60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 3. Fitossanidade

REGISTRO DE MANCHA ALVO [CORYNESPORA CASSIICOLA (BERK. & CURTIS) WEI] EM PEPINO (CUCUMIS SATIVUS L.) CV. IGARAPÉ EM SISTEMA CONVENCIONAL NO ESTADO DO PARÁ

João Fernandes da Silva Júnior1
Paulo Cézar das Mercês Santos1
Thyago Magnun Amorim Monteiro1
Sueny Kelly Santos de França1
Iolanda Maria Soares Reis1
Francisco Carlos de Oliveira1

1. Universidade Federal Rural da Amazônia-UFRA.


INTRODUÇÃO:
O pepino (Cucumis sativus L.) pertence à família Curcubitaceae. É uma hortaliça fruto, de clima tropical, sendo preferido o seu cultivo em condições de temperatura elevada, mas pode ser cultivada nas regiões de temperatura amena, onde não ocorram frio e geada. O consumo do pepino é feito basicamente na forma de salada, mas existe outras formas de consumo, como em conserva. O pepino contém 95% de água; é rico em betacaroteno, folacina, cálcio, magnésio, potássio, fósforo e selênio. O pepino, assim como outras espécies olerícolas que são cultivadas no Estado do Pará estão sujeitas ao ataque de fitopatógenos, em função das condições ambientais favoráveis encontradas na região durante a maior parte do ano, como longos períodos de chuvas e temperaturas quentes. Segundo a literatura, já foi observada diversas doenças na cultura do pepineiro, como oídio (Sphaerotheca fuliginea), antracnose (Colletotrichum gloeosporioides f. sp. cucurbitae), cancro das hastes ou podridão de micosferela (Pythium irregulare e Pythium aphanidermatum), míldio (Pseudoperonospora cubensis), mancha-angular (Pseudomonas syringae pv. lachrymans), mancha zonada (Leandria momordicae), vírus da mancha-anelar do mamoeiro (Papaya ringspot virus, PRSV) e mancha de corinespora (Corynespora cassiicola). O objetivo desse trabalho foi identificar o agente etiológico de manchas foliares em pepino cv. igarapé em sistema convencional no Estado do Pará

METODOLOGIA:
Em fevereiro de 2008, no Núcleo de Capacitação e Pesquisas em Horticultura da Universidade Federal Rural da Amazônia-UFRA (Belém-PA) foram observadas lesões foliares em planta de pepino cv. igarapé em sistema convencional. Os primeiros sintomas da doença surgiram logo após o transplante para o campo, inicialmente com pequenos pontos, de coloração clara, que evoluem para manchas angulares, com o centro de cor palha e pequeno halo amarelo claro, que crescem até 2 cm de diâmetro. Posteriormente, as manchas crescem, tomando formato arredondado, de coloração castanho-claro a castanho-escuro e bordos encharcados de coloração olivácea. O coalescimento das manchas pode provocar seca do limbo foliar e, consequentemente, a desfolha nas plantas. O isolamento do fungo deu-se no Laboratório de Fitopatologia da referida universidade, onde fragmentos de tecido foliar, retirados da zona de transição entre a parte doente e sadia, foram lavados por 2 minutos em álcool 70% e, posteriormente, desinfestados com hipoclorito de sódio a 2%, durante um minuto. Os fragmentos foram lavados duas vezes em água destilada esterilizada (ADE) e plaqueados em meio de cultura Batata-Dextrose-Ágar (BDA) + estreptomicina. Em seguida, incubados a 26 ± 2 ºC, sob alternância luminosa fornecida por lâmpadas fluorescentes (12 h de claro/12 h de escuro). Para o procedimento do teste de patogenicidade, folhas sadias foram inoculadas com estruturas do patógeno cultivado por sete dias em meio BDA, com a deposição de disco de micélio de 5 mm na face abaxial e adaxial das folhas, que foram mantidas sob condições de umidade saturada por 48 horas. Decorrido esse período, foram deixadas nas condições ambientais de laboratório.

RESULTADOS:
Nos isolamentos realizados a partir dos fragmentos de tecido infectado foram obtidas culturas de uma única espécie fúngica. As colônias caracterizaram-se por apresentar coloração cinza, com micélio aéreo de aspecto aveludado e cotonoso. O patógeno produz conidióforos eretos, ramificados, com até 20 septos, de coloração marrom, medindo 44-350 x 4-11 µm, com os conídios emergidos isolados ou em cadeia de dois a seis, de cor amarronzada, alargados na base, retos ou ligeiramente curvos, possuindo de dois a vinte septos e medindo de 13-84 µm de comprimento e 7-22 µm de largura. Considerando a morfologia exibida no cultivo, o referido fungo pertence à espécie Corynespora cassiicola (Berk. & Curtis) Wei, agente causal da mancha alvo em várias culturas agronomicamente importantes. O nome da doença se deve às pontuações mais escuras no centro e halos amarelos presentes nas manchas, que lembram o formato de um alvo. C. cassiicola foi anteriormente relatado no Estado do Pará causando mancha-alvo em juta, cacau, tomate em cultivo convencional, hortência, pimenta longa, acerola, mamão, alface, além de pepino hidropônico. As folhas inoculadas artificialmente com a deposição de disco de micélio apresentaram os primeiros sintomas quatro dias após a inoculação do patógeno. As folhas inoculadas manifestaram sintomas semelhantes àqueles observados nos tecidos infectados naturalmente. O reisolamento do patógeno dos tecidos infectados, resultantes da inoculação artificial e o aparecimento dos sintomas, confirmaram ser C. cassiicola o agente causal da doença mancha alvo nas folhas de pepino, comprovando, dessa forma, os princípios dos postulados de Koch.

CONCLUSÕES:
O fungo C. cassiicola é o agente etiológico da doença conhecida como mancha alvo em pepino convencional. Este trabalho constitui o primeiro relato do fungo em plantas de pepino cv. igarapé em cultivo convencional no Estado do Pará.



Palavras-chave:  pepino, Corynespora cassiicola, mancha alvo

E-mail para contato: pcmerces@bol.com.br