60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação

INCLUSÃO ESCOLAR: ENCONTROS E DESENCONTROS NA PRÁTICA DO EDUCADOR

Rosa Concessa Guerra de Melo1, 2, 3

1. Prefeitura da Cidade do Recife - PCR
2. Prefeitura Municipal de Olinda - PMO
3. Universidade Estadual Vale do Acarau – UVA


INTRODUÇÃO:
Hoje, todos os olhares se voltam atentamente para os programas educacionais, principalmente para aqueles de caráter público que atingem significativa parcela de uma população, há muito, excluída de importantes benefícios sociais e da qual foram esquecidas por quase todos os governos. Ser educador em dias atuais exige bem mais que estudo e dedicação, exige estar em dias também com a legislação e as políticas que regem a educação. A inclusão chega para os professores como uma utopia bem distante de sua realidade e praticas educativa, e, só acontecerá de fato quando todos os envolvidos derem-se as mãos, desta forma não deve ficar apenas no imaginário de quem faz as leis ou estar à frente de órgãos educacionais. Ao consultarmos o dicionário, verificamos que a palavra incluir significa compreender, abranger, fazer parte, pertencer, processo que pressupõe, necessariamente e antes de qualquer coisa, uma grande dose de respeito. Segundo Mantoan (2005), uma escola inclusiva vai além de banheiros e salas adaptadas, necessita mesmo é de um bom projeto político pedagógico, do envolvimento da comunidade e dos pais. Inclusão se faz incluindo. O propósito do estudo foi de analisar nas escolas municipais das redes de Recife e Olinda quais as concepções dos Gestores, Professores, pais e alunos sobre a inclusão escolar, verificando as estratégias utilizadas nas unidades escolares para por em pratica a legislação referente à Inclusão.

METODOLOGIA:
A pesquisa teve como foco escolas das Redes Municipais de Recife e Olinda, Municípios escolhido por terem em sua Rede escolar, as bases para um trabalho de construção coletiva de uma escola democrática e com qualidade social. Nossa Opção pela abordagem qualitativa, deu-se por se tratar do contato coma fonte direta de dados, para BOGDAN (2006), a pesquisa qualitativa incide sobre os diversos aspectos da vida educativa. O estudo foi realizado em cinco escolas de cada uma das redes municipal de ensino constituindo-se de um processo investigativo por meio de entrevistas e questionários. Dentre as pessoas consideradas sujeito da pesquisa, foi realizado um trabalho direto com a equipe gestora e membros do conselho escolar, uma vez que esse órgão deliberativo da escola possuía a representação de todos os segmentos pesquisados, seguindo as seguintes fases: Fase 1- Realização de encontros com as Direções, para expor a finalidade do trabalho, solicitar a permissão para o estudo, consulta ao conselho da escola e analise de documentos relativos às atividades realizadas em relação à inclusão escolar. Fase 2-Realização das entrevistas e questionários com os sujeitos envolvidos no estudo, buscando captar a percepção deles em relação ao tema. . Fase3-analise e descrição dos fenômenos coletados. O trabalho de coleta de informações nas entrevistas, questionários e observações diretas foi realizado sem perder de vista o referencial teórico. Para tratar dos dados obtidos com a pesquisa foi realizada a análise de discurso, baseada em Foulcault e Laclau sem perder de vista a analise de conteúdos.

RESULTADOS:
Diante do cenário, observamos que a simples inclusão de alunos em salas de aula regular não resulta em benefícios para a aprendizagem. Acolher, sem promover interação social é anular os avanços ganhos com a inclusão, temos hoje aproximadamente 50% de matriculados inclusos em salas regulares e a ordem do dia é avançar nos conteúdos, mas ter essa educação com qualidade significa fazer adaptações físicas e pedagógicas, além da escola ter a possibilidade de instituir prioridades no que diz respeito à inclusão. Os alunos, elemento principal da pesquisa, ainda ficam a margem do processo educacional uma vez que ainda encontramos aqueles excluídos no direito de matricula, de ter uma série especifica que dará oportunidade de concluir as etapas, acesso imediato à escola de acordo com a legislação em vigência. Em relação aos pais, observamos que dentro de um sistema Neoliberal e excludente, ter um filho especial é para algumas famílias uma renda a mais ou a única renda existente, sem falar que essa criança passa a ser o passe fácil de seus familiares. Os Gestores pesquisados mostraram que a inclusão está apenas no papel, pois os PPPs ( Projetos políticos Pedagógicos) não nos apresentam essa escola inclusiva, não se destinam recursos para reformas e aquisição de material didático, dizendo-se ainda ignorantes quanto a legislação . Nos dois municípios, 90% dos professores afirmaram que não são capacitados para trabalhar com alunos portadores de necessidade especiais e que nunca participaram de formação que discutisse a Educação Especial, estes colocaram seu temor, diante do sistema educacional e social.

CONCLUSÕES:
Chegamos assim à conclusão que, a inclusão prevista pelo governo e seus governantes termina sendo uma exclusão de uma forma mais branda e menos divulgada, não aparece nas pesquisas educacionais e, é manipulada pela mídia. Os gestores cumprem seu papel, matriculam os excluídos do sistema educacional, e temos no final do ano e do ciclo alunos que foram passando e passados e que terminaram excluídos de uma forma diferente, pois tiveram acesso a escola, mas não de uma forma completa. São aqueles que mesmo na escola estão excluídos. A Professora Maria Tereza Égler Mantoan , em seu Artigo na Revista Nova Escola Especial, coloca que o professor não precisa ser especialista para receber em sua sala de aula alunos portadores de necessidades educativas especiais, porém o que percebemos, nas reuniões administrativas e pedagógicas ocorridas nas escolas foi uma demanda por métodos e técnicas para ensinar as crianças com severos distúrbios no desenvolvimento e a angústia de não saber como agir com os alunos. Em outras palavras poderíamos dizer que a inclusão produziu a castração da pedagogia. E, com a castração de seu objeto de conhecimento os educadores vêem-se obrigando a buscar em outro “lugar” os subsídios necessários para educar estas crianças. Sabemos que o processo de transformação e lento e exige uma ruptura com os modelos vigentes. Porém para que realmente o processo de inclusão aconteça teremos que romper com o comodismos e as praticas homogeinizadoras , paternalistas e corporativistas, realizando a verdadeira inclusão.

Trabalho de Professor do Ensino Básico ou Técnico

Palavras-chave:  Inclusão, Escola Publica, politicas publicas

E-mail para contato: rosapcb21@yahoo.com.br