G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 5. Antropologia Urbana
ECOMUSEU SÍTIO DO FÍSICO: UM ESTUDO SOBRE NOVA MUSEOLOGIA EM SÃO LUIS-MA
Laura Natasha Nery Mendonça de Sousa1 Alexandre Fernandes Corrêa1, 2
1. Universidade Federal do Maranhão 2. Prof. Dr. - Departamento de Sociologia e Antropologia - UFMA - Orientador
INTRODUÇÃO:Esse trabalho é caracterizado pela transdisciplinaridade e tem como objetivo compreender as ‘representações sociais’ que permeiam o convívio comunitário no cotidiano do entorno do Sítio do Físico e, assim, qualificar o diálogo Ecomuseu/sociedade.
O Sítio do Físico compreende as ruínas de um complexo industrial de grande porte, construído por Antônio José da Silva Pereira, Físico-Mor da Província do Maranhão no período de 1799 a 1817. Encontra-se localizado no Parque Estadual do Bacanga, e, desde 2006, tem-se a Associação de Amigos do Ecomuseu Sítio do Físico.
Nesse estudo, iniciamos a discussão sobre Nova Museologia no Estado do Maranhão, observando esse lugar não só como um conjunto arquitetônico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1981, mas como um local onde ocorrem encenações sociais decorrentes da dinâmica das diversas relações entre pessoas e destas com o espaço.
Permeando nosso estudo, também abordamos o viés histórico do objeto em questão, não no sentido de entender o passado para justificar o presente, mas porquê, assim como Marc Bloch (2001), entendemos que:
“A incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado. Mas talvez não seja menos vão esgotar-se em compreender o passado se nada se sabe do presente.” (p. 65)METODOLOGIA:O trabalho divide-se basicamente na pesquisa documental, bibliográfica, na pesquisa de campo, na análise dos dados e elaboração de relatórios, voltada para o estudo sobre a musealização do espaço.
A bibliografia pesquisada diz respeito à história do maranhão do período de construções do Sítio do Físico (século XIX), para análise e comparação dos dados da pesquisa documental, e de livros que subsidiem a discussão sobre Nova Museologia, o olhar e a análise da observação em campo.
A análise dos dados provenientes da pesquisa documental está sendo feita com a comparação entre as fontes, aperfeiçoando ou somente mudando nosso olhar sobre o passado, uma vez que esse não muda (Marc Bloch, 2001).
A pesquisa de campo baseia-se em alguns princípios da antropologia contemporânea, especialmente da antropologia do olhar (Lévi-Strauss, 1986) e através de uma abordagem intercultural (Canclini, 2003).
O olhar dirigido para o campo ocorre de forma empírica, analisando o ambiente sócio-cultural onde o objeto de estudo se encontra e fazendo o registro de cenas do cotidiano, na tentativa de apreender o olhar das comunidades sobre o Sítio do Físico.RESULTADOS:Durante a pesquisa, foram selecionados para análise 109 entre 3700 mil documentos do Arquivo Histórico Ultramarino e analisados 75 edições do jornal “O Conciliador do Maranhão” da Biblioteca Pública Benedito Leite, que resultaram na apresentação de trabalhos em duas ocasiões, e mostraram a dissonância entre a bibliografia específica sobre o Sítio do Físico e os documentos encontrados.
O acesso a documentos sobre o processo de tombamento do Sítio do Físico, localizados no IPHAN, revelou a idéia de musealização que se teve em primeiro momento sobre aquele espaço, que seria instituída pelo Estado, mas que acabou não ocorrendo, criando mais um vertente de pesquisa.
A discussão sobre museologia amadurece em conjunto com a discussão no Grupo de Pesquisa e a apresentação do trabalho em eventos, assim como os dados da pesquisa antropológica, que ainda são iniciais.CONCLUSÕES:As obras específicas sobre o Maranhão do período estudado em geral demonstram não conhecer o tamanho do complexo industrial, o volume de recursos ali empregados e a importância do empreendimento para a sociedade da época. Os estudos restringem-se a figura do físico, sem fazer uma abordagem mais ampla do contexto político sócio-econômico em que o sítio se insere.
O processo de constituição do Ecomuseu Sítio do Físico está em seu início. A relação entre a comunidade com o Sítio do Físico caminha com os esforços da diretoria e das lideranças comunitárias no intuito de fazer desse um local onde ocorre o diálogo e a transformação da sociedade sob a ótica do desenvolvimento sustentável.
Observamos durante as atividades em campo que os moradores do entorno do Sítio do Físico estão cientes de que são vizinhos de um patrimônio histórico, arqueológico e ambiental; alguns já se envolvem nas atividades propostas pelo ecomuseu, enquanto outros agem como se não fosse também sua obrigação preservar.
Instituição de fomento: PIBIC/UFMA/CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave: Patrimônio, Nova Museologia, Ecomuseu
E-mail para contato: lauranatasha@gmail.com
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