60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal

A IMPORTÂNCIA DAS PLANTAS MEDICINAIS PARA OS USUÁRIOS DO IGG

Mariana Reis de Brito1
Luci de Senna-Valle1

1. MN/UFRJ
2. MN/UFRJ


INTRODUÇÃO:
O Programa de Fitoterapia da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, criado em 1992, realiza diversas atividades com grupos de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) em 10 Unidades de Saúde do Município. Uma das atividades é a participação nos trabalhos realizados nas hortas medicinais mantidas pelo Programa que situam-se nas dependências das Unidades de Saúde. Os usuários utilizam-se das plantas cultivadas e beneficiadas como matéria prima vegetal para a preparação de chás, temperos e na confecção de oficinas artesanais. A horta exerce um importante papel, pois é utilizada como instrumento que favorece a discussão sobre Educação Ambiental e Educação em Saúde. Esta pesquisa tem como objetivo realizar um levantamento etnobotânico das plantas utilizadas medicinalmente pelo grupo de 25 usuários do Instituto Municipal de Geriatria e Gerontologia Miguel Pedro (IGG), localizado no bairro de Vila Isabel, RJ, com o intuito de revalorizar o conhecimento tradicional.

METODOLOGIA:
A primeira etapa do trabalho dedicou-se à socialização, ou seja, ao processo de integração social (informantes X pesquisador). Após esta fase, foram realizadas visitas quinzenais ao IGG durante os anos de 2005 e 2006. A coleta de dados consistiu na realização de entrevistas estruturadas e semi-estruturadas e no cultivo, coleta, identificação e herborização das espécies vegetais indicadas pelos usuários que não constavam no elenco de plantas empregadas no Programa de Fitoterapia. Todo material herborizado foi depositado no Herbário do Museu Nacional (R). Para cada espécie são apresentados: nome científico e popular; origem; descrição morfológica; uso popular; forma de preparo e dados fitoquímicos e farmacológicos. As indicações terapêuticas das plantas citadas foram decodificadas e agrupadas de acordo com o sistema biomédico convencional, seguindo a “Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde” (CID-10) da OMS. A análise quantitativa dos dados etnobotânicos foi feita através da aplicação dos índices de importância relativa (IR) (Bennet & Prance, 2000) e nível de fidelidade (FL) (Friedman et al., 1986). O valor de FL encontrado foi multiplicado por um fator de correção (RP), encontrando-se o valor de “Prioridade de Ordenamento” (ROP).

RESULTADOS:
O levantamento etnobotânico realizado compreendeu 25 entrevistas. Dentre os informantes, 84% pertencem ao sexo feminino e apenas 16% ao sexo masculino. Quanto à faixa etária, situavam-se entre 62 e 83 anos. Na horta do IGG foram cultivadas 53 plantas medicinais, destas 15 estão no elenco das utilizadas pelo Programa e as outras 38 foram trazidas pelos usuários. Estas pertencem a 23 famílias botânicas e encontram-se distribuídas em 33 gêneros. As famílias com o maior número de espécies são: Lamiaceae (9), Euphorbiaceae (4) e Asteraceae (3). Os componentes das plantas mais empregados foram as folhas (196 citações), seguido das flores (46 citações). As indicações terapêuticas foram agrupadas em 13 categorias de doenças segundo a CID-10 da OMS. As mais citadas foram: doenças do aparelho digestivo (75 indicações), e doenças do aparelho geniturinário (47 indicações). A espécie Solanum torvum (Jurubeba), foi a que apresentou o maior valor de IR (2,0), seguida de Solidago microglossa (arnica) e Kalanchoe brasiliensis (Saião), ambos com 1,3. Costus spicatus (Cana-do-brejo) e Phyllanthus tenellus (Quebra pedra) foram as plantas com os maiores valores de ROP (100,0) e Eugenia uniflora (Pitanga) e Mentha pulegium (Poejo) os menores, 6,7 e 8,0 respectivamente.

CONCLUSÕES:
Este estudo possibilitou que novas plantas medicinais fossem cultivadas na horta para que no futuro, após pesquisas de certificação, possam ser utilizadas com segurança na sua forma tradicional ou manipuladas e transformadas em novos medicamentos nas oficinas farmacêuticas do Programa de Fitoterapia para serem dispensados aos usuários do SUS. Foi constatado que os informantes utilizam plantas tóxicas ou que possuem alguma contra-indicação. Portanto, torna-se urgente a divulgação dos conhecimentos necessários ao uso racional das plantas medicinais. Foi escolhida como devolução do trabalho para o grupo a confecção de uma cartilha que contribuirá para a disseminação das informações sobre os efeitos terapêuticos e tóxicos além de valorizar o saber tradicional e como recurso para promoção em saúde.

Instituição de fomento: CNPQ

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Plantas medicinais, SUS, IGG

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