60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica

A EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO: A DANÇA EDUCAÇÃO COMO COMPONENTE DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Edílson Morais e Silva1
Edílson Morais e Silva1
Sandra Beltran-Pedreros2

1. Faculdades UNILASALLE. Curso de Educação Física.
2. Faculdades UNILASALLE. Curso de Educação Física. Profa. Dra. Orientadora


INTRODUÇÃO:
A dança é uma das características culturais mais fortes em nosso país, no entanto, a necessidade de se abordar a dança como uma atividade psicomotora visa entender o homem em seus aspectos afetivo, cognitivo e motor. Para tanto, esta pesquisa objetivou identificar as contribuições da dança educação ao desenvolvimento psicomotor da criança na educação fundamental quando adotada como componente complementar do currículo da educação física. Importância apresentada nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). A dança na educação deve estar voltada para favorecer o desenvolvimento global da criança e do adolescente e sua aprendizagem. Entende-se que a educação pelo movimento da dança/educação constitui fator essencial e afetivo para que o ser humano desenvolva suas capacidades, habilidades e integralmente suas potencialidades.

METODOLOGIA:
A pesquisa indutiva, observacional sistemática e não participante foi realizada em três escolas da Rede Privada de Manaus: Escola A (Aulas de Educação Física usam a dança como expressão corporal); Escola B (a dança é desenvolvida só em festas escolares) e, Escola C (não há atividades com dança). Participaram 63 crianças de seis anos (Escola A=21, Escola B=18, Escola C=24) e alunos da 1ª série do ensino fundamental. O desempenho das crianças foi avaliado em atividade guiada pelo professor de educação física e usando as músicas: Piaba, Nossa Turma, Joãozinho, O coelhinho e; Polegares. As atividades foram filmadas e o desempenho nos quesitos: atenção, dominância lateral, percepção corporal, percepção espacial, ritmo, afetividade, socialização, interação, compreensão e seqüência de cada aluno valorado como: Ideal (3), Adequado (2) e Regular (1). O desempenho psicomotor de cada aluno correspondeu à média de todos os quesitos O teste X2 permitiu verificar diferenças significativas entre escolas e gêneros.

RESULTADOS:
A Escola A apresentou desempenho Adequado na dominância lateral (2,11), percepção corporal (2,38), percepção espacial (2,84), ritmo (2,80), afetividade (2,87), socialização (2,84), interação (2,83), compreensão (2,75) e seqüência (2,78) e; a Escola B na atenção (2,48). Por gênero as meninas tiveram desempenho Adequado na atenção (2,60), percepção espacial (2,32), compreensão (2,49) e seqüência (2,48) e; os meninos tiveram no ritmo (2,25), afetividade (2,48), sociabilização (2,44) e interação (2,43). Enquanto que o desempenho mais baixo na percepção corporal foi das meninas com um desempenho Regular (1,93), assim como o dos meninos na dominância lateral (1,88). As médias das escolas indicaram desempenho psicomotor Adequado nas Escolas A (2,67) e B (2,25) e Regular na Escola C (1,95); assim como por gênero (meninas=2,30 e meninos=2,24). A Escola C teve os piores desempenhos, Regular, nos quesitos. Individualmente, o melhor desempenho na atenção foi das meninas da Escola B (2,75) e o pior dos meninos da Escola C (1,80); na dominância lateral, o melhor foi dos meninos da Escola A (2,13) e o pior das meninas da Escola C (1,54); na percepção corporal, afetividade, socialização e interação o melhor foi das meninas da Escola A (2,39, 2,95, 2,96 e 2,96) e o pior das meninas da Escola C (1,53, 2,09, 1,83 e 1,84); na percepção espacial e o ritmo, o melhor foi das meninas da Escola A (2,91 e 2,83) e o pior dos meninos da Escola B (1,96 e 1,16); na compreensão e seqüência o melhor foi das meninas da Escola A (2,98 e 2,98) e o pior dos meninos da Escola C (2,15 e 1,98). Não houve diferença significativa entre os resultados por Escolas, mas houve diferença significativa no desempenho da socialização por gênero na Escola A.

CONCLUSÕES:
O melhor desempenho da Escola B na atenção pode ser explicado pelo trabalho de coreografias montadas para eventos que exige atenção na repetição dos movimentos. Segundo Gallahue (2003) a criança motivada sente-se fisicamente competente para empreender maiores tentativas de domínio, levando-a a um maior interesse e atenção para a realização das atividades. Já, o melhor desempenho da Escola A, nos demais quesitos, deve estar relacionado à inclusão da dança educação nas aulas de educação física deixando evidente que as atividades de dança despertam os sentidos e as ações pelos que a criança demonstra sua dominância lateral. A dança educação promove um ambiente propício para detectar os atrasos na motricidade e gera consciência individual do espaço e das possibilidades de agir. Mattos (2006) enfoca que um trabalho voltado para a estrutura corporal possibilitará à criança o conhecimento das diferentes partes do corpo próprio e dos outros auxiliando na construção de uma imagem corporal mais próxima da realidade. No caso do Regular desempenho da Escola B na percepção espacial, o cumprimento de uma coreografia pré-estabelecida e sem liberdade não ajuda no desenvolvimento dessa percepção. É importante lembrar que a criança possui um potencial a ser desenvolvido, sendo que, a atitude docente deve incorrer em cuidados que promovam a saúde, proteção, segurança e interação em atividades que estimulem a exploração e descoberta. Para tanto, a escola pode trazer a dança como suporte da comunicação e da expressão corporal; atuando como agente facilitador dos processos de relação inter-pessoal. A Escola A teve alunos com melhor desempenho psicomotor em geral, já que aborda a dança educação como componente da Educação Física Escolar (modelo de trabalho escolhido a educação pelo movimento). A Escola B teve o segundo melhor desempenho psicomotor, pois usa a dança desde o modelo de trabalho da educação do movimento. Finalmente, a Escola C teve o pior desempenho, Regular, quase com certeza pela ausência de atividades de expressão corporal como a dança nas aulas de Educação Física. Ao estudar as principais manifestações psicomotoras desenvolvidas por meio da dança se observar que aos seis anos de idade, a criança está apta a desenvolver movimentos mais elaborados, para tanto, precisa de estímulos que a auxiliem, tanto em aquisições motoras, em quanto cognitivas e afetivas. Sendo assim, a proposta da dança educação pelo movimento mostrou-se uma abordagem ideal. A Dança é um instrumento de desenvolvimento cognitivo, pois ao dançar a criança associa suas posturas e atitudes ao pensamento. Ao desenvolver suas percepções o aluno expõe suas sensações através da expressão corporal, utilizando, para tanto, a carga de afetividade e experiências subjetivas que já trás consigo, partindo do individual para o coletivo, indicando assim, um excelente instrumento sociabilizador. Ao dançar a criança interage com o ritmo determinado pela música, com a idéia proposta pela letra da música, com o espaço disponível para organizar-se, com as idéias dos demais colegas e principalmente salienta-se o relacionamento inter-pessoal produzido por meio de experiências que abordam o respeito às decisões tomadas pela maioria e ao próprio colega que atua na mesma atividade.



Palavras-chave:  Dança Educação, Educação pelo Movimento, Ensino da Educação Física

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