60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

A sexualidade é uma das dimensões do ser humano que envolve gênero, identidade sexual, orientação sexual e reprodução. É expressa em pensamentos, desejos, atitudes, relacionamento e crenças. Devido à repressão que a maioria de nossos pais sofreu, debaixo de regimes autoritários, e cuja sexualidade era reprimida, sem receber informação por parte de sua família e às vezes, as informações que se tinham se limitavam às aulas de ciência com o corpo humano, tornou-se uma geração reprimida, fortalecendo uma barreira em volta do tema sexualidade. Nos dias atuais, com a vulgarização da sexualidade mostrada nos diferentes meios de comunicação e os problemas causados pela falta de informação e prevenção de DST’s, AIDS e da gravidez indesejada, faz-se necessário debater o assunto nas deferentes instituições como forma de orientação. Este trabalho é resultado do projeto de extensão “Orientação Sexual” do Departamento de Educação, Campus XII da Universidade do Estado da Bahia, desenvolvido no Projeto Social “Tempero Verde”, situado num bairro periférico da Cidade de Guanambi-Bahia e objetivou debater, refletir, informar e discutir a questão da sexualidade nos seus diversos aspectos, considerando que os adolescentes e jovens vivem intensos processos de socialização e de formação, estabelecendo contato com a diversidade cultural, social e econômica do país, da sua cidade e seu bairro.

METODOLOGIA:

O percurso do trabalho foi delineado através de aulas expositivas, participativas, dialógicas com conteúdos pertinentes aos temas da sexualidade como: DST’s, aborto, gravidez, iniciação sexual, métodos anticoncepcionais e contraceptivos. As aulas foram baseadas nos níveis de aprendizado do grupo, bem como as suas possibilidades de compreensão. Os temas foram abordados de maneira clara e simples, para facilitar o aprendizado dos/as alunos/as. Além de fazer uso de diversas dinâmicas para uma socialização mais interessante e divertida das questões trabalhadas. Procurou-se contextualizar as temáticas, utilizando-se de fotos/imagens, filmes como “O Tempo Não Pára” – Que relata a história de Cazuza e trabalha também vários conflitos da juventude bem como o homossexualismo, relacionamentos abertos, Aids e outros. O público alvo foi muito heterogêneo desde a idade dos jovens (13 a 18 anos), até a relação do gênero, escolaridade, instituição de ensino, bairro, entre outros. Os encontros aconteciam todas as terças-feiras, no turno vespertino num período de três meses. Os/as alunos/as participaram diretamente da proposta implantada, discutindo os conteúdos abordados em cada encontro.

RESULTADOS:

Foi perceptível inicialmente a “vergonha” ou barreira por parte dos/as adolescentes e jovens em falar sobre sexualidade. Por desconhecimento do tema ou até mesmo do próprio corpo, como por exemplo, não saber o que é sêmen, informação que já deveria ter sido transmitida pelas instituições de ensino, em matérias básicas como Biologia e Ciências. Outras inquietações são mais específicas ao ato sexual: “Na primeira relação não engravida?” “A AIDS passa no beijo?”. Ou seja, pelo “tabu” ainda existente acerca do sexo, sobre o qual dificilmente é tratado e quando é, na maioria das circunstâncias acontece em “rodas” de amigos, visto assim como algo pecaminoso e indecente. Porém, com o continuar do projeto, os/as adolescentes já se mostravam participantes dos debates e brincadeiras realizadas. Tirando sempre suas dúvidas, com um interesse especial sobre o tema que até então tinha sido pouco trabalhado. Ao final dos encontros, eles/as se tornaram mais aptos a falar sobre sexualidade, menos vergonhosos e mais esclarecidos acerca dos diversos temas tratados. Era notável no final dos encontros a criticidade em relação à sociedade e menos preconceito com a opção sexual do outro. Além de conscientes e informados de como praticar sexo com responsabilidade.

CONCLUSÕES:

Ao longo do projeto foi demonstrado que sexualidade vai além do ato de praticar sexo, sendo algo natural e não um ato pecaminoso do homem. Ficou explícito também os riscos que o jovem corre quando não se previne: gravidez, AIDS e outras DST’s. Portanto, os encontros foram valiosos, contribuíram de forma significativa para a quebra de barreira do desconhecimento e timidez por parte dos/as jovens que participaram. Além da continuidade das informações transmitidas e experiências trocadas entre a equipe em questão, colocando os/as adolescentes como protagonistas, multiplicadores/as e atuantes no processo de aprendizagem, demonstrando preocupação com o auto-cuidado e o respeito à diversidade.

Instituição de fomento: Universidade do Estado da Bahia

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: Juventude, Sexualidade, Prevenção

E-mail para contato: goncalves.daiana@bol.com.br