60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre

IMPACTOS DO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO NOS REMANESCENTES FLORESTAIS INSERIDOS NA FUTURA ZONA DE EXPANSÃO DO MUNICÍPIO DE ARARAS/SP, ENTRE 1962 E 2007.

Olavo Raymundo Jr.1
André Gustavo Beck1
Bruna Fernanda Albertti1
Ana Paula Grillo1
Heitor Siqueira Sayeg1
Cristiano Pedroso de Moraes1

1. Centro Universitário Hermínio Ometto - UNIARARAS


INTRODUÇÃO:
O desenvolvimento econômico do estado de São Paulo deu-se basicamente pela monocultura, este modelo de uso e ocupação do solo, contrasta em muitos pontos, com os princípios preservacionistas. Atualmente, a gestão urbana evoluiu de proteção ambiental para desenvolvimento sustentável, em que a necessidade de áreas verdes é vista como parâmetro para medir a qualidade de vida. Curitiba formulou seu plano diretor em 1970 norteando o planejamento urbano por ações conservacionistas. Áreas de importância ecológica, como as várzeas de rios, foram mapeadas e desapropriadas para aumentar o índice de área verde por habitante. Nestes locais foram instalados parques com dupla função, ecológica e paisagística. O plano diretor de Araras/SP, em seu Art. (16) e anexo VIII, determina o eixo de crescimento da zona urbana no sentido nordeste para preservar as áreas de mananciais, verificou-se que não há diretrizes para a conservação da vegetação nativa, portanto, deve-se ressaltar a importância do conhecimento das áreas verdes no entorno da cidade, possibilitando um modelo de ocupação que permita a integração destes fragmentos na paisagem urbana. O objetivo deste trabalho foi mapear e realizar a analise temporal entre 1962 e 2007 dos remanescentes florestais inseridos na zona de expansão da cidade de Araras/SP.

METODOLOGIA:
A cidade de Araras está localizada na porção oeste do estado de São Paulo, entre as coordenadas 22º 10’ e 22º 30’ de latitude Sul e 47º 15’ e 47º 30’ de longitude oeste, inserido na Bacia Hidrográfica do Alto Rio Mogi-Guaçu. O mapeamento dos fragmentos deu-se por meio de aerofotos dos anos de 1962 (1:25000), 2000 (1:30000) e base cartográfica das folhas SF-23-Y-A-II-3, SF-23-Y-A-II-4 e SF-23-Y-A-II-1 escala “1.50.000”. As imagens foram trabalhas em ambiente virtual, com os softwares ERDAS 9.0, para o geoprocessamento e composição dos mosaicos e ARC-GIS 9.1 para confecção dos mapas de saída e interpolação dos dados de campo e fotointerpretação. A coleta de Pontos de Controle no Terreno (PCTs) deu-se com o auxílio de GPS. As variáveis analisadas foram área, perímetro, forma, vizinhança e histórico de perturbação. A partir dos valores de área/perímetro, calculou-se o índice de circularidade (C). A vizinhança dos fragmentos foi checada com visitas ao campo e comparada com as aerofotos, para atualização dos dados, histórico de ocupação e perturbação dos remanescentes.

RESULTADOS:
Foram mapeados 47 fragmentos em 1962, com média de 11,8a ±20,5; em 2007 25 com média de 6,78ha ±15,6. Em 45 anos constatou-se a perda de 22 remanescentes florestais compondo 316 ha, destes, 3,5% ocorreram na década de 90 pela ocupação urbana. Os remanescentes florestais foram divididos em classes de 0-2 ha, com predomínio para 0-2 e 2-4ha tanto em 1962 quanto em 2007, demonstrando que a fragmentação das matas próxima a área urbana já era acentuada. O índice “C” foi de 0,46 ±0,23 e 0,39 ±0,19, em 1962 e 2007, respectivamente. A diminuição nos valores de “C” demonstra a maior exposição da vegetação nativa ao efeito de borda. A geometria passou de bloco a alongada, visto que 75% dessas áreas estão associadas aos cursos d’água e áreas paludosas. Constatou-se diminuição do contato com a cultura canavieira e aumentou em relação às áreas pavimentadas, expondo estas áreas a perturbações ligadas ao processo de urbanização e conseqüente eliminação de muitas áreas com vegetação nativa. As categorias de uso irregular dos fragmentos foram: pastagem 40%, deposito de entulho 25%, lixo urbano 30% e queimadas 0,5%.

CONCLUSÕES:
A cobertura vegetal nativa inserida na zona de expansão da cidade de Araras/SP reduziu 3,5%, equivalente a 316 ha, em 45 anos. Constatou-se que os remanescentes florestais estão mais sujeitos aos impactos da zona urbana, mantidas as tendências atuais de uso e ocupação do solo no processo de urbanização, prevê-se a perda dos 3% restantes, pois a legislação vigente, em âmbito nacional, estadual e regional não contempla esse tipo de fisionomia em área urbana. Rever o planejamento e as metas do plano diretor, permitirá a incorporação dos fragmentos restantes à paisagem urbana, contribuirá para o aumento de área verde por habitante, proteção de nascente e conservação da biodiversidade local, independente de suas dimensões e estágio de regeneração.

Instituição de fomento: NUCIA – Centro Universitário Hermínio Ometto - UNIARARAS

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Remanescentes Florestais, Araras/SP, Urbanização

E-mail para contato: olavo@uniararas.br