60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)

REPRESENTAÇÃO DE MÃES-PROFESSORAS SOBRE A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA CONSTITUIÇÃO DA IDENTIDADE NA INFÂNCIA

Ivone Garcia Barbosa1, 2
Camila Cerqueira dos Santos Silva1

1. Faculade de Educação/UFG
2. Dra.


INTRODUÇÃO:
Este subprojeto de pesquisa vincula-se ao projeto “Políticas Públicas e Educação da Infância em Goiás: história, concepções, projetos e práticas”, desenvolvido pelo Grupo de Estudos e Pesquisas da Infância e sua Educação em Diferentes Contextos,da Faculdade de Educação/UFG. A pesquisa propõe compreender de modo sistemático, a representação de mães-professoras sobre o papel da família na constituição da identidade na infância, destacando nesse processo o papel da mãe na relação com outros agentes e/ou papéis presentes no contexto familiar. A opção por essa temática deve-se aos resultados de pesquisa desenvolvida anteriormente pelas autoras que indicou a necessidade de compreender o processo de constituição de identidade a partir dos conceitos de gênero, mulher, maternidade, infância, dentre outros, situando-os articuladamente no âmbito da historicidade dos fenômenos sócio-culturais. As investigações reafirmaram a grande influência da família, sobretudo das mães, no processo de construção do “eu” infantil. Em linhas gerais, a pesquisa demonstrou que meninas(os) e as mães-professoras que participaram das investigações afirmaram terem aprendido a identificar-se com os meninos e meninas ou mulher com ”outros”, seja família ou amigos.

METODOLOGIA:
Realizou-se pesquisa bibliográfica, que identificou: a discussão pertinente à história da família e docência; a relação família e educação infantil; a história da criança e constituição da identidade. Fez-se leituras de livros e levantamento de artigos, por meio eletrônico no “portal scielo”, em dez periódicos brasileiros na área da educação e psicologia – Educação & Sociedade, Psicologia e Sociedade, Educação e Pesquisa, Psicologia em Estudo, Revista Brasileira de História, Revista de Antropologia, Psicologia e Reflexão Crítica, Psicologia: Teoria e Pesquisa, Psicologia USP. A leitura de algumas obras sobre a temática e a referência teórica com base na dialética marxista (BARBOSA, 1997) mostrou-se importante na constituição das análises e categorias investigativas em nossa pesquisa empírica, favorecendo a construção dos resultados ora apresentados. A segunda etapa da pesquisa constituiu-se por pela parte empírica na qual se considerou as investigações desenvolvidas anteriormente, que haviam proposto um questionário a 50 mães-professoras, alunas de Pedagogia da FE/UFG. Destas, 12 ainda permaneceram cursando a graduação e se declararam dispostas a continuar participando da pesquisa; tendo sido entrevistadas 11 delas, no período de maio a junho de 2007.

RESULTADOS:
Nos artigos publicados nos diferentes periódicos revisitados percebemos que a temática referente à família aborda mais as questões sobre o gênero feminino, do que as relações familiares. Nossos dados indicam que a docência influencia na maternidade: devido à formação acadêmica; pelo exemplo dado como professora; a orientação dos filhos para que eles possam ter uma boa aprendizagem; através da observação do comportamento dos alunos para a sua aplicação em casa; maior cobrança em relação ao seu comportamento; transferência da maternidade para a docência; falta de tempo e desgaste . A maior parte das mães- professoras afirmaram que ocorre influência na relação mãe-professora devido à responsabilidade e prática proveniente da maternidade. Essa opinião difere de 3 entrevistadas, para quem não há esta influência. Investigações anteriores constataram a existência de um fenômeno: a circulação de crianças, conforme descrito por outras autoras. As entrevistadas, porém, afirmam o contrário: 90% declararam não haver circulação de seus filhos, apesar de 50% admitirem que os avós e parentes tenham participação na educação daqueles. Outras indicaram que assumem a educação dos filhos com a participação do pai ou que contam com outros meios (escola, igreja e o social).

CONCLUSÕES:
A análise das afirmativas das participantes no decorrer da pesquisa revela que o lugar ocupado por elas na sociedade enquanto mulher, mãe, professora, aluna, filha, esposa, dentre outros, exerce influência nas suas concepções a respeito de ser mãe e professora. A relação maternidade-docência apresenta-se ainda como uma linha muito tênue entre o amar e o educar, o lugar que a afetividade deve ocupar dentro da sala de aula e dentro de casa, indicando certa simbiose entre os papéis exercidos. A identificação entre docência e maternidade historicamente tem contribuído para a desvalorização social da profissão do magistério. Sob o prisma da naturalização da docência como atividade feminina e extensão do trabalho doméstico, a atividade da professora dispensaria investimento na formação e qualificação profissional, bem como condição de trabalho, remuneração digna. O magistério seria um dom e não uma profissão a ser aprendida e valorizada. A diferenciação entre os papéis de mãe e professora, portanto, se mostra necessária para a profissionalização do trabalho docente, contudo não se podem colocar essas duas dimensões como antagônicas uma vez que constituem o sujeito social mulher-mãe-professora.

Instituição de fomento: CNPq

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  infância, formação de identidade, representação de mães-professoras

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