantamento bibliográfico sobre a temática específica, participação em eventos acadêmicos como os seminários de apresentação dos trabalhos de iniciação científica, além da realização de debates em sessões de estudo. As sessões de estudo visaram contribuir de forma bastante significativa para o aprofundamento teórico da pesquisa. Os textos trabalhados durante a pesquisa foram os seguintes: • QUIJANO, ANÍBAL. In: SANTOS, Boaventura de S. (org.) Produzir para viver. Os Caminhos da produção não-capitalista. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002(Reinventar a emancipação social: para novos manifestos; 2). • Textos de Mésáros, Istiván. O Poder da Ideologia. Tradução de Paulo Cezar Catanheira. São Paulo; Boitempo Editorial, 2004. • Ricardo Antunes: Os Sentidos do Trabalho (2002). • Sérgio Lessa: Para além de Marx Trabalho Imaterial (2005), dentre outros. Em termos da pesquisa empírica foi realizado o levantamento de dados através de visitas e entrevistas em quatro municípios e três povoados da zona rural do Maranhão, entre eles: Itapecuru-Mirim; Penalva; São José dos Mouras (povoado pertencente ao município de Lima Campos); Pedreiras (ASSEMA); Lago do Junco (COOPALJ); Ludovico e São Manuel (povoados pertencentes ao município de Lago do Junco).

RESULTADOS:
No município de Itapecuru-Mirim, as mulheres contam com a presença das Ong’s Instituto do Homem, Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), ambos além dos cursos fornecem transporte e alimentação para que as mulheres participem dos eventos. Receberam cursos de artesanato feito da palha do babaçu, bijuterias do babaçu, cursos sobre o associativismo e o cooperativismo oferecidos pelo Serviço Nacional da Indústria (SENAI) e os cursos de comercialização e de Gosto Caipira oferecidos pelo PLANEJO. No município de Penalva destaca-se a Organização ACTIONAID, apoiando a fábrica de sabonete e a Instituição Pão do Mundo na construção de um espaço para as mulheres realizarem suas reuniões. O MIQCB atua na documentação das mulheres; Pró-Ambiente nos cursos de capacitação ambiental. Em São José dos Mouras, o Grupo do Azeite tem a parceria e ajuda financeira do MIQCB, na reestruturação do local aonde é fabricado o azeite, a compra da máquina e outros materiais. Recebem o apoio da ASSEMA em um projeto de desidratação de frutas. Em Lago do Junco no povoado de São Manoel receberam uma doação do UNICEF para fazer a fábrica de sabonetes. Em Ludovico, receberam a visita de uma Ong chamada Miserium que forneceu auxílio, para construção de uma cooperativa, a COPPALJ.

CONCLUSÕES:
As quebradeiras de coco quando questionadas sobre a presença das Ong’s nas áreas dos babaçuais 100% afirmam ser de forma positiva, as Ong’s vão fornecer um auxílio que muitas vezes o Estado se omite em fazê-lo e isso nas áreas dos babaçuais é visível, já que grande parte dos governantes são latifundiários e acabam defendendo à sua classe com afirma a presidente da Associação do bairro novo, a senhora Nice Ayres: “Quais são os defensores? Os “juiz” tudo tem búfalo, ta entendendo? Os prefeitos tudo têm búfalos, tudo devasta a palmeira, tudo devasta o meio ambiente, os deputados 99%, os senadores a mesma coisa, governadores a mesma coisa”. Por fim, durante todo o processo de estruturação e organização dessas mulheres quebradeiras de coco as Organizações Não Governamentais se fizeram presentes, seja fornecendo cursos para a capacitação das mesmas ou no financiamento dos seus projetos, de forma pontual e esporádica. O que denota a falta de participação mais efetiva dos governos no desenvolvimento de projetos e na implementação das políticas públicas voltadas para as trabalhadoras rurais do Maranhão, especialmente as mulheres que trabalham na cadeia produtiva do babaçu.

Instituição de fomento: Universidade Estadual do Maranhão(UEMA)

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Quebradeiras de coco, Trabalho, ONGs

E-mail para contato: flaviah_dsc@yahoo.com.br