60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 5. História - 1. História da Cultura

A IMAGEM DO OUTRO NO CINEMA: LEITURA DE NORDESTE.

Maristela Pereira de Araújo1
Douglas Araújo2

1. UFRN
2. Prof. Dr._ Departamento de História e Geografia_UFRN


INTRODUÇÃO:
Quando a Tradição convive com a Modernidade no Seridó, no auge da agricultura comercial do algodão, Caicó, cidade empório comercial da região, detém símbolos dessa modernidade. Entre estes, quatro salas de exibição de cinema se sucedem trazendo novos costumes, conhecimentos, influências na cultura da população. Dos anos de 1970 a 1990 ocorre o desmoronamento das fazendas ou a morte do Sertão Antigo no Seridó. Com a desestruturação das fazendas, ocorreu o êxodo rural e nas novas vivências citadinas os hábitos de sociabilidade são outros. Na falta do exercício da oralidade, a memória e as histórias desses personagens deitam no esquecimento. As histórias passam a ser narradas por outros, em linguagem cinematográfica. Dessa relação cinema e historia, pretende-se analisar como o imaginário sertanejo suas histórias, são ditas/vistas pelo cinema nacional, sendo esta uma visão do outro.

METODOLOGIA:
O cinema evoluiu e se firmou enquanto arte a partir das inovações, ousadias, das diferenças. Neste sentido, sob o modelo teórico-metodologico de Marc Ferro, pretende-se uma analise das imagens do Nordeste, dito/visto pelo cinema nacional de forma estereotipada. Com este objetivo, dialogamos com dois filmes: Narradores de Javé (Dir. Eliane Caffé, Brasil, 2003) e O Homem que desafiou o Diabo (Dir. Moacyr Góes, Brasil, 2007), além das fontes orais, para sabermos como essas imagens são aceitas ou retificadas pelo espectador dentro da lógica industrial de produção e distribuição/ mercado do cinema.

RESULTADOS:
Com o declínio da cultura comercial do algodão, o seridó potiguar perde parte de seu fôlego de Modernidade. A ultima sala de exibição fecha suas portas em fins da década de 1980. Contudo, verifica-se que o cinema ainda permeia as memórias e sonhos dos cinéfilos daqueles idos. O habito de ver novelas enclausura e emudece as famílias dentro de suas casas, em frente à reduzida tela da tv. Poucos têm oportunidade de prestigiar_ em outros centros _o ritual do cinema, de sair, assistir, discutir, aprovar ou negar os sucessos nacionais que dizem muito de nós.

CONCLUSÕES:
Inseridos num modelo de cinema nacional em que a identidade de um povo / região foi a muito forjada e reproduzida de forma caricata, o Nordeste para alguns diretores cinematográficos é uno, seco, faminto, violento, estagnado, nascente de migrantes. E é isso que suas câmaras mostram. Sua linguagem novelesca e suas imagens cristalizadas não induzem à reflexão, ao pensamento, principio da arte. Arte e reflexão possível em Narradores de Javé, onde o trabalho de pesquisa faz aparecer as singularidades e poesia de uma comunidade e que poderia ter sido melhor trabalhado nos mitos e histórias de do Seridó potiguar em O Homem que Desafiou o Diabo.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Cinema, Nordeste, Histórias

E-mail para contato: maristelapa@yahoo.com.br