60ª Reunião Anual da SBPC




A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 7. Química Orgânica

ANÁLISE QUANTITATIVA DO CARBONO ORGÂNICO EM SERRAPILHEIRA EM ECOSSISTEMAS DE VÁRZEA E DENDEZAL.

ROSE LUIZA MORAES TAVARES1
CARLOS AUGUSTO CORDEIRO COSTA1
SUELEM CRISTINA NUNES1
ERIKA KZAN DA SILVA1

1. UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA


INTRODUÇÃO:
O húmus, produto da transformação da matéria orgânica por microorganismos, é considerado um excelente condicionar do solo devido aos inúmeros efeitos que exercem sobre suas propriedades. O húmus diminui a densidade do solo, tornando-o mais leve, e aumenta a porosidade, a aração, a permeabilidade à água, a resistência a erosão e a capacidade de armazenamento de água. Contribui, ainda, para aumentar a CTC (capacidade de traça catiônica) do solo, permitindo que retenha maiores quantidades de nutrientes de planta, e para aumentar seu poder tampão, o que lhe confere maior estabilidade do pH. Uma das propriedades principais da matéria orgânica, é sem dúvida, a de fornecer elementos essenciais ao desenvolvimento e produção dos vegetais. A riqueza de nutrientes depende, entre outras coisas, da composição química e mineralógica do solo. Entretanto, esta propriedade da substância húmica em fornecer nutrientes, não se prende somente as concentrações que contenham estes elementos, mas em particular ao ambiente e a facilidade com que se formam e como são assimilados pelos vegetais. Nesse sentido, o objetivo do trabalho foi realizar uma análise comparativa do teor de C orgânico e grau de humificação entre serrapilheira de várzea e dendezal, e como as amostras analisados podem contribuir para a fertilidade do solo.

METODOLOGIA:
Levando em consideração o descrito por Schnitzer e Khan (1989), foi desenvolvido no Laboratório de Húmus e Ecologia Química da Universidade Federal Rural da Amazônia o presente trabalho. As amostras de serrapilheiras analisadas foram coletadas em ecossistema de várzea e área de dendezal. Inicialmente, as amostras foram peneiradas e depois de secas em estufa com circulação forçada, colocou-se 10g em 50 recipientes de vidro, adicionando-se 400 ml de KOH a 0,5N em cada recipiente. O segundo passo foi levar os recipientes para máquina de agitação horizontal por 1h, obtendo-se substâncias húmicas. A partir daí, procedeu-se a separação do ácido fúlvico e do ácido húmico em proveta de 200 ml, adicionando-se HCl até pH próximo a 2. Posteriormente foi analisada a média da razão AF:AH para as duas amostras, em seguida determinou-se a densidade utilizando-se 10 ml de ácido fúlvico em cadinhos de porcelana, os quais foram colocados em placa aquecedora até o ponto de secagem. Em seguida, procedeu-se o cálculo médio da densidade do ácido fúlvico. Os cadinhos com ácido fúlvico em ponto de secagem foram colocados em mufla de bancada (capacidade máxima de 5 cadinhos) a uma temperatura de 300 graus no período de uma hora, calculando-se posteriormente o teor de cinzas do ácido fúlvico. Em seguida, foram preparadas 10 sub-amostras para cada tratamento, efetivando-se as análises do teor de MO e Corg, segundo Schnitzer e Khan (1989).

RESULTADOS:
As análises mostraram diferentes teores de C org nas duas amostras. A amostra de várzea apresentou bom teor médio de C org de 2,25 g. kg -1, valor que indica boa concentração de carbono no solo, além disso, a razão média AH/AF; ácidos orgânicos formados de carbono no solo para essa amostra foi de 1/14,28, confirmando rápida decomposição da matéria orgânica, já contribuindo na liberação de nutrientes que serão adsorvidos nos colóides do solo através do processo de ciclagem de nutrientes. Na amostra coletada em área de dendezal, a razão AH/AF obtida foi de 1/10,3, indicando que o carbono orgânico no solo (3,10 g. kg -1) está em avançado processo de decomposição, propiciando com mais eficiência a reposição de nutrientes no solo, fato possivelmente favorável às condições ambientais em que se encontravam o material, integralmente sobre ação direta de radiação solar, alta umidade e constantes chuvas.

CONCLUSÕES:
Sabe-se que para o desenvolvimento das plantas é necessária uma concentração adequada de elementos químicos, adsorvidos em substâncias húmicas. Para que os vegetais possam utilizar a matéria orgânica, torna-se necessária a transformação das complexas moléculas minerais em compostos humificados, solúveis na solução do solo. Foi observado então, que a amostra coletada em área de dendê apresentou maior grau de decomposição da matéria orgânica, propiciando a ciclagem de materiais, ou seja, está repondo nutrientes para o ambiente, essenciais para o ciclo biogeoquímico, pois a medida em que a matéria orgânica vai sendo decomposta, húmus vai sendo continuamente formado. O mesmo acontecendo em uma escala pouco menor com amostra de várzea. O teor de C orgânico foi maior para a amostra de várzea, visto se tratar de um ambiente aluvial que contém considerável material orgânico provindo de sedimentos carreados pelas águas dos rios, no caso específico água do rio Marajó-Açú em Ponta de Pedras/PA.



Palavras-chave:  Carbono orgânico, Humificação

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