60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 4. Fitotecnia

ESTUDO DE DORMÊNCIA EM SEMENTES DE TIPOS ESPECIAIS DE ARROZ

Jackeline Marques Faria1
Jaime Roberto Fonseca2

1. ufg
2. Embrapa Arroz e Feijão


INTRODUÇÃO:
No Brasil, principalmente nos grandes centros urbanos, a maioria dos consumidores tem a preferência pelo arroz-branco, de grãos longos e finos, popularmente conhecido como agulhinha, mas parte da população de hábitos alimentares diversos prefere os tipos especiais de arroz, como o arroz-vermelho, uma iguaria gastronômica na dieta alimentar dos habitantes do Sertão Nordestino e o arroz-cateto, constituído por um padrão especial de grãos longo, médio ou curto, com forma arredonda, semi-arredondada ou meio alongada, geralmente consumido como arroz integral. Como se sabe as sementes de arroz recém-colhidas apresentam dormência, isto é, um estado normal de repouso, em que elas não germinam mesmo em presença de fatores favoráveis, como água, luz temperatura e oxigênio. Várias têm sido as causas apontadas como promotoras da dormência das sementes de arroz, porém, a maioria dos pesquisadores apontam como as principais, a presença de inibidores de germinação, como o ácido abscísico, temperaturas elevadas (30°) a partir de dez dias após a floração e a impermeabilidade ao oxigênio do complexo casca (lema e pálea) e pericarpo. O objetivo desse trabalho foi identificar a intensidade e duração da dormência das sementes de genótipos de arroz-vermelho e cateto.

METODOLOGIA:
O trabalho foi realizado na Embrapa Arroz e Feijão, município de Santo Antônio de Goiás – GO, avaliando a dormência de cinco genótipos provenientes de expedições de coleta, sendo três de cariopses vermelha denominados de Agulhão, Cacho de Ouro e Mineirinho e dois de cariopses branca denominados três Meses e Zebú, ambos arrozes do tipo cateto. Os cinco genótipos foram semeados em vasos, em casa de vegetação, durante o mês de agosto de 2007. As sementes colhidas foram submetidas à secagem natural à sombra por cinco dias. O trabalho foi dividido em duas partes, sendo a primeira destinada ao estudo de dormência em laboratório, que consistiu de testes padrão de germinação, utilizando-se 50 sementes por genótipo semeadas em substrato de papel, as quais foram colocadas em germinador na temperatura de 30ºC. Foram realizadas contagens aos sete e doze dias após a colocação no germinador. A segunda parte foi destinada ao estudo de dormência pós-colheita em solo. Foram semeadas dez sementes por genótipo, em solo previamente preparado em vasos colocados em casa de vegetação. A contagem das plântulas emergidas foi feita aos doze dias após o plantio. Para os dois ambientes, os testes foram realizados a cada doze dias, com início no quinto dia após a colheita e secagem. Os resultados foram expressos em porcentagem de sementes germinadas.

RESULTADOS:
As sementes de arroz-vermelho e cateto exibiram variação na dormência nos dois ambientes estudados, tendo sido menos intensa e menos duradoura no solo, quando comparada com as do germinador. Os dados das análises feitas no laboratório variaram entre os genótipos, sendo a dormência menos intensa e pouco durável na cultivar três Meses, exibindo 98% de germinação aos 29 dias após a colocação no germinador. Tanto os genótipos de grãos vermelhos (Agulhão, Cacho de Ouro e Mineirinho) como o outro do tipo cateto, apresentaram sementes dormentes com duração mais longa, indo até ao redor de 60 dias depois de colhidas (germinação acima de 80%). Com relação aos testes em solo, a cultivar Agulhão (vermelho) não exibiu dormência, mesmo no início do estudo, aos cinco dias após a colheita. As cultivares Cacho de Ouro e Mineirinho, ambas de grãos vermelhos, a dormência durou 17 dias, o mesmo ocorrendo para o genótipo cateto três Meses. Já para o Zebú a dormência também não foi além dos 29 dias após a colheita, com germinação de 90%.

CONCLUSÕES:
Quando houver necessidade de usar sementes de arroz-vermelho ou cateto recém colhidas para plantio, deve-se considerar que os genótipos aqui estudados apresentam o fenômeno “dormência pós-colheita” variável. A dormência dos genótipos avaliados se mostrou pouco persistente, sendo que sua duração foi inferior a dois meses.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Arroz-vermelho, Arroz-cateto, Dormência

E-mail para contato: bjacka@hotmail.com