60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia

A RODOVIA COMO FENÔMENO: ACESSIBILIDADE E VULNERABILIDADE NA VIA ANHANGUERA (SP)

Gabrielle Mesquita Alves Rosas1, 2
Eduardo Marandola Jr.2
Daniel Joseph Hogan1, 2

1. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas / IFCH / UNICAMP
2. Núcleo de Estudos de População / NEPO / UNICAMP


INTRODUÇÃO:
Um aspecto que caracteriza uma estrada é sua capacidade de ligação. São conectoras por excelência. Considerando-se o atual padrão de expansão urbana de caráter disperso (observado em vários lugares do mundo), o deslocamento torna-se elemento central na rotina de muitas pessoas que vivem, trabalham, divertem-se em lugares distintos. Porém, ao mesmo tempo em que conecta lugares distantes, a estrada separa lugares próximos. Perceber essa duplicidade altera a visão das relações que ela mantém com seu entorno, a depender do foco da observação. Há diferenças de relação com o lugar conector e com o lugar segregador que parecem apontar para diferentes percepções de perigos, exposições a riscos e para as diferentes maneiras que as pessoas/grupos encontram para enfrentar os riscos, sua vulnerabilidade. O olhar panorâmico (dos trabalhos de grande escala) neblina detalhes que também fazem parte da essência destes como lugares. Um estudo de menor escala, sobre um local específico, pode ajudar a compreender a trama de riscos e perigos às quais um indivíduo está exposto e suas estratégias de lidar com eles. Este estudo se propõe a analisar a ambivalência dos riscos e perigos no duplo movimento (conexão-segregação) da via Anhanguera, no trecho metropolitano entre Campinas e Sumaré.

METODOLOGIA:
Tendo como corpo teórico a Geografia Humanista e seguindo discussões sobre a necessidade de ampliar o leque de estudos qualitativos no campo de População e Ambiente, foi realizada uma série de trabalhos de campo e entrevistas que procuram explorar e investigar a experiência do indivíduo com o seu espaço de vivência. O trabalho de campo enquanto meio de conhecer, por meio do envolvimento, o lugar e as pessoas que o vivem (que o entendem e o constroem) e as conversas (entrevistas não direcionadas) como forma de entrar em contato com a percepção destas, as mais vulneráveis aos perigos da rodovia. Buscando mesclar a visão individual com aquela que é mais geral sobre o assunto, elaborou-se uma cartografia temática da vulnerabilidade da via Anhanguera.

RESULTADOS:
A dinâmica da rodovia junto ao ambiente no qual ela se insere comporta grupos de vulnerabilidade variada. Um se relaciona com ela através de sua acessibilidade e um outro através de sua segregação. A Anhanguera enquanto conectora é ótima devido à mobilidade que proporciona. As pessoas que nela circulam na condição de passantes, acabam por não se darem conta dos perigos que correm. Sendo rotineira e necessária a locomoção através deste eixo, as preocupações com segurança e problemas ambientais são ofuscadas pela manutenção da conexão (que feita em grande velocidade não dá tempo à reflexão sobre o tema). Por outro lado, viver próximo à Anhanguera, andar e movimentar por ela sem a velocidade que ela pode proporcionar é desagradável; é mais fácil para estas pessoas observarem o que para o outro grupo é menos perceptível. Ao contrário do primeiro grupo, que se movimenta velozmente, o entorno observa esta movimentação e as conseqüências dela derivadas.

CONCLUSÕES:
Observou-se que são diferentes os perigos aos quais estes dois grupos estão expostos. A rodovia funciona de modos distintos, a depender do ponto de vista observado e, sendo assim, essa diferença deve ser destacada quando se pensa o assunto. Diferenciar os grupos e ver as diferentes vulnerabilidades é fundamental para a projeção de ações de enfrentamento dos perigos, já que tratar de um aspecto sem o outro é deixar de lado parte de acontecimentos relacionados entre si.

Instituição de fomento: CNPQ

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  riscos e perigos, vulnerabilidade, geografia humanista

E-mail para contato: gab.violeta@gmail.com