60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 8. Antropologia

BABADOS, TRUQUE E “BAFONS”: UMA LEITURA ANTROPOLÓGICA DAS GÍRIAS UTILIZADAS PELOS HOMOSSEXUAIS DE BELÉM-PA

Mílton Ribeiro da Silva Filho1
Sandra Pereira Palheta1
Anna Barbara Cardoso da Silva1
Shirlene do Socorro Coelho dos Santos1
Thaize Bianca Figueiredo de Souza1
Juliana da Silva Barroso1

1. Universidade Federal do Pará


INTRODUÇÃO:
O trabalho refere-se à leitura acerca das gírias urbanas utilizadas pelos homossexuais da capital paraense, suas formas de abordagem sobre o assunto e como as mesmas ajudam na criação de uma identidade inteiramente gay, principalmente no que diz respeito a “saída do armário” (SEDGWICK, 2007). Para isso, buscou-se a compreensão da sociedade a partir de sua dimensão binária: homem/mulher, masculino/feminino, heterossexual/homossexual; e de sua construção estruturalmente pautada na heteronormatividade. Dado este enfoque, procurou-se estabelecer alguns parâmetros para nortear o desenvolvimento da pesquisa, como: o estabelecimento de uma conexão entre as referências simbólicas, que neste caso são as gírias, ou “bajubá”, como eles as chamam, e a realidade vivida por eles; conhecer a origem de algumas palavras do “bajubá”; e identificar se a utilização dessas gírias serve como rito de passagem para vivência neste mundo gay

METODOLOGIA:
Mostrou-se como necessário a aplicação da pesquisa de campo, de entrevistas não estruturadas e da observação participante, pois tais ferramentas mostraram maior eficácia na análise do discurso empreendido pelos entrevistados. Este trabalho pautou-se em leituras com enfoque nas discussões sobre identidade(s) e gênero(s)

RESULTADOS:
As gírias empregadas no “mundo gay” servem como forma de demonstração desta identidade homossexual para o público – dentro da concepção público/privado – e representam a dicotomia entre os discursos: homossexual e heterossexual. Entretanto, essa redoma – das gírias – é violada quando uma parcela destes símbolos e de suas referências é posta para a sociedade como um todo: e o que antes era da casa – do mundo homossexual – vai para rua – o mundo heteronormativo

CONCLUSÕES:
Notadamente, viu-se que ao inventarem gírias ou reformularem palavras de outros idiomas, como as da língua africana e francesa, os gays reafirmam o caráter identitário que possui o “bajubá”; tanto por ser um instrumento indecifrável, para quem não faz parte do universo gay, quanto para privá-los e resguarda-los do domínio heteronormativo. Portanto, o que define o “bajubá” não são somente as palavras, mas todos os trejeito e traquejos empreendidos pelos gays diante do “bafon” (s. m. acontecimento, no “bajubá”)



Palavras-chave:  Homossexualidade, Identidade, Gírias

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