60ª Reunião Anual da SBPC




H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 1. Lingüística Aplicada

O UNIVERSO INTERTEXTUAL EM HISTÓRIAS EM QUADRINHOS: AQUISIÇÃO DA LÍNGUA ESPANHOLA

AMANDA JÔSE DANTAS SILVA1
ANGELA PAIVA DIONISIO2, 3

1. Prefeitura Cidade Do Recife
2. Universidade Federal de Pernambuco- Departamento de Letras
3. Orientadora


INTRODUÇÃO:
Esta investigação percebe a intertextualidade como um recurso intertextual que consiste, por parte do escrevente, na inserção de vozes textuais que foram elaboradas, segundo sua experiência e incorporadas cognitivamente em suas produções orais e escritas. Com isso, neste trabalho, procura-se identificar e analisar, em Histórias em Quadrinhos (HQs) argentinas, os recursos intertextuais explícitos e implícitos que veiculam textos culturais que dizem respeito a informações locais e mundiais; fundamentando-se em Bazerman (2006), Marcuschi (1999, 2002, 2005), Koch (2004), Bronckart (1999), entre outros. As vozes que constituem as Histórias em Quadrinhos conduzem não só conhecimentos lingüísticos (verbos, palavras, estruturas simples); mas, sobretudo, citações de vozes que transmitem a sociedade, a cultura que é permeada pelos sujeitos produtores/ escreventes textuais. Fato de extrema relevância em sala de aula para a apropriação efetiva da língua espanhola, por parte de um aprendiz estrangeiro- distanciando-o dos princípios de abstração do idioma, ou seja, das estruturas gramaticais que não condizem com os contextos de uso.

METODOLOGIA:
Durante a coleta e a análise, o trabalho se baseou teoricamente na fundamentação das ocorrências em alguns níveis intertextualidade apontados por Bazerman (2006), Marcuschi (2002), Koch (2004), entre outros. O corpus compôs-se de um total de 88 HQs argentinas, sendo que 35 foram de Mafalda (Quino, 2003 e 2006); 42 de Clemente (Caloi, 1998) e 11 de Inodoro Pereira (Fontanarrosa, 2001 e 2006). Deste montante analisou-se no estudo 24 HQs, devido as suas particularidades intertextuais.

RESULTADOS:
Segundo Bazerman (2006), Os textos são impregnados de vozes que nos remetem, explicitamente, a outros que se encadeia para formar um todo textual e multiforme, de acordo com interesses e propósitos do escrevente/ falante. Destarte, a apreciação mostrou o quanto o gênero HQ pode ser altamente intertextual e, que por si só, transmite parte dos discursos divulgados na cultura de origem, para os estudantes de língua espanhola como idioma estrangeiro. Apesar de todos os mitos comumente associados a este gênero, as HQs apresentaram um relevante grau de produtividade intertextual. Fato que impossibilitou a verificação de variados níveis de intertextualidade nos 24 textos analisados e- a cada texto, muitas vezes, pôde se encontrar a presença de mais de tipo de intertexto e de classificação. Observemos os níveis encontrados: 1. Intertextualidade com valor nominal; 2. Intertextualidade com crenças, idéias e declarações amplamente difundidas; 3. Intertextualidade como declarações, pano de fundo, apoio ou contraposição; 4. Intertextualidade que remete a dramas sociais explícitos; 5. Intertextualidade com tipos reconhecíveis de linguagem, de estilos e de gêneros; 6. Intertextualidade com recursos lingüísticos;

CONCLUSÕES:
O recurso da intertextualidade não deve ser visto como um aspecto particular de um determinado gênero. As HQs mostraram ser, sim, apesar de todos os mitos que comumente lhes são associados, fontes riquíssimas de textos sociais que para um estudo de LE seriam objetos imprescindíveis, pois veiculam vozes que evocam esses mundos particulares, com seus temas, hábitos e costumes culturalmente estabelecidos. A intertextualidade é um fenômeno coletivo e interdependente da relação que se estabelece entre o escrevente/ autor e o leitor, já que se estabelece entre os mesmos um jogo interativo: o primeiro elabora o seu texto com base em toda sua experiência culturalmente construída no seu meio social, essas informações são estruturadas visando alguns propósitos definidos: “para quê”, “para quem” e “como” se organiza, segundo a metáfora de Bazerman (2006), nesse “oceano de textos anteriores” que já lhes pertencem. Ao leitor cabe-lhe a outra parte do jogo, identificar pelo menos alguns destes textos que lhes serão úteis para a construção de sua bagagem cultural. Mas para que essas ‘novas’ vozes sejam incorporadas ao leitor, faz-se,,,,, necessário que ele, aluno, reconstrua a informação mediante o uso de seus conhecimentos prévios e reconstrua esses saberes com base nas informações novas.

Instituição de fomento: PREFEITURA DA CIDADE DO RECIFE



Palavras-chave:  INTERTEXTUALIDADE, VOZES, HISTÓRIA EM QUADRINHOS

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