60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

O presente estudo busca analisar as práticas de mediação cultural desenvolvidas pela Galeria de Arte do SESC-MA, assim como a participação e recepção do público de visitas mediadas a partir de algumas das principais ações educativas e culturais promovidas pela instituição. Neste caso, a análise tem como foco o Projeto Mãos a Obra, um programa de arte-educação inclusiva destinado ao público deficiente visual e comunidade; objetivando a realização de um evento de inclusão social que visa à inserção desse público (deficiente total ou parcial da visão) na sociedade em geral e no próprio universo da arte através das mais diversas linguagens e expressões artísticas. O projeto é composto por exposições que utilizam o recurso da leitura e apreciação tátil do acervo (objetos tridimensionais e instalações) enquanto experiência estética integradora, além de uma programação educativa caracterizada por palestras, oficinas, relatos de experiência, entre outras atividades de caráter transversal. Nota-se com esta compreensão, o papel fundamental do mediador em acolher o público, aproximá-lo do objeto artístico; suscitando conversas, compartilhando conhecimentos e potencializando a troca de experiências.

METODOLOGIA:

A pesquisa iniciou-se com estudo de campo na Galeria de Arte do SESC-MA no período de maio a dezembro/2007, desenvolvendo através do método qualitativo uma pesquisa ação. Procurou-se observar, analisar e vivenciar as práticas de mediação. Além de participar do planejamento e realização das atividades educativas e culturais promovidas pela instituição junto com o levantamento de bibliografias para nortear o estudo e a atuação da pesquisadora na prática. Realizou-se o Projeto Mãos a Obra, no período de 16 de outubro a 20 de novembro/2007, com exposição de esculturas em mármore sintético da artista plástica Marlene Barros, releitura em cerâmica de uma das obras da artista pelo deficiente visual Mariano Rodrigues e apresentação musical com grupo de deficientes visuais. A montagem da exposição no espaço da galeria articulou-se dentro de uma proposta técnica de acesso ao público deficiente, facilitando a apreciação e proporcionando ao público não deficiente a possibilidade da apreciação tátil a partir do uso de vendas nos olhos. Por último, desenvolveu-se um trabalho de mediação com grupos escolares agendados previamente e participação espontânea da comunidade; além de debate sobre inclusão social e estudo do acervo da exposição com grupo de idosos coordenado pela Galeria de Arte.

RESULTADOS:

A arte nos permite experiências multisensoriais através de suas linguagens e manifestações, possibilitando diversos modos de apreciação e leitura da mesma. Nesta perspectiva, o Projeto Mãos a Obra representa uma iniciativa de sensibilização da comunidade para a inclusão social, como também, uma proposta de mediação cultural que trabalha possibilidades múltiplas de interpretação com públicos variados, construindo um leitor-recriador de significados, o qual se utiliza de todos os sentidos na apreciação do objeto artístico. Assim, o programa de arte-educação inclusiva contou com participação efetiva de escolas de ensino fundamental e médio, público deficiente visual e comunidade em visitas mediadas; além do grupo de idosos no estudo do acervo da exposição e debate sobre inclusão social. Evidenciam-se, também, a divulgação por mídias audiovisuais e impressas; a parceria com o CAP (Centro de Apoio Pedagógico) e ESCEMA (Escola de Cegos do Maranhão) na confecção e impressão de etiquetas com textos poéticos em braile de cada obra do acervo da exposição e a equipe de trabalho (coordenadora, assistente, estagiárias e monitora da exposição) nas atividades de mediação cultural como fundamentais para o desenvolvimento do projeto pela Galeria de Arte do SESC-MA e sua contribuição social.

CONCLUSÕES:

A proposta e efetivação do projeto permitiram a compreensão de que a Galeria de Arte do SESC-MA tem assumido importante papel de intervenção social enquanto mediador cultural. Promovendo ações educativas e culturais como meio de dinamização, interação e inclusão sócio-educativa e cultural na sociedade. Sendo assim, torna-se necessário saber trabalhar com diferentes públicos, a fim de oportunizar a participação e garantia de acesso à cultura para todos. E, portanto, a mediação compreende não só um objeto, um indivíduo ou a relação entre os mesmos, mas todo o ambiente e pessoas nele envolvidas. O espaço físico também pode ser explorado como mediador. Esta concepção possibilita uma sensibilização em conjunto do trabalho fundamental que esta categoria exerce na construção e reconstrução de conceitos de mundo. Deste modo que, o Projeto Mãos a Obra evidencia em sua prática uma iniciativa de educar com arte por via da mediação cultural entre público, objeto artístico, espaço físico, entre outros aspectos, potencializando experiências de apreciação e leitura tátil ao público em geral e deficientes visuais, além de uma programação educativa.

Palavras-chave: Arte, Mediação Cultural, Deficiente Visual.

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