60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia

FENOLOGIA E BIOLOGIA FLORAL E ABELHAS VISITANTES DE CAESALPINIA PYRAMIDALIS (CAESALPINIOIDEAE – LEGUMINOSAE)

Murilo Dantas de Miranda1
Miriam Gimenes2
Patrícia Oliveira-Rebouças2

1. Granduando em Ciências Biológicas, Laboratório de Entomologia, UEFS
2. Departamento Ciências Biológicas, Laboratório Entomologia, UEFS


INTRODUÇÃO:
Caesalpinia pyramidalis, também conhecida como pau de rato, espécie endêmica da caatinga, ocorre na Bahia, Pernambuco e Alagoas. Esta planta é muito utilizada na medicina popular para os casos de febre, doenças estomacais, como diurético e como alimento para os rebanhos durante o período de escassez de chuva, além de ter sua madeira utilizada na construção civil. Embora esta espécie vegetal tenha grande importância para a comunidade do nordeste do Brasil, poucos estudos sobre a interação entre as flores e seus visitantes foram realizados. Para o gênero Caesalpinia no Nordeste foram feitos estudos com C. calycina e C. pluviosa, onde foi observado que abelhas dos gêneros Xylocopa e Centris foram os polinizadores mais eficientes e potenciais nestas flores. As abelhas constituem o principal grupo de visitantes florais que atuam como polinizadores eficientes, especialmente em plantas que ocorrem em regiões tropicais. Com poucas exceções, as abelhas necessitam diretamente de plantas com flores para obterem recursos alimentares, principalmente néctar e pólen. O objetivo deste trabalho foi estudar a fenologia, biologia floral e visitantes florais de uma população de C. pyramidalis em uma área de caatinga na Bahia.

METODOLOGIA:
O estudo foi realizado entre os meses de março/2007 a fevereiro/2008 em uma área localizada no município de Banzaê - BA (10º 35 S, 38º 37 W), a 350m de altitude. A temperatura média anual é de ca. de 24ºC e a precipitação de 700mm. As observações sobre florescimento, biologia e visitantes florais de C. pyramidalis foram realizadas mensalmente em 3 dias de observação, das 4:30 às 18:30 hs. As abelhas foram coletadas com rede entomológica, durante 10 minutos em cada planta. Após a captura as abelhas foram sacrificadas em câmara mortífera contendo acetato de etila. Para o estudo da biologia floral foram ensacados os botões em pré-antese, conforme os métodos de Dafni (1992). A receptividade do estigma foi verificada ao longo do dia em 10 flores para cada hora de observação, com a adição de uma gota de solução de peróxido de hidrogênio a 10%, na superfície deste. Para verificar a presença de osmóforos foram mergulhadas 30 flores em vermelho neutro por 45 minutos. Para verificar a presença de pigmentos que refletem o ultravioleta, foram acondicionadas 30 flores em um recipiente com vapor de hidróxido de amônia por 5 minutos. Para o estudo de fenologia 13 indivíduos de C. pyramidalis foram acompanhados durante o ano de estudo, onde foram contatos os números de flores e frutos.

RESULTADOS:
C. pyramidalis possui flores zigomorfas, com cinco pétalas amarelas, com exceção de uma pétala, a estandarte, que também apresenta manchas vermelhas em suas nervuras, segundo Faegri & van der Pijl (1979), as flores com essas características são classificadas como melitófilas. A abertura das flores é diurna e inicia-se por volta das 4:30 h, prolongando-se até às 6:50 h. O estigma mantém-se receptivo desde o botão em pré-antese até o final do dia. As flores ficavam abertas por um dia e no final da tarde as pétalas começavam a murchar. As flores apresentaram osmóforos em diversos pontos distribuídos aleatoriamente nas pétalas. Os pigmentos que refletem ultravioleta estão localizados nas anteras, nas sépalas e nas pétalas. O pico de florescimento de C. pyramidalis ocorreu em fevereiro/2008, transição para a estação chuvosa e o pico de frutificação ocorreu em setembro/2007, ao final da estação chuvosa. As flores foram visitadas por 14 espécies de abelhas, sendo a maior parte pertencente à família Apidae, conforme foi observado em outros trabalhos já realizados na caatinga (Aguiar et al., 1995 e Aguiar, 2003). Xylocopa frontalis, Xylocopa griscenses, Centris fuscata, C. trigonoides e C. tarsata foram as abelhas mais freqüentes nas flores de C. pyramidalis.

CONCLUSÕES:
C. pyramidalis é uma espécie muito importante, tanto para a população humana que vive na região nordestina, quanto para os visitantes florais, pois fornece pólen e néctar, também nos meses com pouca chuva. Pelos testes realizados sobre biologia floral de C. pyramidalis verificamos que esta é uma espécie melitófila. Também foi observado que abelhas de grande porte e comuns no nordeste como Xylocopa frontalis e Xylocopa grisescens, seguida das espécies do gênero Centris foram as espécies de abelha que visitaram as flores de C. pyramidalis com maior freqüência e foram considerados polinizadores em potencial destas flores. C. pyramidalis e as abelhas apresentam uma relação mutualista onde, ao coletarem os recursos florais (néctar e pólen), transferem o pólen de uma flor para outra, o que garante a variabilidade genética das populações de C. pyramidalis, assegurando dessa forma a manutenção de espécies endêmicas e a biodiversidade da caatinga.

Instituição de fomento: bolsa de Iniciação Científica PROBIC/UEFS

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  melitofilia, Apidae, interação abelha-flor

E-mail para contato: biomurilodantas@gmail.com