60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal

EFEITO DO SUBSTRATO NA ATIVIDADE ALELOPÁTICA DO ALECRIM-DO-CAMPO (BACCHARIS DRACUNCULIFOLIA DC.) SOBRE A GERMINAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE MOSTARDA (BRASSICA CAMPESTRIS L.) E COUVE (BRASSICA PEKINENSIS L.)

Grasielle Soares Gusman1
Alexandre Horácio Couto Bittencourt1, 2
Silvane Vestena1, 2

1. Faculdade de Minas - FAMINAS
2. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Santa Marcelina - FAFISM


INTRODUÇÃO:
Define-se alelopatia como um processo onde produtos do metabolismo secundário de um determinado vegetal, são liberados, impedindo ou estimulando a germinação e o desenvolvimento de outras plantas relativamente próximas. Esses aleloquímicos produzidos podem variar quanto à composição, concentração e localização no vegetal. Podem ser liberados para o ambiente de diversas formas, sendo que fatores ambientais como temperatura e condições hídricas influenciam no processo de liberação. A decomposição de resíduos vegetais é uma das fontes mais importantes de aleloquímicos. Cita-se também a volatilização pelas partes aéreas da planta; a lixiviação das superfícies do vegetal pela chuva, orvalho e neblina; e exsudação pelas raízes; a lixívia de serapilheira e, podem estar presentes também, em flores, frutos e sementes. A interferência alelopática dificilmente é provocada por um único fator isolado, mas à união e ação sinergética conjunta de várias destas substâncias somadas às condições ambientais. Dentre as espécies com potencial alelopático, insere-se o alecrim-do-campo (Baccharis dracunculifolia DC). O presente estudo teve como objetivo verificar a interferência de dois substratos (extratos aquosos e folhas no solo de alecrim-do-campo) sobre a germinação e crescimento de plântulas de mostarda (Brassica campestris L.) e couve (Brassica pekinensis L.).

METODOLOGIA:
Folhas de alecrim-do-campo foram coletadas em Eugenópolis, MG. Colocou-se o material fresco em estufa a 80°C, por 72 horas, obtendo-se o material seco. Para os testes, utilizaram-se sementes de mostarda e couve. Para os testes de germinação em extratos aquosos, obtiveram-se os extratos triturando o material seco na concentração de 1 g 10 mL-1. Diluiu-os em seis concentrações diferentes (10, 30, 50, 70, 90, 100%) e água destilada como tratamento controle. Forraram-se placas-de-petri com papel-filtro e as umedeceram com 7 mL de água destilada (tratamento controle) ou do extrato vegetal. Para os testes em solo, preparou-se o material seco na concentração de 1 g 10 g-1 de solo, seguindo as diluições efetuadas no teste com extratos. Utilizaram-se potes contendo solo (tratamento controle) e solo mais material vegetal seco. Em ambos, dez sementes por recipiente com cinco repetições constituíram a unidade amostral. Considerou-se germinada, a semente que emitiu radícula e, manteve-se o experimento por 10 dias, verificando-se diariamente o número de sementes germinadas. Para os dados do crescimento das plântulas coletou-se, ao final dos 10 dias de experimento, o comprimento em centímetros da raiz e da parte aérea. Submeteram-se os dados obtidos à análise de variância e, discriminaram-se as médias pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS:
Após a realização dos experimentos, observou-se que no tratamento com extratos aquosos, a partir da concentração de 30% dos extratos, houve inibição da germinação das sementes de mostarda e couve, quando comparado ao tratamento controle. A inibição de germinação foi completa na concentração de 50% para sementes de mostarda e na concentração de 90% para sementes de couve. Já para os testes de germinação em solo, tanto mostarda quanto couve teve a germinação reduzida a partir da concentração de 10% quando comparado ao controle, sendo completamente inibida a partir da concentração de 30%. O crescimento das plântulas também foi reduzido utilizando extratos aquosos e solo. Em relação aos extratos aquosos, a parte aérea da mostarda teve seu crescimento reduzido a partir da concentração de 10% e o sistema radicular a partir da concentração de 30%. Já o crescimento da parte aérea e do sistema radicular da couve foi reduzido a partir da concentração de 30%, quando comparado ao controle. Ambas as espécies tiveram o desenvolvimento da parte aérea e do sistema radicular completamente inibido a partir da concentração de 50%. Para os testes em solo, esse resultado foi mais acentuado, onde as duas espécies tiveram o desenvolvimento da parte aérea e do sistema radicular reduzido a partir da concentração de 10%, comparado ao controle, e totalmente inibido a partir da concentração de 30%.

CONCLUSÕES:
Os dados obtidos demonstram que o uso de folhas de alecrim-do-campo no solo acarretou uma maior interferência na germinação e no desenvolvimento de mostarda e de couve quando comparado aos resultados dos experimentos com extratos aquosos, evidenciando o potencial alelopático dessa espécie. Independente da espécie testada, a parte vegetal que mais sofreu danos foi o sistema radicular, pois é a primeira estrutura vegetal a manter contato com a planta potencialmente alelopática. Pouco se sabe sobre os efeitos alelopáticos do alecrim-do-campo, portanto é importante a realização de trabalhos já que a alelopatia é um fenômeno que influencia a sucessão vegetal primária e secundária, a estrutura e composição de comunidades vegetais, a dinâmica entre diferentes formações e a dominância de certas espécies vegetais, afetando a biodiversidade local e a agricultura.

Instituição de fomento: Faculdade de Minas - FAMINAS

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Baccharis dracunculifolia, Extratos aquosos, Solo

E-mail para contato: grasiellegusman@yahoo.com.br