60ª Reunião Anual da SBPC




A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física

CARACTERIZAÇÃO DA FISIONOMIA DA VEGETAÇÃO DO PARQUE ESTADUAL DO JARAGUÁ - SÃO PAULO - SP

Silvia Maria Bellato Nogueira1
Frederico Alexandre Roccia Dal Pozzo Arzolla1
Gisela Vianna Menezes2
Sidnei Raimundo3

1. Pesquisador Científico - Instituto Florestal de São Paulo - IF-SMA-SP
2. Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental - CETESB - SMA - SP
3. Prof. Dr. do Departamento de Lazer e Turismo - EACH - USP - Orientador


INTRODUÇÃO:
O Parque Estadual do Jaraguá (decreto de criação 38.391 de 03/05/1961), situado no município de São Paulo, possui 492,68 hectares. A vegetação que o recobre é secundária, remanescente da floresta ombrófila densa, fortemente afetada por pressões antrópicas. Nas áreas marginais ao parque, predomina a expansão urbana. Com altitude média de 900 metros, encontra-se no domínio geomorfológico do Planalto Paulistano / Alto Tietê, com morros altos e médios e topos convexos. A litologia constitui-se por granitos e quartzitos no nível topográfico mais alto, com destaque para a ocorrência de maciços quartizíticos remanescentes, além dos e gnaisses e migmatitos no nível topográfico médio. Os solos são do tipo Neossolos, Latossolos Vermelho-amarelos e Podzólicos Vermelho-amarelos. O parque se encontra numa área com formação constante de neblina, com clima tipo Cfb mesotérmico e úmido, sem estiagem. A justificativa central para a execução desta pesquisa foi a de que uma população florestal, para ser adequadamente gerida, assim como sustentavelmente utilizada, necessita que suas características sejam conhecidas, sendo a análise da sua distribuição fisionômica na paisagem, uma das etapas deste processo de conhecimento. Deste modo, o mapeamento da fisionomia da vegetação e sua relação com a paisagem no Parque Estadual do Jaraguá foi o objetivo central, contemplando a primeira fase de Elaboração do seu Plano de Manejo, atualmente desenvolvido pelo Instituto Florestal da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo.

METODOLOGIA:
A composição fisionômica da vegetação do Parque Estadual do Jaraguá foi estudada com a documentação aerofotogramétrica disponível, datada de 2001, na escala 1:20.000. A metodologia de trabalho visou identificar e propor o zoneamento do parque, segundo os padrões fisionômicos dominantes e sua correlação com os níveis topográficos na paisagem. Os padrões fisionômicos foram identificados a partir das fases da regeneração florestal descritas na Resolução Conama 1/1994, que define a fisionomia e as características dos estágios pioneiro, inicial, médio e avançado de regeneração florestal da Mata Atlântica. As informações foram ajustadas considerando também as particularidades da área analisada, com as condições de relevo, clima, solo e o histórico do uso da terra e impactos sobre a vegetação. As etapas seguidas foram a revisão bibliográfica dos trabalhos de vegetação relativos à área; a seleção da documentação aerofotogramétrica; a definição da legenda com as chaves de interpretação e padrões identificados; a marcação de pontos amostrais para averiguação da legenda definida em campo; a fotointerpretação das fotografias aéreas; a transferência dos overlays para meio digital; a versão preliminar do mapeamento da fisionomia da vegetação; nova conferência em campo para ajuste dos polígonos definidos; a versão final do mapeamento; a etapa de correlação e síntese com elaboração do mapa de zoneamento das áreas segundo os padrões fisionômicos dominantes e sua correlação com os níveis topográficos na paisagem.

RESULTADOS:
O mapa da fisionomia da vegetação resultou em cinco zonas: I. Áreas com predomínio de estágio avançado de regeneração florestal (trechos restritos das porções norte e noroeste entre 900 e 1.000 metros); II. Áreas com predomínio de estágio médio de regeneração florestal (distribuem-se em diversos níveis topográficos com exceção dos topos, mas, sobretudo num corredor mais adensado no sentido norte-sul); III. Áreas com predomínio de estágio inicial de regeneração florestal (manchas longitudinais e restritas); IV Áreas com predomínio de estágios pioneiros de regeneração florestal (junto às encostas que margeiam os picos, sujeitas controle edáfico limitante ao seu desenvolvimento, com declividades acentuadas); e V. Áreas com predomínio de campos herbáceos permanentes (nas cumeeiras dos picos e em áreas contíguas a estes, com forte controle edáfico de pouca expressão espacial, porém com importante função ambiental e paisagística). Há diversidade biológica significativa na maior parte dos níveis topográficos analisados, com o aumento da de espécies e estágios mais bem estruturados de sucessão florestal conforme há a diminuição da altitude, com a sobretudo abaixo de 800 metros, com destaque para indivíduos emergentes. Espécies exóticas coexistem com espécies nativas em todos os níveis topográficos. Graus de interferência antrópica são perceptíveis na nas áreas limítrofes do parque, com composição menos estruturada da cobertura florestal, devido a grande pressão causada pela expansão urbana.

CONCLUSÕES:
O estudo desenvolvido no Parque Estadual do Jaraguá referente à fisionomia da vegetação atendeu primeiramente, a um dos principais objetivos da unidade, que é o da proteção integral de seus recursos naturais. A proteção se faz por ações de gestão pautadas em estudos técnico-científicos, que indicam as características, fragilidades e potencialidades de uso destes recursos. Ao delimitar áreas com diferentes domínios fisionômicos da vegetação, foi possível estabelecer as condições ambientais em que tais domínios ocorrem, e correlacioná-los aos níveis topográficos da paisagem. Tal estudo foi importante apoio para o detalhamento do conhecimento do meio biótico na unidade, por meio de estudos sobre a flora e a fauna, que estão em andamento dentro das etapas de execução de seu Plano de Manejo. Salienta-se que a maior ou menor diversidade biológica na área, é fortemente condicionada pelo tipo de solo, nível altitudinal e declividade. Embora a maior parte da área seja recoberta por uma floresta em estágio médio de regeneração florestal, esta tem seu valor biológico e paisagístico constantemente ameaçado por tratar-se de área florestal inserida num entorno fortemente urbanizado. Há, entretanto, evidências de uma composição florestal em curso e tendendo a uma evolução para o estágio mais avançado da regeneração florestal nas áreas mais internas do parque, o mesmo não ocorrendo com as áreas marginais mais pressionadas por impactos da expansão urbana e as áreas mais acessadas pela visitação pública.

Instituição de fomento: Instituto Florestal de São Paulo - IF - SMA - SP



Palavras-chave:  Vegetação, Fisionomia, Jaraguá

E-mail para contato: silbellato@yahoo.com.br