60ª Reunião Anual da SBPC




H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 5. Teoria Literária

CORREIO FEMININO: MIGRAÇÕES CLARICEANAS

Karla Daniella Brito de Carvalho1
Prfª Dra. Antonia Torreão Herrera1

1. Universidade Federal da Bahia


INTRODUÇÃO:
O trabalho “Correio Feminino: Migrações Clariceanas” está inserido no Projeto "O ESCRITOR E SEUS MÚLTIPLOS: MIGRAÇÕES" que tem por objeto o estudo do perfil de escritores que conjugam a atividade criadora com a atividade teórico-crítica, associada a uma prática acadêmica, a partir da análise de seus textos de natureza diversas, inclusive documentos, aulas públicas, trabalhos acadêmicos, dados autobiográficos, entrevistas, linhas de pesquisa, leituras, formação de grupos, vídeos e arquivos pessoais. Estudam-se, ainda, as marcas presentes nos diferentes tipos de discurso, suas aproximações e distanciamentos. Esses elementos conduzem a uma reflexão teórica acerca das fronteiras do ficcional, das questões relativas à autobiografia, ao processo criador e à escrita literária. Como se trata de uma pesquisa na área da Teoria da Literatura, embora o projeto privilegie o estudo de escritores que desenvolvem uma atividade teórica, crítica e acadêmica, ele prevê também a vinculação de projetos que tratem dos processos migratórios e das diferentes formas de atuação e de representação de intelectuais, sem que ele exerça uma atividade acadêmica, no qual esse trabalho em especial, mostra-se como uma interface do projeto maior e visa pensar os diversos lugares de fala da mesma enquanto escritora, autora, crítica e intelectual. Neste, o lugar de fala da escritora nos heterônimos que assume como jornalista de coluna feminina nos jornais Comício, Correio da Manhã e Diário da noite.

METODOLOGIA:
A pesquisa é de caráter analítico e bibliográfico, busca fazer leitura e fichamento do romance Correio feminino de Clarice Lispector e de textos teórico/críticos mediante os quais serão feitas reflexões teóricas acerca dos mesmos para que seja possível pensar as migrações da escritora Clarice Lispector nos discursos heteronônimos da jornalista Clarice Lispector e a produção de ensaio e produção de pôster.

RESULTADOS:
O estudo da obra propiciou a reflexão teórica acerca dos diversos lugares de fala de Clarice Lispector enquanto escritora, autora, jornalista, crítica e intelectual, embora a mesma não se reconheça como tal. Aqui, em Correio feminino, é a jornalista sob seus heterônimos quem fala, seja em Comício sob o pseudônimo dado por Rubem Braga de Tereza Quadros, por alguns meses do ano de 1952, seja Helen Palmer no segundo caderno do Correio da Manhã de agosto de 1959 a fevereiro de 1961 com 128 edições, seja ghost writer da atriz e manequim Ilka Soares no Diário da Noite de abril de 1960 a março de 1961, 291 colunas de página inteira. Foi possível marcar tais discursos, autoral, crítico, intelectual sob a face da jornalista responsável inclusive pela diagramação de sua própria página. É na intersecção discursiva aqui elencadas que Clarice aparece para além da introspecção e hermetismo em que muitos a reconhecem, é na multiplicidade de si que medio este texto: Clarice e seus múltiplos.

CONCLUSÕES:
Mediante o estudo exegético do texto Correio feminino de Clarice Lispector, textos teóricos e reflexões construídas a partir de discussões com minha orientadora foi possível pensar Clarice Lispector para além da escritora, autora, mas como jornalista de página feminina que se coloca atenta às demandas de seu público, mas que também aí, neste discurso despropositado, emerge como a Clarice teórica, crítica, ensaísta sob a máscara dos heterônimos, com os quais assina páginas femininas dos jornais Comício, Correio da manhã e Diário da noite numa perspectiva múltipla de si mesma.

Instituição de fomento: MEC-SESU



Palavras-chave:  Migrações, Heterônimos, Clarice Lispector

E-mail para contato: dannikarla@yahoo.com.br