60ª Reunião Anual da SBPC




H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 2. Literatura Comparada

MEMÓRIA E IDENTIDADE CULTURAL: UM ESTUDO A PARTIR DA HISTÓRIA DO PARQUE SÃO BARTOLOMEU

JOCEVALDO LOPES SANTIAGO1
RACHEL ESTEVES LIMA2

1. Uiversidade Federal da Bahia -UFBA
2. Profª.drª. Literatura comparada - UFBA - Orientadora


INTRODUÇÃO:
Essa pesquisa é parte integrante do projeto Memória, diversidade e gestão social, que o grupo PET-Letras desenvolve no subúrbio ferroviário de Salvador, numa perspectiva de pesquisa e ações sócio-educacionais e culturais. Pretende-se pensar o Parque São Bartolomeu/Pirajá como referência da memória da ancestralidade africana na Bahia que, segundo como quer Gey Espinheira, já se constituiu “um lugar de baianidade”. A partir da idéia de que a memória é cultura, e a cultura é formadora de identidades, busca-se investigar como a memória do Parque são Bartolomeu é utilizada enquanto bem imaterial no processo de revitalização do mesmo. Partimos, portanto da perspectiva de Nestor Garcia Canclini que concebe a “cultura como um tipo particular de atividade produtiva, cuja finalidade é compreender, reproduzir e transformar a estrutura social”. Após pesquisa bibliográfica, verificamos que a memória selecionada para o movimento em defesa do Parque não só refere-se à ancestralidade afro-indígena, como também não está dissociada dos seus descendentes que lutam por essa preservação. Neste caso, a memória potencializa a formação identitária e cultural das populações adjacentes ao Parque. É com o objetivo de contribuir com esta renovação que esta pesquisa se faz necessária.

METODOLOGIA:
O projeto teve como objetivo pesquisar o histórico das lutas travadas na região do Parque São Bartolomeu, com vistas à realização de oficinas de criação de cordéis e de raps a partir do levantamento dos acontecimentos que tiveram o Parque como referência. Isto é, faremos a junção de duas modalidades discursivas que, segundo Nelson Maca e Gilmar de Carvalho, possuem constituição hibrida e uma história ligada à população carente de bens materiais, além de serem duas narrativas orais com grande inserção no meio urbano. Constatamos, porém, durante a pesquisa bibliográfica e o contato com moradores e líderes comunitários, que a construção da memória oficial do Parque estava dissociada das lutas travadas pela população local no São Bartolomeu. Daí, o objetivo da pesquisa passou a privilegiar a memória ligada à resistência da população afro-indígena. A memória cultural, nesse sentido, não segue uma perspectiva etnocêntrica, mas sim, segundo Muniz Sodré, a diversidade com possibilidade de “trocas simbólica”. Os resultados do trabalho desenvolvido deverão ser apresentados no evento Memória Viva do Parque São Bartolomeu, a ser realizado em junho de 2008, buscando-se contribuir para o processo de valorização da identidade dos moradores da região.

RESULTADOS:
O trabalho foi subdividido em duas partes, uma teórica e outra prática. Na pesquisa teórica, buscou-se fazer um levantamento bibliográfico sobre a história do Parque, assim como de textos sobre o conceito de cultura, oralidade e sobre os gêneros discursivos cordel e rap. Na segunda parte, passamos a participar das aulas de rap promovidas pelo Movimento de Cultura em Plataforma, na condição de aprendizes. Durante os encontros percebemos que o objetivo do curso visa não apenas à produção de música, mas também à formação cidadã. No primeiro encontro com o grupo, sugerimos criarmos cordel e rap com a história da comunidade. Entretanto, a criação de texto seria inviabilizada porque os alunos, na maioria, ainda não sabem ler, nem escrever. Apresentamos o que é a literatura de cordel, e propusemos fazer RAPente. Então levamos o rap, desafio no rap embolada cantada pelo rapper Thaíde e Nelson Triunfo para mostrar que seria possível produzir música mesclando o repente e o freestyle. A pesquisa prossegue com levantamento do material necessário para a produção da canção a ser apresentada em primeira mão no evento Memória Viva do Parque São Bartolomeu: entrevistas com moradores, conversas informais com pessoas que moram na região, material impresso, etc.

CONCLUSÕES:
Participação no processo de construção da memória do subúrbio de Salvador; conscientização dos envolvidos no Projeto quanto à necessidade de construção de uma "história vista de baixo", uma história de pequenos relatos que produzem grandes mudanças; participação das comemorações do dia de São Bartolomeu, realizadas no Parque pelo Instituto Cultural Cabricultura e Movimento de Cultura; aprendizado sobre rap, cordel e sobre a história do Parque São Bartolomeu; apresentação de poster do Projeto na II Semana de Letras; apresentação de ensaios acadêmicos com os resultados parciais da pesquisa no SePesq.

Instituição de fomento: MEC/SESu



Palavras-chave:  Identidade, Cultura, Memória

E-mail para contato: jo.akotan@hotmail.com@hotmail.com