60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 78. Serviço Social da Saúde

O PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL NA ÁREA DE SAÚDE E A EXPERIÊNCIA DA MORTE

Yanaeê Kelly Pessoa Ferreira de Melo1
Maria Helena de Paula Frota2

1. Departamento de Serviço Social/ UECE
2. Profa. Dra. - Departamento de Serviço Social/ UECE - Orientadora


INTRODUÇÃO:
Encarar a finitude da vida numa sociedade que cultua arquétipos de uma juventude e de um progresso eternos não é exercício fácil. Na maioria das vezes, as experiências com a morte chegam às pessoas carregadas de muita dor e sofrimento. Isso porque, na história das sociedades ocidentais, a morte foi migrando da esfera pública para os recônditos espaços dos pensamentos privados indesejáveis. Tal concepção influi na maneira de enfrentamento da experiência da morte de instituições e de profissionais que com ela lidam cotidianamente. Nesse sentido, o presente trabalho pretende suscitar algumas reflexões acerca do modo como profissionais do Serviço Social na área de saúde lidam com a questão da finitude da vida, quer no que toca aos significados que associam à morte; quer no que se refere aos aspectos definidores da sua intervenção, como formação e experiências pessoais e profissionais; quer, ainda, no que tange à interpretação que fazem acerca do modo como outros profissionais da equipe hospitalar comportam-se nos procedimentos adotados perante os quadros de óbitos.

METODOLOGIA:
Com vistas à consecução dos objetivos pretendidos, durante o desenvolvimento do estudo, de caráter qualitativo, realizou-se: pesquisa bibliográfica para embasamento do trabalho; visitas in loco ao Instituto Doutor José Frota – IJF, hospital municipal de atenção terciária situado na cidade de Fortaleza/ CE; observação direta da rotina da Instituição; e entrevistas semi-estruturadas junto a seis profissionais do Serviço Social, o qual é formado por um quadro de trinta e duas assistentes sociais.

RESULTADOS:
Através da análise dos dados, pôde-se perceber que o Serviço Social do IJF apresenta um posicionamento uniforme sobre o enfrentamento dos óbitos. No tocante ao significado que atribuem à morte, para as assistentes sociais entrevistadas, consensualmente, a morte é um fenômeno humano permeado de mistérios e tristeza, que põe fim à existência. Pôde-se apreender, quanto aos aspectos definidores da intervenção profissional nos óbitos, que a formação acadêmica é incipiente no fornecimento de subsídios para a atuação das mesmas frente a finitude da vida, colocando-se o espaço institucional como o lócus em que emergem inéditas manifestações do fenômeno e que gesta os elementos que são assimilados como habilidades necessárias ao enfrentamento da questão, influenciando, ainda, nesse processo, o conteúdo advindo das experiências pessoais. No que se refere à percepção sobre as posturas dos distintos profissionais diante da experiência da morte, como médicos, enfermeiros e assistentes sociais, para a maioria destas, os médicos, geralmente, portam-se friamente diante da morte e apreendem-na como fracasso, assumindo comportamento semelhante os profissionais da enfermagem e ficando os assistentes sociais na posição daqueles profissionais que são mais sensíveis aos aspectos humanos da morte.

CONCLUSÕES:
A pesquisa constatou que a percepção que os profissionais de Serviço Social da área de saúde tem acerca da morte, bem como a maneira com atuam frente à mesma são determinadas por suas vivências pessoais, pelo que adquirem no âmbito da formação acadêmica, embora esta, devido à pretensão de uma formação generalista, não contemple particularidades inerentes à intervenção em torno da morte, e, ainda, pelas experiências tidas no bojo das relações que estabelecem com os demais profissionais da equipe hospitalar.

Instituição de fomento: Programa de Educação Tutorial - PET

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Serviço Social, Saúde, Morte

E-mail para contato: kellypetss@yahoo.com.br