60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

Durante o planejamento escolar anual, muitos professores de Física elegem os conteúdos, priorizarem os objetivos e definem as estratégias e metodologias de ensino que deverão ser trabalhadas durante o período letivo. Entretanto, alguns professores não se questionam sobre as diferenças que uma classe poderá apresentar em relação às demais, uma vez que cada uma apresentará um perfil próprio e característico que dependerá das condições sócio-cultural às quais estão submetidos seus alunos. Dessa forma, o professor se depara com um dilema corriqueiro no cotidiano de um educador: como alcançar os objetivos pretendidos em todas as turmas, considerando que as expectativas e interesses de uma, podem ser bem diferentes da outra? E como abordar os conteúdos em cada classe sabendo que as diferenças existentes entre cada uma delas exigem um tratamento diferenciado? Realmente, deve se admitir que responder tais questionamentos pode não ser tão trivial como gostaríamos, no entanto, o professor jamais poderá deixar de considerar que as diferenças existentes entre as classes devem ser detectadas e trabalhadas durante o processo de ensino-aprendizagem a fim de que o ensino da Física possa contribuir para preparar o educando para a vida, qualificá-lo para a cidadania e capacitar para o aprendizado permanente, em eventual prosseguimento nos estudos ou diretamente o mundo do trabalho (LDB). Tendo como base os pressupostos anteriormente elaborados, este projeto, que foi desenvolvido como parte das atividades propostas da Instrumentação par o Ensino de Física II, durante o primeiro período letivo de 2005 na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB, com a finalidade de discutir e verificar novas e antigas estratégias para que o ensino de Física possa tornar mais significativo e prazeroso para os alunos. Dessa forma, o nosso objetivo foi mostrar que a mudança na abordagem dos conteúdos de Física para classes com diferentes perfis pode levar ao pleito de objetivos comuns que serão resultados de ações conjuntas de professor e aluno num processo em que a aprendizagem efetiva venha ser alcançada como conseqüência de tais esforços.

METODOLOGIA:

Inicialmente foi feito um diagnóstico das duas turmas em estudo por meio de questionários; informações coletadas na própria escola, e também junto a professores de outras áreas, bem como por observações feitas durante as aulas de Física. Durante o projeto foram aplicados dois tipos de questionários: “Conhecendo o aluno” e “verificando o conhecimento físico apreendido”. O primeiro questionário foi aplicado na fase inicial do estudo aos oitenta e dois alunos que compunham as duas turmas estudadas. Neste primeiro momento, o objetivo foi conhecer a realidade socioeconômica e cultural desses alunos para então definir as estratégias para o ensino da Física em cada turma. Já o segundo questionário, baseado em questões de cunho conceitual fundamentada nos conteúdos de Física abordados durante a aplicação deste trabalho, visou avaliar os resultados obtidos após a introdução, nas aulas de Física, da proposta deste trabalho considerando a diversificação nas abordagens dos conteúdos de Física. Os sujeitos deste estudo foram os oitenta e dois estudantes do 2º ano do Ensino Médio, do período noturno, do Colégio Estadual Isaias Alves, localizado na Cidade de Poções, região sudoeste da Bahia. Esses alunos formam duas turmas distintas, designadas por turma A e turma B. Após conhecer os anseios dos alunos, evidenciou-se a necessidade de se trabalhar de forma diferente em cada turma; por isso foram introduzidas estratégias para abordar os conteúdos de Física de modo que todos pudessem adquirir os conhecimentos de acordo com os objetivos já propostos para a série correspondente; assim, utilizamos caminhos diferentes para se chegar no mesmo “local”. O trabalho desenvolvido na turma A, teve como finalidade fazer com que a Física venha auxiliar os alunos a alcançarem seus objetivos de maneira a fornecer os instrumentos necessários para criar nesses indivíduos a certeza de que o conhecimento é capaz de transformar a vida e conseqüentemente a sociedade. Para isso, priorizamos as aulas com exposição de conteúdos pelo professor; dando ênfase à resolução de problemas interessantes e abrangentes que abordam o conteúdo em estudo e questões relevantes e atuais. A resolução de questões de vestibulares e do Exame Nacional do Ensino Médio-ENEM esteve presente em todas as aulas e uma questão era proposta, em forma de problema, ao término de cada aula para ser trabalhada pelo aluno e apresentada na aula seguinte. Na turma B, verificamos que não podia ser aplicada a mesma metodologia da turma A, uma vez que o perfil desses estudantes era muito diferente daquela; como conseqüência, direcionamos o trabalho com o objetivo inicial de resgatar nesse perfil de aluno a capacidade de enxergar no conhecimento físico um instrumento a mais para atuar como cidadão, entender muitos dos fenômenos cotidianos e até mesmo a natureza que o cerca. As aulas nessa turma foram direcionadas com a finalidade de fazer toda a turma se envolver no processo de ensino-aprendizagem da Física e a professora assumiu a postura de orientadora das atividades desenvolvidas nas aulas. Inicialmente, objetivamos mostrar para o educando que o estudo de Física poderia também ser transformado num momento de lazer sem, contudo perder a sua função educadora. Para isso, foram utilizados reportagens de revistas e jornais com fatos e temas polêmicos que abordavam, mesmo que implicitamente, os conteúdos que seriam trabalhados em seguida; então uma discussão era levantada e todos deveriam participar ativamente; ao término de cada aula um experimento simples e de fácil execução era lançado na forma de desafio para os alunos, em grupo, fazerem em casa e anotarem as observações feitas para serem apresentadas na aula seguinte e só então o conteúdo era apresentado aos alunos. Todas as aulas foram conduzidas com a participação de toda a turma em todas as etapas da construção do conhecimento físico.

RESULTADOS:

Verificamos que houve avanços positivos nas turmas em estudo. Percebemos também que a aplicação desta proposta de ensino despertou nos alunos uma nova maneira de enxergar e estudar Física. Evidenciou-se que todos os sujeitos em estudo assimilaram satisfatoriamente os conteúdos trabalhados e responderam as perguntas do segundo questionários de acordo com os conhecimentos adquiridos durante as aulas desenvolvidas: através das discussões feitas em grupo, dos simulados trabalhados, das experiências com apresentação feitas pelos alunos com orientação da professora e pelas exposições dos conteúdos.

CONCLUSÕES:

Considerando a análise dos questionários respondidos pelos estudantes e as observações realizadas, percebemos que o ensino de Física pode ser aperfeiçoado com a finalidade de propiciar significados aos conteúdos trabalhados. Só aprendemos aquilo que de alguma forma nos interessa ou desperta a nossa curiosidade, com os alunos, acontece o mesmo; por isso, o professor precisa identificar em cada turma o que mais interessa e, a partir daí, criar as condições para que o processo de ensino/aprendizagem de Física ocorra de maneira a contemplar a aquisição do conhecimento pelos alunos, facilitando assim, o entendimento sobre os fenômenos naturais e os avanços que surgirão constantemente em nossas vidas, assim como, a assumir uma postura diante de decisões que exigem um mínimo de conhecimento científico. Percebe-se também que embora haja grande diversidade de interesses e condições as quais estão submetidos os alunos, todos eles almejam a conclusão da Educação Básica e, conseqüentemente, precisam ser capacitados para exercerem a cidadania. Dessa forma, mesmo o professor trabalhando com interesses diferenciados, por parte dos educandos, deve assegurar uma aprendizagem significativa para todos os seus alunos.

Trabalho de Professor do Ensino Básico ou Técnico

Palavras-chave: ensino de física, diversificação nas abordagens, estratégias metodológicas

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